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Focus, IGP-M, overhedge: o que movimenta o mercado na última semana do ano

Investidores esperam balização no mercado de câmbio com as instituições realizando ajustes finais nas posições de overhedge

Painel de cotações na B3 | Foto: Germano Lüders/EXAME (Germano Lüders/Exame)

Painel de cotações na B3 | Foto: Germano Lüders/EXAME (Germano Lüders/Exame)

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Bloomberg

Publicado em 25 de dezembro de 2021 às 11h35.

A última semana de 2021 deve contar com balização no mercado de câmbio com as instituições realizando ajustes finais nas posições de overhedge — proteção extra dos ativos em moeda estrangeira dos bancos fora do Brasil. Já o mercado de juros ficará atento às expectativas inflacionárias divulgadas no boletim Focus, o último do ano. A agenda da semana ainda conta com divulgação do IGP-M e resultados fiscais no Brasil e PMIs na China.

Overhedge

O BC caminha para completar o ajuste do overhedge no encerramento do ano. A zeragem de posições de overhedge implica compra de dólares, pois as instituições que detêm parte importante de patrimônio em moeda estrangeira no exterior fazem a proteção da variação cambial por meio de posições vendidas em dólar e compradas em real.

As atuações para este fim somam US$ 17,5 bilhões após o leilão de US$ 700 milhões feito nesta quarta-feira. Como os leilões têm sido feitos todas as segundas e quartas, em tese ainda haveria espaço para mais duas atuações, o que elevaria o total para quase US$ 19 bilhões. A expectativa entre analistas, porém, é que o BC faça no máximo mais um leilão, completando um total de US$ 18,2 bilhões.

O ajuste de posições se refere a uma mudança regulatória que obrigou os bancos a reduzirem o hedge adicional de seus ativos no exterior. Metade deste ajuste foi feito no ano passado e a outra metade está sendo feita agora. Nas atuações à vista, o BC já vendeu US$ 3,9 bilhões desde 10 de dezembro. O BC também já antecipou que iniciará a rolagem dos swaps de março no dia 3 de janeiro.

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Focus e IGP-M

A divulgação do Boletim Focus na próxima segunda-feira, 27, será avaliada com atenção após a pesquisa desta semana mostrar leve queda nas projeções de Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) -- considerado a inflação oficial do Brasil -- para 2023 e 2024. O recuo foi visto como sinal inicial de que o BC já pode estar conseguindo reancorar as expectativas de longo prazo, o que ajudou a aliviar a curva de juros nos últimos dias.

Já o Índice Geral de Preços do Mercado (IGP-M), popularmente conhecido como "inflação de aluguel", de dezembro sai na quarta-feira, 29, com estimativa de aceleração do dado mensal para 0,63%. Com a expectativa da divulgação, os juros futuros voltaram a subir nesta sexta-feira após uma breve reação de queda ao IPCA-15 (prévia da inflação) de dezembro. O índice ficou abaixo do previsto, mas ainda segue em nível elevado e exige cautela do BC, segundo analistas.

A semana conta ainda com divulgação de resultado fiscal e taxa nacional de desemprego.

Agenda externa

Em semana rarefeita em termos de indicadores, a China divulgará no dia 30 o PMI manufaturas de dezembro. A estimativa é de que o índice recue de 50,1 para 49,9, ligeiramente abaixo da medida de 50, que determina contração ou expansão. Para o PMI serviços, estimativa é de desaceleração de 52,3 para 51,8. EUA divulgarão vendas pendentes de moradias e pedidos de seguro-desemprego. Sem indicadores com potencial de maior impacto nos negócios, mercado deve seguir reagindo ao noticiário sobre a ômicron e o plano econômico do governo Biden nos EUA.

Pressões fiscais

Embora o orçamento de 2022 já tenha sido aprovado pelo Congresso, pressões por mais gastos ainda persistem. Segundo os jornais, a equipe econômica tem sido pressionada a estender reajustes salariais a todos os servidores, depois de algumas categorias terem ficado contrariadas pela decisão do presidente Bolsonaro de dar aumento apenas aos policiais federais. Há ainda movimentos da área política para elevar o valor do Auxílio Brasil de R$ 400 para 600 para ajudar a base governista nas eleições, mas a equipe do ministro Paulo Guedes argumenta que não há espaço fiscal e uma deterioração maior das contas públicas poderia prejudicar a economia, custando a reeleição do presidente.

Cedae

O leilão do Bloco 3 da Cedae, companhia de saneamento do Rio de Jeneiro, ocorrerá no dia 29 de dezembro. Segundo o BNDES, nessa fase o vencedor do leilão, a ser realizado na B3, em São Paulo, deverá universalizar o fornecimento de água e tratamento de esgoto para mais de 2,7 milhões de pessoas em até 11 anos, de acordo com o novo marco legal do saneamento.

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