Economia

Ata do Copom sinaliza política monetária "contracionista" e aceleração do ritmo de alta da Selic

Colegiado deixou a porta aberta para uma aceleração do ciclo de alta na próxima reunião

André Martins
André Martins

Repórter de Brasil e Economia

Publicado em 24 de setembro de 2024 às 08h48.

Última atualização em 24 de setembro de 2024 às 08h51.

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Os membros do Comitê de Política Monetária (Copom) sinalizaram em ata divulgada nesta terça-feira, 24, pelo Banco Central (BC) que o cenário econômico demanda uma política monetária “mais contracionista” e deixaram a porta aberta para aumentar o ritmo de alta da taxa de juros do país.

O cenário, marcado por resiliência na atividade, pressões no mercado de trabalho, hiato do produto positivo, elevação das projeções de inflação e expectativas desancoradas, demanda uma política monetária mais contracionista”, diz o comunicado.

Os diretores afirmam ainda que todos concordaram em iniciar o ciclo de alta de forma gradual, principalmente pelo contexto de incertezas domésticas e externas, mas sem definir qual será o ritmo, sinalizando para alta de 0,50 ponto percentual já na próxima reunião.

“O ritmo de ajustes futuros na taxa de juros e a magnitude total do ciclo ora iniciado serão ditados pelo firme compromisso de convergência da inflação à meta e dependerão da evolução da dinâmica da inflação, em especial dos componentes mais sensíveis à atividade econômica e à política monetária, das projeções de inflação, das expectativas de inflação, do hiato do produto e do balanço de riscos”, afirma o Copom em ata.

Na explicação sobre a decisão que elevou a Selic em 0,25 ponto percentual, para 10,75% ao ano, os diretores do comitê afirmaram que o cenário marcado pela evolução do processo de desinflação, a política fiscal expansionista do governo e a conjuntura internacional desafiadora, explicam a estratégia de alta de juros para a convergência da inflação para o redor da meta ao longo do horizonte.

“Sem prejuízo de seu objetivo fundamental de assegurar a estabilidade de preços, essa decisão também implica suavização das flutuações do nível de atividade econômica e fomento do pleno emprego”, acrescenta.

A ata acrescenta que o cenário externo está mais "benigno" na comparação última reunião do Copom em razão do início do ciclo de cortes de juros nos Estados Unidos.

Mercado aposta em ciclo de 1,5 ponto percentual

Após a alta de 0,25, o mercado financeiro passou a apostar com mais força que o Copom irá acelerar o ritmo de alta de juros na próxima reunião.

No mercado de opções da B3, investidores precificam nesta terça-feira uma probabilidade de 65,25% de que o Copom eleve a taxa de juros em 0,50 ponto percentual na decisão de novembro. Na véspera da última reunião, a chance estimada era de 55%.

Itaú, BTG Pactual (do mesmo grupo controlador da EXAME) e Bank of America apontam para um ciclo de 1,5 ponto percentual, com mais duas altas de 0,50 pontos e uma de 0,25.

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