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Grendene quase dobra lucro líquido no segundo tri, para R$ 65,7 milhões

‘Combo’ de aumento de receita e de volume ajudou a diluir despesas operacionais e gerou crescimento de 98% na última linha do balanço

Grendene: trimestre marcado por conjuntura de fatores favoráveis trouxe crescimento, que deve se manter ao longo do ano (Grendene/Divulgação)
Grendene: trimestre marcado por conjuntura de fatores favoráveis trouxe crescimento, que deve se manter ao longo do ano (Grendene/Divulgação)
KS

4 de agosto de 2022 às 18:54

A Grendene praticamente dobrou o lucro líquido na comparação com o mesmo período do ano passado, graças a uma combinação de fatores favoráveis ao desempenho da companhia: o combo de incentivos financeiros por parte do governo – antecipação de 13º, FGTS e anúncio de aumento do Auxílio Brasil – somado à volta dos consumidores para as lojas físicas e para os eventos sociais e de trabalho. Tudo isso reforçou a tendência de alta de vendas já vista no primeiro trimestre nas lojas e impulsionou a quantidade de demandas por parte do varejo (sell-in). Como resultado, a última linha do balanço fechou o segundo trimestre em R$ 65,7 milhões, aumento de 98% em relação ao mesmo período do ano passado. 

Cabe um destaque: o faturamento no período não cresceu na mesma proporção – o que mostra o ganho de eficiência da operação da Grendene no trimestre com o aumento dos volumes vendidos. A receita líquida aumentou 44,5% no período, para R$ 357,9 milhões, refletindo principalmente o aumento da demanda no mercado doméstico. Destrinchando o número, é possível ver que as vendas no Brasil cresceram 49,4%, para R$ 333,7 milhões, e as exportações aumentaram 37,4% na comparação anual, para R$ 103,9 milhões.

O crescimento na receita é fruto tanto do aumento de pares vendidos (+32% no mercado doméstico e +44% nas exportações) quanto de uma estratégia de melhor mix de produtos, favorecendo aqueles com tíquete médio mais elevado. É um comportamento diferente do observado na pandemia, em que o canal de autosserviço se destacou em vendas, mas no qual a maior parte dos produtos comprados por consumidores era de tíquete menor. Esse foco em mix de produtos foi o que permitiu à companhia crescer no período sem aumento de preços, mesmo com custos mais elevados na comparação anual.

No período, o CPV aumentou 47,3%, para R$ 231 milhões. A maior parte desse aumento, segundo a companhia, vem justamente do incremento nos preços de matéria-prima no período. O custo de mão-de-obra, por exemplo, que representava 22% da receita líquida em 2018, hoje está em 21,9%. Outras despesas fabris se mantiveram no mesmo patamar do pré-pandemia, o que também ajuda a mostrar que a companhia ganhou eficiência. A única exceção é a ‘vilã’ que não pode ser controlada: passou de um percentual de 23% da receita líquida em 2018 para 32% no balanço atual. Ou seja, um avanço de quase 10 pontos percentuais.

“A tese de não aumentar preço e manter uma demanda alta agora, vamos começar a colher frutos no terceiro e no quarto trimestres. Com o efeito combinado da queda nos preços e da alta demanda, a margem começa a normalizar, a recuperar”, diz Alceu Albuquerque, diretor de relações com investidores da Grendene, ao EXAME IN.

Uma das principais responsáveis pelo aumento é a resina de PVC – principal matéria-prima usada pela companhia – que tem alta acumulada de 110% de junho de 2020 para cá. Mas, segundo os dados apresentados pela Grendene, o pior já passou. O preço do produto fez seu pico em dezembro e, desde então, tem desacelerado mês a mês. E por que essa redução ainda não aparece no balanço da companhia? Estoque, que dura de dois a três meses.

Por enquanto, esse é um dos principais fatores que causa a retração de 1,3 ponto percentual em margem bruta na comparação anual: o indicador fechou o trimestre em 34,2%. Enquanto isso, o lucro bruto subiu 39,3% ante o mesmo período do ano passado, para R$ 127 milhões.

Ainda na parte de gastos, o balanço mostra um aumento de 35,9% nas despesas operacionais ante o mesmo período do ano passado, para R$ 173,6 milhões. A maior parte veio de vendas, que aumentaram 37,5%, para R$ 142,5 milhões. Embora tenham crescido, vale ressaltar que representam um percentual menor da receita na comparação anual. “Esse foi o primeiro trimestre que participamos de feiras, viagens internacionais, fazer convenções de vendas, então o aumento reflete isso. E muito dessas despesas comerciais são as que a gente chama de fretes, comissões e licenciamentos. Cresce faturamento , as despesas variáveis também aumentam”, diz o executivo. 

Diferentemente de outras empresas, que sofrem no trimestre com o aumento da Selic e o impacto nas dívidas atreladas ao CDI, a Grendene tem caixa líquido. O resultado financeiro da companhia foi afetado, é claro, passando de R$ 48,7 milhões de dívida para R$ 67,6 milhões, mas não representa uma ameaça ao crescimento da companhia.

Depois de um trimestre forte, a companhia espera que os próximos entreguem resultados ainda melhores. O segundo semestre guarda um fator sazonal favorável e, especialmente no terceiro trimestre, esse potencial já começa a ser sentido, segundo o executivo. "Dos três meses, dois eu já tenho uma boa noção pelo que já vendi em julho e pelas encomendas feitas em agosto. Veio um resultado bem forte. As iniciativas de injetar recursos na economia devem seguir uma trajetória favorável para a companhia", diz Albuquerque. 

Em relação ao mercado externo, o crescimento na América Latina, principal público comprador fora do Brasil, também deve se manter. No que diz respeito à GGB, joint-venture com a 3G Capital, alguns resultados também já começam a aparecer, principalmente no e-commerce. Desde que a nova gestão assumiu o canal digital nos EUA, houve crescimento de 100% nas vendas na comparação anual. No segundo trimestre, foi ainda maior, para 150%. Mais do que vender mais, o número de pessoas que visitam o site aumentou 88% ante o mesmo período do ano passado, com taxa de conversão mais do que dobrando. "Temos um cenário bem positivo daqui para frente e nossos resultados devem continuar fortes ao longo do ano", diz o executivo. 

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