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Queda da Bolsa começa a abrir algumas oportunidades, diz gestor da ACE

Segundo Luiz Missagia, os preços dos ativos estão mais atrativos, mas ainda pedem certa cautela por conta dos riscos inflacionário e fiscal

Luiz Missagia, sócio-fundador e gestor de renda variável da ACE Capital | Foto: Leo Martins/Divulgação (Leo Martins/Divulgação)
PB

Paula Barra

Publicado em 4 de agosto de 2021 às 07h30.

Última atualização em 4 de agosto de 2021 às 11h26.

Depois de ter batido sua máxima histórica no dia 7 de junho (em 130.776 pontos), o Ibovespa entrou em movimento de realização de lucros. De lá para cá, acumula queda de 5,5%. Embora a turbulência ainda deva ser sentida pelos invetidores por conta dos riscos inflacionário e fiscal no radar, a correção começa a deixar alguns ativos a preços interessantes, avaliou Luiz Missagia, sócio-fundador e gestor de renda variável daACE Capital.

"Os preços estavam relativamente esticados há cerca de dois meses. Essa realização agora volta a abrir espaço para busca de oportunidades, mas obviamente com cautela", comentou o gestor em entrevista à EXAME Invest.

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Isso porque, na visão dele, apesar dos preços mais atrativos, há dois riscos, em especial, que devem ser monitorados: a pressão inflacionária, que pode levar o Banco Central a adotar uma postura mais "hawkish" do que o mercado espera, ou seja, promovendo uma elevação maior dos juros como forma de conter a inflação. "Se os juros subirem de forma demasiadamente alta, isso não vai ser bom para Bolsa".

E o segundo, a questão fiscal. "Esse é um risco adicional que apareceu com a discussão da reajuste do Bolsa Família para 400 reais. Pode ser um problema, mas ainda não temos resposta", disse o gestor. "Acreditamos que o governo terá uma certa racionalidade com o fiscal, mas é um risco a ser monitorado, inclusive porque as eleições sempre acabam puxando por mais gastos", afirmou Missagia, que tem mais de 20 anos de experiência no mercado de renda variável.

Ainda assim, no geral, ele disse que está com uma visão positiva para Bolsa, principalmente por conta das perspectivas de crescimento da economia e por acreditar que "o pior da inflação já passou".

Portanto, "acreditamos que essa é uma correção natural da Bolsa e que deixou os preços de alguns ativos atrativos, ainda mais considerando os resultados trimestrais apresentados até agora e as expectativas pela frente", afirmou.

Nas últimas semanas, o gestor contou que voltou a adicionar novas ações na carteira do fundo multimercado da casa, depois de ter reduzido bem sua exposição em renda variável em junho, quando o Ibovespa estava perto dos 130 mil pontos.

Todas as novas posições tiveram como justificativa os preços.

"Adicionamos ações ligadas à economia local, como varejo e construção civil, basicamente por preço. Achamos que algumas delas, nos preços atuais, faziam sentido. E também compramos ações de utilities [energia elétrica e saneamento básico], que já caíram bem e estão em patamares ok para esses setores", disse.

Fundado por ex-traders da mesa proprietária do Santander, o fundo multimercado da ACE Capital acumula retorno de 4,86% no ano, contra alta de 1,65% do CDI no mesmo período. Desde a criação, no fim de setembro de 2019, sobe 17%, versus valorização de 5,75% do benchmark.

 

 

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