Governo brasileiro já está com algumas armas no forno, como a criação de uma "limitação", como impostos, para os contratos futuros de câmbio (David Siqueira/Stock.xchng)
Da Redação
Publicado em 25 de julho de 2011 às 12h59.
São Paulo - A queda do dólar abaixo de 1,55 real --suporte informal monitorado pelo governo e mercado-- reacendeu a discussão sobre novas medidas cambiais, num momento em que as incertezas no cenário externo seguem pesado sobre as decisões.
Após ameaçar romper aquele patamar ao longo de todo o mês, o dólar finalmente caiu abaixo de 1,55 real, sendo cotado cotado às 12h17 em queda de 0,77 por cento, a 1,5432 real na venda. Trata-se do menor patamar intradia desde 19 de janeiro de 1999, quando no piso a moeda cedeu a 1,520 real. Durante a manhã desta segunda-feira, o preço da moeda chegou a recuar mais de 1 por cento.
"Com o dólar rondando 1,55 real, aumentam os temores de mais medidas para conter a depreciação da moeda norte-americana", afirmou a equipe de estrategistas de câmbio para mercados emergentes do BNP Paribas, pro meio de nota.
Para estrategista-chefe da CM Capital Markets, Luciano Rostagno, é inegável que intensificação da queda do dólar aumenta mais expectativas de que o governo possa agir, mas as autoridades devem esperar alguma definição na situação internacional para tomar alguma decisão.
"A tendência de queda do dólar alimenta sim a possibilidade de o governo anunciar mais medidas. Mas a (presidente) Dilma Rousseff já deu sinalização de que mais ações precisariam ser estudadas, porque o ambiente lá fora continua cercado de incertezas", afirmou Rostagno.
"Podemos ter uma piorada no humor externo a qualquer momento. Diria para você que medida nesta semana, não. Mas talvez se houver uma melhora, se o teto de dívida dos Estados Unidos for elevado, se houver uma melhora na Europa, a gente pode ver o governo mais inclinado a agir", completou.
Uma fonte da equipe econômica do governo, inclusive, já havia dito que as autoridades ponderariam o cenário internacional antes de tomarem qualquer medida mais incisiva.
Mas que algumas armas já estavam no forno, como a criação de uma "limitação", como impostos, para os contratos futuros de câmbio.
Há cerca de duas semanas, quando o dólar ameaçou pela primeira vez desde 1999 recuar abaixo de 1,55 real, o Banco Central (BC) intensificou a cobrança de compulsório sobre posição vendida das instituições no mercado futuro. Essas apostas a favor da valorização do real são vistas pelo mercado como um dos principais elementos por trás da baixa do dólar.
Na ocasião, o BC determinou o recolhimento de um depósito compulsório sobre a posição vendida dos bancos que exceder 1 bilhão de dólares, ou que seja superior ao seu patrimônio de referência, o que for menor. Desde abril esse compulsório era recolhido sobre posição superior a 3 bilhões de dólares.
A autoridade monetária também atuou neste mês comprando dólares via leilão de swap cambial reverso, operação que funciona como uma compra futura de moeda estrangeira.
Dentre as ferramentas do governo está também o uso do Fundo Soberano, que já pode adquirir dólares diretamente no mercado à vista, embora ainda não tenha atuado no mercado. As aquisições do Fundo seriam feitas via leilões realizados pelo BC.