Vladimir Putin: "unidades militares que participaram das hostilidades ativas alcançaram o sucesso" (Sergei GUNEYEV / Sputnik/AFP)
Agência O Globo
Publicado em 19 de abril de 2022 às 13h11.
Sofrendo ou não sanções dos países ocidentais, os magnatas russos agora enfrentam um novo golpe. Em sua própria casa. O presidente russo, Vladimir Putin, baixou um decreto que exige que as empresas do país saiam de Bolsas de Valores do exterior.
Com isso, as grandes companhias russas terão retirar suas ações de mercados externos.
Muitos magnatas, como Vladimir Potanin, o homem mais rico da Rússia, ou os bilionários do aço Vladimir Lisin e Alexey Mordashov, recebem dividendos pagos em moedas estrangeiras por ações de suas empresas listadas no exterior.
Agora, eles terão que reconfigurar a estrutura acionária de suas empresas.
— Os acionistas dessas empresas listadas no exterior ganharam muito com as liberdades financeiras e os laços econômicos com o Ocidente — afirma Anton Zatolokin, chefe de pesquisa da Otkritie Broker.— Agora, um legado que levou 30 anos para ser construído terá que ser desfeito, ocm impactos imediatos.
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E os acionistas estrangeiros dessas empresas terão que se contentar a trocar seus papéis por ações que serão registradas como contas de não-residentes na Rússia. Desde a invasão da Ucrânia, o governo russo adotou controles de capitais que impedem estrangeiros de venderem ativos russos. Assim, esses acionistas não conseguirão repatriar esses recursos e reaver seus investimentos.
As sanções internacionais que se seguiram à guerra da Ucrânia atingiram magnatas, bancos e até as reservas estrangeiras do país, enquanto transformavam as empresas listadas do país em ações de um centavo em questão de dias.
O decreto foi assinado por Putin no último dia 16 e dá 10 dias para as empresas russas retirarem suas ações de Bolsas estrangeiras.
Após o fim da antiga União Soviética, grandes conglomerados russos foram às Bolsas de Nova York, Londres e Frankfurt captarem recursos. Em 2007, as ofertas públicas iniciais (IPOs) da Rússia no exterior chegaram a um pico de US$ 17 bilhões em recursos levantados.
Mas, desde a anexação da Crimeia, o movimento perdeu fôlego, diante do temor de que sanções do Ocidente prejudicassem os negócios. Desde 2014, foram só US$ 6 bilhões em novas emissões russas no exterior.
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Poucas coisas no fim dos anos 1990 e 2000 mostraram a crescente influência econômica e integração financeira global da Rússia melhor do que as maiores empresas do país, como MMC Norilsk Nickel PJSC e Lukoil PJSC, registrando programas de recibos de depósito (DRs) em Nova York, Londres e Frankfurt.
De um pico de US$ 17 bilhões somente em 2007, as ofertas públicas iniciais (IPOs) da Rússia no exterior vacilaram nos últimos anos, mostram dados compilados pela Bloomberg. Essas listagens arrecadaram apenas US$ 6 bilhões no total desde a anexação da Crimeia pela Rússia em 2014, quando as sanções internacionais mostraram como as empresas estavam vulneráveis nos mercados estrangeiros à medida que a geopolítica piorava.
Alguns magnatas aproveitaram a queda no preço das ações de suas empresas para aumentar suas posições. O presidente da Lukoil, Vagit Alekperov, comprou regularmente recibos de depósito do mercado ao longo dos anos, mostram os cálculos da Bloomberg.
Desde a invasão da Ucrânia em 24 de fevereiro, o comércio de certificados de depósito de empresas russas foi congelado por bolsas estrangeiras.
De acordo com as emendas assinadas por Putin, a negociação de certificados de depósito em câmbio deve ser interrompida 10 dias após a publicação do projeto. Ao mesmo tempo, as leis permitem exclusões especiais se as empresas solicitarem permissão para continuar negociando.
De acordo com a lei alterada, os detentores estrangeiros dos certificados de depósito cancelados receberiam ações ordinárias que são colocadas em contas de não residentes na Rússia. Desde a invasão, os controles de capital proíbem os estrangeiros de vender títulos russos, impossibilitando por enquanto a venda das ações ordinárias e a repatriação dos lucros.