Operadores em pregão da antiga BM&F (MAURICIO LIMA/AFP/Getty Images)
Repórter
Publicado em 1 de junho de 2023 às 14h48.
O resultado acima do esperado do PIB no primeiro trimestre contribuiu para o bom humor do mercado brasileiro nesta quinta-feira, 1.
Na bolsa de valores, o Ibovespa vem registrando sua maior alta em quase um mês, subindo mais de 1,5% impulsionado por ações de consumo cíclico. Yduqs, no setor de ensino, Locaweb, no setor de tecnologia, CVC, no setor de turismo, e a varejista Renner estão entre as maiores altas desta tarde. Os efeitos do PIB acima do esperado também aparecem no mercado de câmbio, com o dólar caindo quase 1% e se aproximando novamente da marca dos R$ 5.
Mas o que agradou tanto os investidores? Além do número acima do esperado, com crescimento anual de 4% e trimestral de 1,9% (as projeções eram respectivamente de altas de 2,7% e 1,3%), o desempenho de alguns setores foi o que animou Daniel Sinigaglia, economista da Garde Asset Management.
Quem impulsionou o PIB do primeiro trimestre foi o setor agrícola, que registrou um crescimento de 21,6% em relação ao quarto trimestre. A maior surpresa, no entanto, não foi o setor agrícola, afirmou Sinigaglia, mas a resiliência da indústria e do setor de serviços, que são os principais em termos de composição do PIB. "Com base nos dados do PIB de hoje, esperamos que o PIB esteja mais próximo de 2,5% para o ano", disse.
Étore Sanchez, economista-chefe da Ativa Investimentos, também destacou a resiliência dos serviços e revisou sua projeção de crescimento para este ano de 1,3% para 1,7%.
Um crescimento mais robusto para este ano também está sendo projetado pelos grandes bancos. Após o PIB divulgado hoje, o Goldman Sachs elevou sua projeção para este ano de 1,75% para 2,6%. O Itaú, que esperava um PIB de 1,4% para o ano, já afirmou que irá revisar sua projeção para cima.
A perspectiva do Itaú, no entanto, permanece pessimista para os próximos trimestres. "Esperamos uma desaceleração da atividade econômica, com um crescimento ligeiramente positivo", disse em relatório Mario Mesquita, economista-chefe do Itaú.
A visão de que os próximos trimestres serão mais difíceis é compartilhada por outros economistas do mercado, como Carla Argenta e Matheus Pizzani, da CM Capital.
"À medida que avançamos em 2023, espera-se que os dados de atividade sejam cada vez piores. A taxa de juros elevada é, neste momento, o principal fator inibidor da dinâmica macroeconômica doméstica", disseram em nota
Eles acrescentaram ainda que, mesmo com as quedas de juros previstas para o segundo semestre, não haveria tempo para seus efeitos serem sentidos na economia ainda neste ano.