São Paulo – O fechamento de capital do UOL em dezembro ofereceu uma boa oportunidade de liquidez para acionistas. Quando os papéis não têm muito volume ou desempenho firme na bolsa, uma Oferta Pública de Aquisição de Ações (OPA) é esperada e comemorada pelo mercado. Esse é um dos pontos que chama atenção no anúncio do Itaú Unibanco sobre a OPA da Redecard (RDCD3).

A empresa contou com uma performance parruda no mercado financeiro em 2011, subindo mais de 40% num ano em que o Ibovespa caiu mais de 18%. E esse é um dos pontos que chama a atenção. “A notícia pegou todo o mercado de surpresa”, resume Carlos Daltozo, analista do BB Investimentos. Mas se o desempenho das ações era destaque na bolsa, o que leva o Itaú Unibanco (ITUB3; ITUB4) a fechar o capital da empresa?

O analista ressalta que ainda é cedo para cravar um motivo, mas destaca que uma das hipóteses é que essa seria uma maneira de dar agilidade para a credenciadora de cartões. “O cenário está cada vez mais competitivo, com a entrada de novos concorrentes prevista”, afirma. Um exemplo dessa concorrência em alta é a Elavon, que entrou no Brasil por meio de uma parceria com o Citibank e já está operando em fase piloto.

Daltozo comentou que, em teleconferência com analistas realizada na semana passada após a divulgação de resultados, executivos da Redecard comentaram que não acreditavam numa possível guerra de preços entre as empresas, que se refletiria na taxa de desconto (valor pago pelos lojistas para usar o serviço das credenciadoras). Em entrevista coletiva realizada hoje com a imprensa, Roberto Setubal, presidente do banco, disse que a aquisição dos 49% restantes das ações vai gerar ao banco mais agilidade e, em um primeiro momento, nenhum retorno financeiro.

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A operação deve demorar entre 90 e 120 dias para ser concluída. O preço máximo que será oferecido por papel é de 35 reais, em linha com o que o mercado considerava o preço-alvo para a ação, segundo uma pesquisa da Thomson Reuters com 19 analistas. Os papéis da Redecard encerraram o dia com alta de 10,49%, cotados a 35,40 reais.

Como fica a Cielo?

Quando a OPA da Redecard for concluída, a Cielo (CIEL3) será a única empresa do setor com capital aberto. “Essa indústria está diretamente ligada ao desempenho do varejo, um setor que ainda tem boas perspectivas”, afirma Daltozo, que ressalta que pode ocorrer uma migração dos investidores que ainda querem apostar nesse mercado.

A chance de um impacto positivo também é aguardada pelo Credit Suisse Group. Em relatório para clientes, o analista Marcelo Telles ressalta que a Cielo será a única empresa que pode aproveitar esse potencial de crescimento.

O efeito imediato destacado pelos analistas é claro para os papéis da concorrente. Nesta terça-feira, os papéis da Cielo subiram 4,22%, cotados em 56,25 reais.

Mas as análises positivas sobre a Cielo não são um consenso no mercado. Num outro relatório, do Deutsche Bank Securities, é destacada a possibilidade de uma guerra de preços entre as empresas, na qual a Cielo poderia estar em desvantagem. “Consideramos improvável que os controladores da Cielo façam uma oferta pela companhia”, afirmou Mario Pierry no documento.

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