Logo Exame.com
Fleury

Fleury tem lucro 7,6% maior, de R$ 70,5 mi, com receita trimestral recorde

Laboratório registrou expansão de faturamento tanto de forma orgânica quanto considerando aquisições, contrariando expectativas de mercado

Fleury: aumento de receita vem principalmente com medicina diagnóstica, mas vertical de Novos Elos mais do que dobrou a participação na comparação anual (Leandro Fonseca/Exame)
Fleury: aumento de receita vem principalmente com medicina diagnóstica, mas vertical de Novos Elos mais do que dobrou a participação na comparação anual (Leandro Fonseca/Exame)
KS

Karina Souza

4 de agosto de 2022 às 18:39

O Grupo Fleury teve um faturamento recorde no segundo trimestre deste ano – impulsionado tanto pelas aquisições quanto pela expansão orgânica – o que contribuiu em grande parte para o crescimento da companhia no período. A última linha do balanço cresceu 7,9% na comparação anual, para R$ 70,5 milhões.

Nos detalhes sobre o ganho de receita no período, a primeira linha do balanço totalizou R$ 1,2 bilhão, patamar recorde sobre a já representativa base de comparação: há um ano, esse indicador estava em R$ 1 bilhão. Sem considerar a realização de testes de covid-19 em ambos os períodos, a expansão foi de 24,7% ano a ano – uma vez que a participação desse tipo de receita em 2022 diminuiu. Sem considerar as aquisições feitas de lá para cá, houve expansão de 10%. E, deixando de fora tanto as compras feitas no período quanto os resultados de covid, o ganho é de 16%. 

Olhando para as demais linhas de receita além da medicina diagnóstica, o atendimento móvel cresceu 18,1% na comparação anual e hoje já representa 8,1% do faturamento do grupo. E a vertical de novos elos mais do que dobrou na comparação anual (crescendo 115%) e já representa 7,4% da receita da companhia neste trimestre.

O foco do Fleury, de modo geral, é o de construir um ecossistema de saúde, agregando cada vez mais serviços – os exemplos mais recentes são ortopedia e oftalmologia – garantindo um portfólio mais diversificado de serviços que seja capaz de atender ao envelhecimento da população e ao ganho de market share em regiões nas quais já está estabelecido. 

Um exemplo de como isso tem funcionado, olhando o curto prazo, está no Rio de Janeiro. A região, que não cresceu em número de beneficiários, a companhia cresceu 8% em receita, refletindo o ganho de participação de mercado no estado.

A maior diversificação trouxe consequências ‘discretas’ em termos de perda de margem para a companhia. Na comparação anual, houve redução de 0,7 ponto percentual, para 27%. Olhando pelo lado positivo, é reflexo do que Jeane Tsutsui, CEO da companhia, chama de "uma disciplina apurada para gerenciar custos e despesas" e, olhando pelo lado da redução no período, ela reflete a maior participação de serviços da linha de Novos Elos dentro da receita total – que têm uma margem menor do que a de serviços de medicina diagnóstica.

Não se trata de um efeito eterno, entretanto. "É sempre bom lembrar que os novos elos têm margem menor mas talvez tenham a capacidade de expandir a margem em um ritmo mais acelerado do que o de medicina diagnóstica, que já é mais consolidada. Ganhando eficiência e escala, nunca será o mesmo nível de margem de diagnóstico, mas vai expandir mais do que a margem de medicina diagnóstica, que é mais consolidada e mais relevante em termos de volume", diz José Filippo, CFO do Fleury, ao Exame IN. 

A disciplina com o crescimento e gestão de custos permitiu à companhia ter um Ebitda recorrente de R$ 298 milhões, valor 19,6% maior do que o registrado no mesmo trimestre do ano anterior. A margem Ebitda recorrente, no período, registrou ganho de 0,8 ponto percentual, para 26,8%.

De olho nos indicadores não operacionais, o serviço da dívida aumentou 138,4% na comparação anual, para R$ 86,3 milhões. O incremento reflete tanto o aumento dos juros no período quanto o aumento da dívida tomada para financiar aquisições. Apesar do aumento, a alavancagem da companhia subiu de 1,4 vez para 1,8 vez. O principal impacto foi o pagamento de Marcelo Magalhães, laboratório comprado pela companhia em Recife. "Temos muito cuidado com a estrutura de capital e, de qualquer forma, está bem compatível com o porte da companhia. Não devemos chegar nem perto do teto de 3 vezes dívida líquida/Ebitda", diz o CFO. 

Olhando para o futuro, a CEO enfatiza o potencial de ganhos em Ebitda que a companhia deve ter a partir da aquisição do laboratório Hermes Pardini, assim que a transação for aprovada pelo Cade. "Traz uma complementaridade e um tamanho muito mais relevantes para a medicina diagnóstica. As receitas líquidas combinadas levam a companhia para um patamar de R$ 6 bilhões anual, ante R$ 4 bilhões, e acrescenta em Ebitda, passando de R$ 1,1 bilhão para R$ 1,6 bilhão", diz a executiva.

A combinação de negócios, vale lembrar, traz presença do Fleury para regiões como Minas Gerais e Goiás, ampliando a capilaridade de receita nacional. Além disso, Hermes Pardini tem 56% dos clientes B2B e relacionamento com seis mil laboratórios. 

E a empresa não deve parar por aí. Apesar de não dar guidance, Jeane enfatiza que a companhia deve manter o crescimento orgânico, acompanhado de compras que possam reforçar o potencial da companhia. "Nosso pipeline continua com muita disciplina, mas temos avaliado cada vez mais possibilidades que façam sentido dentro da nossa estratégia", diz. 

Para quem decide. Por quem decide.

Saiba antes. Receba o Insight no seu email

Li e concordo com os Termos de Uso e Política de Privacidade

Acompanhe: