Radar: mercado aguarda discurso de Jerome Powell, presidente do Fed (Chip Somodevilla/Getty Images)
Repórter de finanças
Publicado em 26 de setembro de 2024 às 08h11.
Última atualização em 26 de setembro de 2024 às 08h15.
Os mercados internacionais operam com otimismo na manhã desta quinta-feira, 26. Nos Estados Unidos, os índices futuros sobem, com destaque para Nasdaq. O índice avança mais de 1,4% impulsionado pelas ações da fabricante de semicondutores Micron Technology, que subiu 14% no after market depois de divulgar projeções otimistas de resultados.
Na Ásia, o principal órgão decisório do Partido Comunista da China, o Politburo, prometeu intensificar o apoio monetário e fiscal no país, dois dias após o Banco Popular da China (PBoC, banco central chinês) anunciar um agressivo pacote de medidas de estímulo.
Com o aceno, as bolsas chinesas e de outras partes da Ásia subiram fortemente. O CSI 300, índice que replica o desempenho das 300 principais ações negociadas na Bolsa de Valores de Xangai e na Bolsa de Valores de Shenzhen, encerrou o pregão com valorização de 4,2%.
Na esteira dos movimentos da Ásia, as bolsas da Europa também abriram em alta, com Euro Stoxx 50 valorizando 1,7%.
Investidores repercutem, nesta manhã, o Relatório Trimestral de Inflação (RIT) divulgado pelo Banco Central (BC). O documento vem após a inflação de setembro surpreender o mercado, com os números bem melhores do que o esperado.
O Índice de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15) avançou 0,13% no mês, enquanto a estimativa apontava para uma alta de 0,28%. Com isso, a taxa de juros futuros de 10 anos caiu 3 pontos-base (bp), a 12,22%. A NTN-B longa ficou estável, pagando inflação + 6,42%.
Um dos pontos destacados por analistas como positivo foi os serviços subjacentes, métrica frequentemente destacada pelo BC, que tiveram um desempenho benéfico não visto desde o início da pandemia. Além dos serviços, itens específicos, como cinema e seguro de veículos, também colaboraram para o arrefecimento da inflação neste mês.
A surpresa ocorre em um momento em que os dirigentes do BC afirmaram, na ata do Comitê de Política Monetária (Copom), que o cenário econômico demanda uma política monetária “mais contracionista”, deixando a porta aberta para aumentar o ritmo de alta da taxa de juros do país.
Agora, o RIT deve ajudar a calibrar as apostas sobre a duração desse ciclo de aperto monetário por aqui. Na sequência, para comentarem o relatório, Roberto Campos Neto, presidente do BC, e Diogo Guillen, diretor da autoridade monetária, participam de coletiva de imprensa sobre política monetária, às 11h.
Além do RTI, as atenções se voltam para o mercado de trabalho, com a publicação do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) e a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio Contínua (PNAD) amanhã. Hoje haverá ainda a divulgação do Relatório Mensal de Dívida Pública pelo Tesouro.
Já nos Estados Unidos, destaque para a divulgação, pelo Departamento do Comércio, da leitura final do Produto Interno Bruto (PIB) do segundo trimestre de 2024. A segunda prévia, divulgada no dia 29 de agosto, apontou que o PIB americano aumentou a uma taxa anual de 3% no período, ante a expectativa do mercado de 2,8%.
Na época, investidores também receberam de forma positiva os números mais fortes que o esperado, já que afastaram o temor de recessão dos EUA. Entretanto, o corte mais agressivo do Federal Reserve (Fed, banco central americano) na última semana levantou a dúvida novamente. Agora, a terceira leitura poderá ajudar a descartar esse medo.
Para além dos dados, durante a manhã, investidores também aguardam o discurso de Jerome Powell, presidente do Fed, que poderá trazer mais pistas sobre o rumo da política monetária por lá. As falas estão previstas para iniciarem às 10h20.