Payroll nos EUA, reação aos balanços de Renner e Bradesco e o que mais move o mercado
Apostas de alta de juros mais dura do Federal Reserve crescem em véspera de dados do mercado de trabalho americano
Guilherme Guilherme
Publicado em 5 de agosto de 2022 às 07h30.
Última atualização em 5 de agosto de 2022 às 10h44.
A sexta-feira, 5, iniciou em tom de cautela no mercado internacional, com investidores à espera da divulgação dos dados oficiais do mercado de trabalho dos Estados Unidos prevista para às 9h30 (de Brasília).
O consenso do mercado é de que o payroll desta sexta revele a criação de 250.000 empregos urbanos em julho, o que representaria uma desaceleração em relação ao mês anterior. quando o número saiu em 372.000. O dado, considerado um dos principais termômetros da economia americana, será divulgado junto com a taxa de desemprego do país -- para a qual a expectativa é de manutenção do patamar atual de 3,6%.
Enquanto aguardam os números, o mercado reforça as apostas de que o Federal Reserve (Fed) terá que subir a taxa de juros em 0,75 ponto percentual -- em vez da elevação mais branda de 0,5 p.p. sinalizada na última decisão. A probabilidade de alta de 0,75p.p., que era de 30% até ontem, 4, saltou para próximo de 40%, segundo monitor do CME Group.
Dados mais fortes que o esperado para o mercado de trabalho nesta sexta podem alimentar ainda mais a tese de um aperto mais duro do Fed. Já uma menor criação de empregos tende a favorecer as apostas de um ajuste mais brando.
"Um afrouxamento da empregabilidade suficiente para reduzir a inflação, mas não o bastante para empurrar a economia para a recessão, pode ajudar no ‘pouso econômico suave' tão desejado pelo Fed e pelo mercado financeiro", disse Carlos Vaz, CEO da Conti Capital.
Diante do cenário inflacionário dos Estados Unidos, ganharam ainda mais importância os dados de variação de salário médio por hora dos Estados Unidos, também previstos para às 9h30. O consenso é de alta de 0,3% frente ao mês passado e de 4,9% na comparação anual.
Economistas do banco ING disseram em relatório que há maior chance de a criação de empregos do payroll sair abaixo do esperado, mas afirmaram que "amenos que os ganhos médios por hora caiam acentuadamente, parece muito cedo para concluir que a batalha do Fed contra a inflação acabou.
Desempenho dos indicadores às 7h30 (de Brasília):
- Dow Jones futuro (Nova York): + 0,11%
- S&P 500 futuro (Nova York): - 0,06%
- Nasdaq futuro (Nova York): - 0,16%
- FTSE 100 (Londres): - 0,17%
- DAX (Frankfurt): - 0,10%
- CAC 40 (Paris): - 0,52%
- Hang Seng (Hong Kong)*: + 0,14%
- Shangai Composite (Xangai)*: + 1,19%
- Nikkei 225 (Tóquio)*: + 0,87%
Reação a balanços com Renner e Bradesco
No Brasil, além dos dados americanos, investidores também deverão repercutir os últimos resultados da temporada de balanços do segundo trimestre.
Entre os mais aguardados da última noite estiveram Bradesco (BBDC4) , Renner (LREN3 ), Tupy (TUPY3) e Alpargatas (ALPA4) , Fleury (FLRY3) e Grendene (GRND3) .
O Bradesco apresentou lucro líquido recorrente de R$ 7,041 bilhões, acima do consenso de mercado da Bloomberg, de R$ 6,76 bilhões, e 11% maior que o do mesmo período do ano passado. Operações de seguro, margem financeira com cliente e receitas com prestações de serviços estiveram por trás do resultado, segundo o banco.
Outra empresa que superou as expetativas de analistas foi a Renner. A companhia de vestuário registrou lucro líquido de R$ 360,4 milhões de reais, 86% a mais na comparação anual. O consenso era de alta para R$ 314,8 milhões. A margem líquida da companhia também cresceu, de 8,5% para 11,3%. A receita líquida subiu 40,6% para R$ 3,176 bilhões, próximo das estimativas do mercado, de R$3,23 bilhões.
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