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Natura&Co: principal missão do novo CEO é trazer agilidade para a companhia

CEO quer 'desburocratizar' decisões dentro da empresa para gerar mais receita; ações disparam

Barbosa: foco em descentralizar decisões para trazer a companhia de volta aos trilhos (Patricia Monteiro/Getty Images)

Barbosa: foco em descentralizar decisões para trazer a companhia de volta aos trilhos (Patricia Monteiro/Getty Images)

KS

Karina Souza

Publicado em 15 de junho de 2022 às 11h36.

Última atualização em 15 de junho de 2022 às 13h33.

Agilidade é a palavra de ordem que define a missão do novo CEO da Natura&Co, Fábio Barbosa. Em coletiva de imprensa nesta manhã, o executivo mencionou por vezes seguidas a missão de descentralizar decisões que antes ficavam sob a figura do líder de crescimento sustentável para dar mais poder às unidades de negócio. “A organização ficou burocratizada ao longo do tempo. Estamos perdendo agilidade e algumas empresas do grupo estavam se ressentindo de não poderem tomar decisões. Vamos encontrar um equilíbrio, que vai impactar na receita e nos ajudar a crescer”, afirmou Fábio. O executivo, que já participava do conselho da Natura há cerca de cinco anos, ressaltou estar honrado em assumir o desafio e destacou que não se trata de um 'sonho antigo', mas sim do reflexo do relacionamento de longo prazo que mantém com a companhia.

A mudança vem em um momento delicado para a Natura. O valor de mercado da companhia, que era de R$ 83 bilhões em fevereiro de 2021, está atualmente abaixo de R$ 20 bilhões. Além dos fatores externos, como a guerra entre Ucrânia e Rússia (que impactaram significativamente a operação da Avon International, responsável por 22% das vendas), o aumento de complexidade da organização para tomada de decisões foi apontado como um dos motivos que permitiu à companhia perder tração ao longo do tempo. 

De maneira prática, a descentralização significa permitir que as quatro empresas do grupo – Aesop, Avon International, Natura&Co Latam e The Body Shop – tenham mais autonomia, por exemplo, em questões de contratações e administração financeira. São áreas que representam o começo, mas não o fim da transformação que o executivo quer promover. Fábio menciona que a formação do comitê de transição, que deve atuar até o fim do ano na companhia, vai tentar identificar mais oportunidades de melhoria na relação com cada área e diferenciá-los de “falsos dilemas”, nas palavras do executivo.

Dentro dessa realocação, Fábio destaca que não haverá mudanças nos cargos de executivos de cada uma das áreas. O novo CEO afirma que conversou com cada um dos CEOs das quatro empresas e assegurou que  não devem haver reorganizações a respeito do emprego de cada um deles. O que pode acontecer, entretanto, é uma mudança na atuação de cada área. “Não sei se temos de ter todas as marcas em todas as regiões, por exemplo. Vamos estudar melhor esse mix”, diz.

Fábio quer liderar esse movimento dentro da Natura e, afirma, seu mandato não tem hora para acabar. “Assumo o cargo sem data de validade. Não sou o CEO do comitê de transição da Natura, mas sim o CEO da companhia”, afirma.

O que o mercado pensa

O tom foi mantido em teleconferência nesta manhã, de autonomia para gerar agilidade dentro da empresa. Analistas questionaram a companhia sobre o limite para corte de custos e enxugar a companhia, ao que os porta-vozes responderam que a prioridade para a companhia não é cortar custos, mas focar no aspecto de estratégia para cada unidade e região geográfica. Novamente, a palavra autonomia para as unidades apareceu como destaque.

Questionamentos a respeito do contexto que levou a essa mudança repentina dentro da companhia também se repetiram entre os analistas. "Ouvimos o mercado. Tivemos uma série de conversas com o conselho nos últimos meses a partir da demanda de investidores e foi o momento de considerar que precisamos enxugar um pouco a estrutura, revisitar formatos e cenários", disse Fábio. De acordo com o executivo, pensar em um mercado para cada marca é apenas um exemplo de mudança na alocação de capital daqui para frente.

A respeito da contribuição que a própria carreira no mercado financeiro pode trazer para a companhia, Fábio afirmou que sempre trabalhou com pessoas. Os números desempenham parte importante no processo, mas tipos de incentivos aos profissionais e, de novo, a descentralização de decisões devem desempenhar papel essencial para o avanço da empresa. "Sustentabilidade continuará sendo nosso pilar essencial, mas queremos colocar as pessoas certas nos lugares corretos. A gestão está inteiramente ligada à melhor escolha de pessoas que possam dar o melhor de si nas posições em que forem colocadas", afirmou.

Ao avaliar outros pontos que 'seguravam' os avanços da companhia, outro questionamento de analistas, Fábio também mencionou o investimento em tecnologia. O mercado tem que trabalhar em cada especificidade de cada região, em vez de tentar padronizar tudo de uma vez só — o que considera um aprendizado. Ou seja, não tentar implantar o mesmo modelo de venda direta em todos os países em que a companhia está presente.

O mercado recebeu de forma positiva a troca do comando da empresa: nesta manhã, as ações da Natura dispararam 10% e a companhia lidera a alta do Ibovespa.

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