Ministro da Economia, Paulo Guedes | Foto: Marcos Corrêa/PR/Flickr (Marcos Corrêa/PR/Flickr)
Bloomberg
Publicado em 13 de outubro de 2021 às 09h46.
Última atualização em 13 de outubro de 2021 às 11h50.
O real tem sido atingido pela incerteza de investidores em relação às eleições presidenciais de 2022, mesmo com o aumento dos juros pelo Banco Central, forte crescimento econômico e déficit fiscal em queda, disse o ministro da Economia, Paulo Guedes.
O dólar subiu 10% frente ao real no acumulado do segundo semestre, o que deixa a moeda brasileira com o pior desempenho entre mercados emergentes depois do peso chileno. Mas, segundo Guedes, as causas são políticas, e não econômicas, disse em entrevista à Bloomberg Television na terça-feira.
Pesquisa do Datafolha publicada no mês passado mostra que Luiz Inácio Lula da Silva, do Partido dos Trabalhadores (PT), derrotaria o presidente Jair Bolsonaro por 56% a 31% em um segundo turno das eleições presidenciais em outubro do próximo ano.
A popularidade de Bolsonaro foi atingida nas últimas semanas pelo aumento dos preços ao consumidor que, de acordo com Guedes, é agora a questão mais urgente da economia.
“O crescimento não será o problema”, disse. “O problema é a inflação.”
O IPCA se acelerou para 10,3% no acumulado em 12 meses, o ritmo mais rápido em mais de cinco anos. O BC elevou a Selic em 4,25 pontos percentuais este ano para tentar frear a alta dos preços e sinalizou que os juros podem subir ainda mais.
A inflação disparou nos mercados emergentes com a flexibilização das restrições da pandemia e reabertura das economias, mas o Brasil está entre os mais atingidos sob o impacto da crise hídrica, que elevou as tarifas das contas de luz. Cerca da metade do ganho da inflação foi causada pelos custos de alimentos e energia, disse Guedes.
A economia vai crescer 5,5% este ano em uma “recuperação muito forte”, graças à campanha de vacinação no país, disse Guedes. A retomada também é impulsionada pelo investimento estrangeiro estimulado por mudanças regulatórias em setores como petróleo, gás e aeroportos, afirmou.
O déficit fiscal primário deve encolher para 1,5% do PIB e ficar próximo a zero no próximo ano, disse o ministro, acrescentando que o governo estenderá o auxílio emergencial apenas se surgir uma nova variante do coronavírus.