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"Não é o momento de sair da bolsa", diz Sergio Rial, do Santander

Para o presidente do banco, há setores que devem se destacar com a retomada econômica da China, como agronegócio, papel e celulose e financeiro

Sergio Rial, presidente do Santander: nessa crise não vai haver ganhador, só perdedor (Germano Lüders/Exame)

Sergio Rial, presidente do Santander: nessa crise não vai haver ganhador, só perdedor (Germano Lüders/Exame)

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Natália Flach

Publicado em 15 de abril de 2020 às 14h48.

Última atualização em 15 de abril de 2020 às 14h50.

Muitos brasileiros enfrentam a sua primeira grande crise financeira na bolsa. Não é fácil acompanhar as ações derreterem dia após dia e ver todo o dinheiro investido minguar. Mas a recomendação do presidente do banco Santander, Sergio Rial, é não desistir. "Não é o momento de sair da bolsa, não é um mecanismo [investimento] de curto prazo", afirmou durante uma transmissão ao vivo feita pela internet.

Para Rial, há setores que devem se destacar com a retomada econômica da China, e, consequentemente, as ações das empresas devem subir. São eles agronegócio, papel e celulose e financeiro. "O mercado [analistas] não consegue decidir se os bancos são ou não boas opções de investimento, mas eu acho que o setor financeiro como um todo está sólido, mesmo que vejamos aumento da inadimplência."

Os bancos, aliás, têm tomado a dianteira em algumas iniciativas para suavizar o impacto da crise no bolso dos brasileiros. Rial diz que as instituições liberaram 390 bilhões de reais no primeiro trimestre ante os 300 bilhões de reais concedidos no mesmo período do ano passado. As informações, segundo ele, serão ainda divulgadas pela Federação Brasileira dos Bancos (Febraban).

Mas Rial admite que a ajuda às classes mais humildes pode estar demorando. "Falando do lindo edifício que eu trabalho, eu diria que está tudo sendo feito muito rapidamente [se referindo à concessão de auxílios emergenciais], mas certamente não está. Essa crise lida com duas mortes: a física e a metafórica, que é morte das pequenas empresas", diz. "O que posso garantir é que o sistema financeiro, e não apenas o Santander, está comprometido em renegociar dívidas, não há necessidade do pânico."

O que fica de lição, segundo o executivo, é que os brasileiros precisam aprender a poupar recursos para passar mais tranquilamente por crises como a atual. "As crises serão cada vez mais frequentes nesse século, então, é importante ter um colchão", disse, se referindo tanto a investimentos pessoais como a preservação de caixa e de liquidez por parte das empresas.

"O meu recado para os empresários é que mantenham os empregos, a crise vai ter fim. Não tenham uma reação imediata", afirmou. A solução para setores que enfrentam situações adversas, tais como aviação e varejo sem ser ligado a alimentos e medicamentos é usar instrumentos de dívidas conversíveis em ações. Isso poderia gerar certo desconforto com os atuais acionistas, pois implicaria em uma diluição da base acionária. "Aí o que pode se fazer é pagar em dinheiro. A que preço? Pode-se usar o preço de ontem", acrescentou.

Já para o setor automotivo a saída sugerida por Rial é fazer uma emissão de dívida com garantia real, enquanto, no caso das redes de hotéis, a solução poderia ser hipotecar os imóveis.

"Fato é que, nessa crise, não vai haver ganhador, só perdedor."

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