Detalhe de Ferrari: veja o que a marca do cavalo empinado terá que fazer para sobreviver em Wall Street (Saulo Pereira Guimarães/EXAME.com)
Da Redação
Publicado em 24 de julho de 2015 às 17h13.
A Ferrari está com um certo problema em sua preparação para uma oferta pública inicial.
Sua empresa-mãe, a Fiat-Chrysler, precisa do dinheiro e os investidores públicos sem dúvida estarão interessados nas ações, mas Wall Street funciona com base em crescimento.
E crescimento é o tipo de coisa que pode fazer uma marca de luxo como a Ferrari rodar e cair na vala.
Na papelada do IPO que a Fiat acaba de apresentar à SEC, a empresa usou a palavra “exclusividade” 64 vezes. Em suma, se houver Ferraris em todos os lados, elas nem de perto valerão como hoje.
Na verdade, a produção oscila em algo em torno de 7.000 unidades há anos e a empresa disse que esse total aumentaria lentamente para apenas 9.000 unidades até 2019.
Imagine como seria frustrante para a Apple cumprir suas enormes expectativas a cada trimestre se tivesse que limitar o número de iPhones produzidos.
Contudo, existem algumas alternativas para os executivos da Ferrari. O prospecto do IPO destaca quatro caminhos para a obtenção de mais lucros que não envolvem a produção de mais carros.
Aqui mostramos o que a marca do cavalo empinado terá que fazer para sobreviver em Wall Street:
1) Muitos, muitos produtos
Coloque o logotipo e venda. Há 32 lojas ao redor do mundo vendendo uma série de produtos licenciados da Ferrari, de pranchas de surfe (US$ 1.389) a volantes (US$ 4.550), e couro vermelho suficiente para abastecer um sex shop com a temática Cinquenta Tons de Cinza.
Nove das lojas pertencem à própria empresa e, além disso, há também uma loja web, que possui 400.000 clientes cadastrados. A melhor alternativa para produzir mais supercarros de US$ 480.000 pode ser incrementar a produção de réplicas elétricas de US$ 480 para condutores infantis.
2) Mercados emergentes
Encontrar novos territórios é algo que se tornou um caminho comum para que as marcas de luxo vendam mais coisas sem saturar os mercados.
É por isso que a Rolls-Royce abriu uma concessionária no Vietnã no ano passado. A Ferrari tem muito espaço para acelerar nesse front. O que é mais notável é que apenas 9 por cento de seus carros foram enviados à China no ano passado, embora muitos de seus rivais do segmento de ultraluxo vendam quase um terço de seus carros lá.
3) Mais modelos exclusivos
A Ferrari recentemente coletou algo em torno de US$ 1,4 milhão por cada carro 499 LaFerrari que fabricou e essa máquina de correr rendeu margens ainda melhores que os modelos padrões.
Trata-se de uma nota adocicada de torque econômico: baixo volume, alto valor. E também de uma estratégia que a Ferrari pode empregar um pouco mais frequentemente sem fazer os compradores sentirem que seus veículos de edição limitada são de alguma forma menos especiais.
4) Produção sob medida
A adição de toques personalizados em uma Ferrari é algo que soma. Segundo a apresentação do IPO de ontem, o acréscimo de uma pitada extra de fibra de carbono aqui e de um apoio de braços de cashmere ali eleva o preço de um carro, em média, em 15 por cento.
A Ferrari chama isso de programa “feito sob medida” e trata-se de outra página tirada diretamente do manual da Rolls-Royce. Quanto mais Ferraris receberem o tratamento personalizado, mais modelos padrões a marca poderia ser capaz de deixar de fazer.