O plano do governo para frear mais uma queda do dólar
Dólar fechou cotado a 3,10 reais, no menor patamar desde julho de 2015. Banco Central deve enxugar o volume da moeda no mercado no começo de novembro
Rita Azevedo
Publicado em 25 de outubro de 2016 às 17h05.
Última atualização em 25 de outubro de 2016 às 17h39.
São Paulo — O dólar fechou nesta terça-feira (25) na casa dos 3,10 reais — o menor valor desde julho de 2015. A depreciação ocorreu em meio à expectativa da aprovação da Proposta de Emenda Constitucional (PEC) que limita os gastos públicos e a aproximação do fim do programa de repatriação de recursos ilegais.
Até agora, segundo a Receita Federal, o governo arrecadou mais de 33,1 bilhões de reais com impostos e multas cobrados de quem mantinha bens fora do país, mas não os declarava. Até o próximo dia 31, quando acaba o prazo de adesão, esse montante deve aumentar ainda mais.
Quem aderir ao programa de regularização não tem a obrigação de trazer os recursos para o Brasil. Essa possibilidade, no entanto, não diminui as chances de aumento do volume de moeda estrangeira aqui dentro.
“Mesmo que 99,9% dos brasileiros que legalizaram recursos decidam não trazer nem um centavo para o país, o dólar continua sua trajetória de depreciação”, avalia Pedro Paulo Silveira, da Nova Futura.
O principal motivo para isso, segundo o analista, é a melhora na percepção de risco do país “que já oferece juros extremamente altos se comparados ao juro externo."
“Com o aumento dos ativos em dólares lá fora, a percepção do risco melhora bastante", diz Silveira. "O governo pode até tentar, mas vai ser difícil conter a tendência."
De acordo com a pesquisa Focus, feita semanalmente pelo Banco Central, a previsão para o dólar no final do ano é de 3,20 reais. Na semana anterior, os analistas previam 3,25 reais.
Planos do Banco Central
Para evitar que a moeda norte-americana derreta ainda mais, o Banco Central deve retirar cerca de 3,5 bilhões de dólares do mercado no começo de novembro.
A retirada será feita por meio da não renovação dos contratos de swap cambial que vencem no próximo dia 1°.
O swap cambial é um instrumento derivativo que funciona como uma espécie de venda do dólar no mercado futuro ( entenda melhor o que é swap ) e é usado quando o governo precisa conter a apreciação da moeda estrangeira.
Ao escolher não rolar esse tipo de contrato, o Banco Central tentará evitar qualquer barreira para a valorização do dólar. Do começo do ano para cá, a moeda desvalorizou pouco mais de 19% — a segunda maior depreciação desde a implantação do Plano Real.