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Petróleo cai mais de 4% de olho em China e Oriente Médio

Embora as tensões entre Irã, Hezbollah e Israel ainda prevaleçam, o destaque do dia foi a frustração com a falta de anúncios por parte do governo chinês

Petróleo: commodity cai com mercado preocupado em relação à demanda por parte da China (Getty Images/Reprodução)

Petróleo: commodity cai com mercado preocupado em relação à demanda por parte da China (Getty Images/Reprodução)

Rebecca Crepaldi
Rebecca Crepaldi

Repórter de finanças

Publicado em 8 de outubro de 2024 às 15h18.

Após uma forte alta nos últimos dias, impulsionada pela escalada do conflito no Oriente Médio, o petróleo amplia perdas nesta terça-feira, 8. Por volta das 15h20, tanto a referência Brent como a WTI caíam mais de 4%. O principal motivo: a decepção em relação à China.

Embora as tensões entre Irã, Hezbollah e Israel ainda prevaleçam, o destaque do dia foi a frustração com a falta de anúncios relevantes por parte da Comissão Nacional de Desenvolvimento e Reforma (CNR), o que gerou um sentimento de aversão ao risco.

“A China é o maior importador de petróleo do mundo, e a falta de novos incentivos econômicos alimentou a preocupação com a demanda futura por commodities, levando à retração nos preços do petróleo”, explica Frederico Nobre, portfólio manager da Warren Brasil Gestão.

Em sua visão, essa preocupação supera, no curto prazo, as tensões geopolíticas no Oriente Médio, que embora sejam um fator relevante, não tiveram desdobramentos imediatos que pudessem impactar diretamente a oferta de petróleo, o que puxaria o preço para cima.

Sendo assim, a recente alta do petróleo, impulsionada pelos eventos no Oriente Médio, já vinha criando espaço para uma correção. “Com a China fora do radar em termos de estímulos, investidores aproveitaram para realizar lucros, aumentando ainda mais a pressão de venda”, pontua Nobre.

Porém, o Oriente Médio ainda mexe com a commodity e, inclusive, colabora para a queda de hoje. Apesar das tensões estarem se intensificando, a resposta de Israel ao Irã - e sua magnitude - ainda é incerta.

Hoje o mercado repercute uma notícia do The Jerusalem Post de que o exército israelense está mirando em instalações de inteligência do Irã, e não em regiões petrolíferas - o que retira parte da pressão sobre a preocupação com a oferta. Ainda segundo o jornal, em caso de resposta, Israel privilegiaria ativos militares e não nucleares no Irã.

Há também informações de que o vice-líder do Hezbollah apoiaria um acordo de cessar-fogo com Israel no sul do Líbano.

“Ontem o preço subiu porque havia uma ideia de que Israel poderia bombardear os campos de petróleo do Irã, já que fez 1 ano do ataque de Hamas contra Israel. Como nada aconteceu e essa guerra entre Israel e Irã continua sendo uma hipótese, ele cai hoje”, afirma Adriano Pires, diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura.

Além disso, o especialista analisa que, do ponto de vista de oferta e demanda, não há razão para o petróleo subir. “O mercado tem muita oferta de petróleo e a demanda não tem crescido como o esperado”, acrescenta Pires.

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