Preço-alvo da ação do Banco Pan salta quase 70% em novo relatório do BBA
Crescimento digital do banco e aquisição pelo BTG Pactual levaram Itaú BBA a rever método tradicional de análise do valor do papel
Beatriz Quesada
Publicado em 18 de maio de 2021 às 18h46.
Última atualização em 19 de maio de 2021 às 08h30.
O Itaú BBA aumentou em 68,75% o preço-alvo da ação do Banco Pan (BPAN4) em relatório divulgado nesta segunda-feira, 18. A projeção que era de 16 reais por papel passou para 27 reais por ação, o que representa um potencial de valorização (upside) de 40,02% em relação ao preço de fechamento do último pregão, em 19,25 reais. Após a divulgação da mudança, as ações do Pan reagiram e avançaram 6,41% nesta terça-feira, 18.
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O motivo para a mudança está na troca da metodologia usada para analisar a ação, que mudou após o Pan tornar público os números de conta digital. Com isso, o Itaú concluiu que os múltiplos tradicionais não seriam mais uma boa referência para analisar o papel, que passa a ser avaliado como um banco digital.
Segundo o BBA, a maior parte desse upside deve ocorrer por meio de menores custos de financiamento, autocriação de crédito consignado, marketplace de e-commerce, corretagem de seguros e oportunidades com cartões de crédito. Mas para isso será necessário volume de clientes.
“Supondo que o Banco Pan atinja de 19 a 22 milhões de clientes no banco digital até 2025 (partindo dos 6 milhões atuais), calculamos acréscimo potencial de 10 a 20 reais por ação. Essa grande base de clientes de banco digital fornece várias fontes de monetização”, afirmam os analistas. As projeções podem se concretizar ainda antes, caso o atual ritmo de crescimento seja mantido. No último trimestre, o número de clientes digitais do banco cresceu 361% na comparação anual.
Analistas do BBA ainda ressaltaram que, ainda que sua base de clientes seja apenas 1,5% do número total de contas bancárias do país, entre fevereiro de 2020 e fevereiro de 2021, o banco capturou 4,4% dos novos clientes. "Uma grande conquista em tão curto período de tempo." O crescimento, pontuam, deve seguir impulsionado porcampanhas de mídia social/de massa, influenciadores sociais, parceiros e vendas cruzadas para a base atual de financiamento ao consumidor.
Em relatório, o Itaú BBA destaca que a reavaliação do papel também foi desencadeada pela aquisição da fatia remanescente da Caixa no Pan peloBTG Pactual (do mesmo grupo controlador da EXAME ).
“Nossa confiança em incorporar isso em um estágio tão inicial é baseada no conhecimento de que o banco tem um plano cuidadosamente elaborado baseado em um negócio de crédito já robusto com a cultura de parceria do BTG. O Pan passará de uma ação desconhecida para um papel que o BTG comprou e está dizendo para você ficar de olho”, afirmam os analistas.
Com o aumento da participação do BTG para 72% e a Caixa agora fora do conselho, o Itaú BBA espera mais agilidade, atenção da gestão e benefícios de custos de financiamento. A Caixa, a propósito, deixa de ser acionista, mas deve manter uma relação importante com o Pan por meio das linhas de captação de crédito.
Outra vantagem levantada pelo relatório é que — ao contrário de outros bancos digitais em formação — o crescimento do Banco Pan não implica perdas acentuadas ou requer capital externo. Isso porque o banco consegue financiar completamente sua operação com o negócio de financiamento, que abarca, principalmente, empréstimos consignados e de veículos usados.
Por trimestre, o Pan origina 600.000 empréstimos consignados e financiamento de veículos, o que, segundo o BBA, pode gerar grandes oportunidades para abertura de contas e aquisições de cartões de crédito do banco.
"O processamento é 100% digital, mas a originação física é vendas cruzadas de uma conta digital, talvez oferecendo um desconto se a mensalidade for paga via Pan. Abrir uma conta não é obrigatório, mas a taxa de conversão é provavelmente alta."
As estimativas é de que 25% a 35% dos clientes utilizem seu cartão de crédito quando o banco bater cerca de 20 milhões de usuários. Ainda que a penetração do cartão de crédito seja inferior à média nacional de 50% a 60%, o BBA acredita que a média de gastos com cartões Pan cresça 80% de 1 mil reais para 1,8 mil reais.
"Com base nessas premissas estimamos que a receita de intercâmbio de cartões pode ser de 8,6 bilhões de reais até 2025."
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