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Nova "Black Friday" e compulsório ajudam papéis dos bancos

Repetindo o bom humor da véspera, ações do setor subiam mais de 2%, após o fraco desempenho do último mês

Em julho, Bradesco, Itaú Unibanco, Banco do Brasil e Santander perderam, juntos, 56 bilhões de reais em valor de mercado. (Itaú/Divulgação)

Em julho, Bradesco, Itaú Unibanco, Banco do Brasil e Santander perderam, juntos, 56 bilhões de reais em valor de mercado. (Itaú/Divulgação)

TL

Tais Laporta

Publicado em 6 de setembro de 2019 às 12h13.

Última atualização em 6 de setembro de 2019 às 12h32.

As ações dos bancos brasileiros começam a reagir após o fraco desempenho nos últimos meses. Duas notícias ajudam a impulsionar os papéis dos grandes players do sistema financeiro esta semana: a intenção do Banco Central de reduzir o compulsório e a participação do setor bancário na Semana do Brasil, espécie de nova "Black Friday" promovida pelo governo.

Repetindo o bom humor da véspera, os papéis do Bradesco (PN) avançavam 2,77%, negociados a 34,09 reais. As ações do Itaú Unibanco (PN) subiam 2,26%, enquanto o Santander Brasil valorizava 2,65%. Banco do Brasil tinha ganhos de 2,76%, perto das 11h30.

Na véspera, os papéis do setor saltaram diante da notícia de que o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, pretende criar duas novas linhas de crédito nas operações de redesconto com os bancos. Isso permitiria “reduzir bastante” os compulsórios (reserva de segurança que obriga os bancos a depositarem recursos no BC).

Estas linhas teriam como garantia títulos e valores mobiliários emitidos por entidades privadas – e não apenas títulos públicos, como ocorre hoje. A redução do compulsório tem como efeito imediato o aumento na liquidez (disponibilidade de recursos) do sistema bancário.

"A redução do compulsório permite aos bancos ter mais caixa disponível para a concessão de crédito, seja através de empréstimos ou dívidas estruturadas, que tem uma rentabilidade bem mais elevada do que o dinheiro retido no Banco Central (remuneram Selic)", escreveram os analistas Felipe Bevilacqua e Eduardo Guimarães, em relatório da Levante Investimentos.

Outro catalisador positivo para os bancos na sessão é a participação dos mesmos na Semana do Brasil. A nova data de compras que o varejo tenta emplacar, dois meses antes da Black Friday, vai reunir mais de 3 mil empresas entre hoje e o próximo domingo, 15.

Os maiores bancos embarcaram na agenda de promoções, na esteira da liberação dos recursos do FGTS em setembro, na expectativa de atrair clientes para a renegociação de dívidas, redução de taxas cobradas em fundos de investimentos e em produtos financeiros como CDBs, LCIs e LCAs.

Mau desempenho na Bolsa

Em agosto, 44 de 45 instituições financeiras de capital aberto apresentaram queda do preço das ações, segundo um levantamento feito pela provedora de informações financeiras Economatica. A lista é liderada pela ação ordinária do Banco do Brasil, que no mês passado desvalorizou 13,72%, em dólares, seguida pela ação preferencial do Bradesco, que retrocedeu 13,07%.

Em julho, Bradesco, Itaú Unibanco, Banco do Brasil e Santander perderam, juntos, 56 bilhões de reais em valor de mercado. Aparentemente, não há fundamentos que explicam o desempenho fraco na bolsa, já que o lucro consolidado dos grandes players do sistema financeiro voltou a crescer, somando 20,4 bilhões no segundo trimestre.

Contudo, analistas acreditam que o aumento da concorrência, com a ascenção das fintechs e bancos digitais, já vem obrigando os bancos a se mexer e reduzir custos. O resultado aparece nos PDVs (Programa de Demissão Voluntária) de Itaú, Banco do Brasil e Bradesco, resultado do fechamento de agências bancárias.

No ano, os quatro maiores bancos acumulam um desempenho bem inferior ao do Ibovespa, o principal indicador da bolsa. Até esta sexta, Bradesco (PN) avança 6%, Itaú Unibanco (PN) sobe 5,3%, Banco do Brasil (ON) valoriza 8,2% e Santander, 7,5%. Em igual período, o Ibovespa avança 16,5%.

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