Para o economista-sênior do Besi Brasil, Flávio Serrano, as taxas curvas têm nesta terça-feira a tendência de seguir em queda, enquanto o movimento das longas é um mais indefinido (SXC.hu)
Da Redação
Publicado em 12 de junho de 2012 às 10h11.
São Paulo - O mercado de juros vai aos poucos ampliando as apostas em uma Selic abaixo de 8% no fim de 2012, em um ambiente marcado pelo baixo crescimento no Brasil e pela crise no exterior. Após a forte queda da sexta-feira e do recuo mais contido na segunda-feira, as taxas curtas dos contratos futuros de DIs tendem a continuar nesta terça-feira o caminho rumo a uma Selic mais próxima de 7,50% no fim do ano. Às 11h, o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, fala no Senado.
Às 9h39 (horário de Brasília), a taxa dos contratos futuros de DI com vencimento em janeiro de 2013 estava em 7,72%, ante 7,75% do ajuste de segunda-feira. Já o DI para janeiro de 2014 marcava 8,06%, ante 8,09% da véspera. Na ponta mais longa, o contrato de DI para janeiro de 2017 estava em 9,77%, ante 9,83% do ajuste anterior. Na segunda-feira, a curva a termo precificava um corte de 0,50 ponto porcentual da taxa básica na próxima reunião do Copom, em 10 e 11 de julho. Para o encontro seguinte, em 28 e 29 de agosto, ela apontava um corte um pouco acima de 0,25 ponto.
Para o economista-sênior do Besi Brasil, Flávio Serrano, as taxas curvas têm nesta terça-feira a tendência de seguir em queda, enquanto o movimento das longas é um pouco mais indefinido. "Existe um sentimento de que a Selic deve mesmo cair para 7,50% (no fim do ano), então os juros curtos devem recuar um pouco hoje. Ontem a curva precificava algo maior do que 0,25 de corte na reunião seguinte do Copom (no fim de agosto)", afirmou.
A queda das expectativas para o Produto Interno Bruto (PIB) em 2012, aliada a um exterior nebuloso, justifica a precificação de continuidade nos cortes da Selic. Longe dos negócios diários com DIs, analistas de bancos e consultorias também reforçam a tendência de que o ciclo de baixa da Selic continua pelo menos até agosto.
Em relatório distribuído no fim desta segunda-feira, a LCA Consultores destacou que a ata do Copom, divulgada na sexta-feira, não alterou o discurso de "parcimônia" nos cortes. Além disso, o quadro externo segue conturbado no exterior. "Isso consolidou a convicção generalizada de que a taxa Selic será reduzida a 8% ao ano em julho e reforçou a possibilidade de redução adicional a partir do Copom de agosto", registrou o relatório. "Ainda assim, continuamos a atribuir probabilidade ligeiramente preponderante à perspectiva de que o Banco Central encerre o ciclo de cortes em julho, com Selic a 8% ao ano", ressaltou a LCA.
Às 11h, o presidente do BC, Alexandre Tombini, participa de audiência pública no Senado. Operadores e analistas ficarão atentos à fala de Tombini, que pode dar pistas sobre os próximos passos da autoridade monetária.
Nesta terça-feira, o exterior mostra certa indefinição, o que deixa as taxas longas sem um norte. "As bolsas ameaçam melhorar lá fora, mas muitos mercados de renda fixa ainda exibem cautela", citou Serrano, do Besi Brasil. Mais cedo, o Banco Central Europeu (BCE) informou que a demanda por sua linha de crédito de uma semana ilimitada subiu para o nível mais alto desde que a instituição fez a segunda operação de refinanciamento de longo prazo (LTRO, na sigla em inglês), em fevereiro. Além disso, a Espanha viu o custo do seguro de sua dívida contra default atingir um novo recorde. Na Grécia, segue a expectativa com as eleições no fim de semana, que podem definir o futuro do país na zona do euro.