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Ouro supera US$ 2 mil pela primeira vez na história

Metal precioso acumula 32% de valorização no ano e alguns investidores acredita que o rali está apenas começando

Ouro: metal já se valorizou 32% no ano (AFP/AFP)

Ouro: metal já se valorizou 32% no ano (AFP/AFP)

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Guilherme Guilherme

Publicado em 4 de agosto de 2020 às 17h29.

Última atualização em 4 de agosto de 2020 às 17h32.

O ouro alcançou a máxima histórica nesta terça-feira, 4, de 2.000 dólares a onça troy, depois que parlamentares e a Casa Branca mostraram estar próximos a um acordo em torno de novos estímulos (leia-se: impressão de dólares) para auxiliar a economia americana atingida pelo coronavírus. A notícia também agradou Wall Street, e as bolsas subiam à medida que os investidores aguardavam mais ajuda de Washington.

Às 17h28, o ouro futuro subia 2,23% para 2,016.96 dólares a onça troy. No ano, o ativo acumula alta de cerca de 32%. Com tal valorização, o metal supera o avanço de qualquer um dos principais índices do mundo. A Nasdaq, que tem o melhor desempenho em 2020, por exemplo, acumula valorização de 21% no ano.

A explicação é que a desvalorização do dólar (ou seja, o barateamento da moeda em relação às demais divisas) faz com que o ouro se torne um investimento mais interessante e rentável. Mas não é só isso. Visto como porto seguro, a commodity tende a valorizar em tempos de incerteza, como o do possível aumento da inflação nos Estados Unidos pelo afrouxamento monetário, da pandemia do novo coronavírus, da tensão entre Estados Unidos e China e – por que não? – do acidente em Beirut, nesta terça-feira.

Grandes nomes como Ray Dalio e Mark Mobius já declararam a preferência pelo metal precioso. Em entrevista recente à Bloomberg, Mobius disse que, apesar da forte valorização, ele estaria "comprando e continuaria comprando" ouro enquanto as taxas de juros estivessem próximas de zero. 

Já o presidente da Bridgewater, Dalio, demonstrou sua preferência pelos metais preciosos ainda em janeiro, quando, no Fórum Econômico Mundial de Davos, afirmou que “dinheiro é lixo”. Segundo ele, havia muito dinheiro no mercado. E de lá para cá, a quantidade só aumentou, com bancos centrais do mundo inteiro imprimindo dinheiro para atenuar os efeitos da pandemia.

Apesar das dúvidas de até onde vai a alta do ouro, alguns especialistas em commodities, como o presidente da U.S. Global Investors, Frank Holmes, acreditam que o rali dos metais preciosos está "apenas começando". Em entrevista à InvestNews, Holmes chegou a afirmar que há "alta probabilidade" de o ouro chegar a 4.000 de dólares.

É bom frisar, no entanto, que trata-se do recorde nominal. Quando se leva em conta a inflação, o patamar mais alto foi alcançado em 1979, quando as tropas soviéticas invadiram o Afeganistão, segundo cálculos de Fahad Kama, estrategista-chefe da Kleinwort Hambros, em entrevista ao Financial Times. "O recorde foi de 2.500 dólares", disse.

No mês passado, os investidores depositaram 7,4 bilhões de dólares em fundos de índices (ETFs na sigla em inglês) lastreados em ouro, de acordo com dados da organização World Gold Council. Esse montante se soma ao recorde de 40 bilhões de dólares investidos no primeiro semestre do ano.

Como investir em ouro

Existem no mercado fundos de investimentos em ouro, como da Vitreo e da Órama, e certificados de operações especiais (COEs) atrelados e alavancados no metal. Mas é possível também adquirir contratos de ouro negociados na B3.

Atualmente, o preço do lote de ouro padrão, de 250 gramas, é de 80.250 reais. Mas são negociados também contratos mais acessíveis para o pequeno investidor, chamados fracionários.

Para investir no metal é necessário abrir conta em uma corretora. Ao adquirir os contratos, paga-se uma taxa de custódia mensal à B3 e uma taxa de corretagem.

Quem aplica em ouro tem isenção de Imposto de Renda, exceto se o ganho da operação ultrapassar 20.000 reais por mês. Nesse caso, a alíquota sobre o ganho de capital é de 15%.

Especialistas entram em consenso quando apontam que investir em ouro só vale a pena se fizer parte de uma estratégia de diversificação da carteira de aplicações financeiras. Portanto, o ativo é indicado como uma forma de proteção para carteiras que têm ativos mais expostos ao cenário econômico, como ações de empresas que são impactadas pela guerra comercial entre a China e os Estados Unidos. Portanto, não há um porcentual indicado do ativo. Esse número vai depender do equilíbrio que se quer buscar na carteira, e o quão exposta ela está.

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