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Mercado pressiona Itália por formação de novo governo

Taxa de risco do país aumentou 500 pontos nesta quinta-feira; economista Mario Monti é o favorito para se tornar o primeiro-ministro

Marco Monti, favorito para ser o novo primeiro-ministro da Itália (John Thys/AFP)

Marco Monti, favorito para ser o novo primeiro-ministro da Itália (John Thys/AFP)

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Da Redação

Publicado em 10 de novembro de 2011 às 17h50.

Roma - Pressionada pelos mercados, a Itália vai acelerar o processo de formação de um novo governo confiável e capaz de tranquilizar os mercados. O respeitado economista Mario Monti é o mais indicado para suceder Silvio Berlusconi.

A candidatura do economista, atual diretor da prestigiosa Universidade Bocconi de Milão, para liderar o governo foi reforçada nesta quinta-feira com o apoio explícito do próprio Berlusconi.

Em uma carta de felicitação enviada para Monti, Berlusconi desejou um "frutífero trabalho pelo interesse do país", num claro gesto de apoio.

Soma-se a isso a nomeação de Monti como senador vitalício pelo presidente italiano Giorgio Napolitano, o que pode ser interpretado como prelúdio para a ascensão à liderança do governo.

A aprovação de um novo governo com credibilidade em tempo recorde, tem o objetivo de frear a alta vertiginosa da taxa de risco do país, que ultrapassou os 500 pontos nesta quinta-feira.

"Uma maior clareza política, exigida da Itália e da Grécia pela Europa, deve favorecer a estabilidade", disse Christine Lagarde, diretora geral do FMI.

A chanceler alemã, Angela Merkel, também insistiu para que a Itália esclareça nesta quinta-feira a questão governamental para "restaurar a credibilidade".

O anúncio da renúncia de Berlusconi na terça-feira não havia sido suficiente para acalmar os mercados, que recuaram fortemente na quarta-feira.

O possível contágio da crise na Itália, terceira economia da Eurozona, já fragilizada por sua colossal dívida pública de 1,9 trilhão de euros e um crescimento nulo, ameaça a Europa e coloca em risco a sobrevivência do euro.


Os temores de uma recessão italiana aumentaram nesta quinta-feira, após o anúncio oficial de que a produção industrial caiu 4,8% em setembro.

Contudo, a possibilidade de um governo liderado por Monti diminuiu a pressão da União Europeia (UE), que "espera da Itália medidas importantes", segundo Napolitanto.

O chefe de Estado, de 86 anos, veterano político que liderou por quase 50 anos o antigo Partido Comunista, acelerou na quarta-feira a aprovação do pacote de medidas exigidas pela UE para acalmar os mercados aterrorizados com a crise da dívida.

Apesar da dificuldade de chegar a um acordo entre todos os partidos, tudo indica que os parlamentares vão optar por um governo liderado por Monti e evitar a antecipação das eleições.

A decisão será tomada no fim desta semana ou na próxima segunda-feira, depois da aprovação da Câmara dos Deputados e do Senado da chamada lei de estabilidade com as medidas anticrise para 2012.

Após a adoção da lei, Berlusconi apresentará sua renúncia.

Segundo a imprensa italiana, Napolitano designará Monti em um curto prazo, imediatamente depois de consultar todos os líderes de partidos políticos, como exige a Constituição.

A escolha de Monti deve ser aceita pela maioria do Parlamento, apesar da oposição da Liga Norte populista, até agora aliada de Berlusconi.

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