ESG

Mais amplo e pela 1ª vez sem Petrobras, B3 lança novo índice ESG

Gestor vê necessidade de setor de combustível fóssil ser excluído para sempre de índices sustentáveis

Petrobras: empresa ficou pela 1ª vez de fora de um índice ESG da B3; estão excluídos companhias de tabaco, carvão térmico e "armas controversas" (Germano Lüders/Exame)

Petrobras: empresa ficou pela 1ª vez de fora de um índice ESG da B3; estão excluídos companhias de tabaco, carvão térmico e "armas controversas" (Germano Lüders/Exame)

GG

Guilherme Guilherme

Publicado em 9 de setembro de 2020 às 06h00.

Última atualização em 9 de setembro de 2020 às 06h37.

Em parceria com a maior provedora de índices do mundo, a S&P Dow Jones, a B3 lançou o índice o S&P/B3 Brasil ESG. O índice é o terceiro feito pela B3 com base nos valores ESG (sigla em inglês para ambiental, social e de governança), mas o primeiro sem a participação da Petrobras. Embora tenha emitido mais de 60 milhões de toneladas de CO2 em 2019, a companhia petrolífera segue presente nos índices de Sustentabilidade Empresarial (ISE) e de Carbono Eficiente (ICO2). A lista completa das empresas que integram o índice ainda não foi divulgada, mas, em questionamento feito pela Exame, a S&P confirmou que a Petrobras não faz parte do índice.

Mais amplo que o ISE e o ICO2, com respectivamente 30 e 25 companhias, o S&P/B3 Brasil ESG têm 96 componentes, sendo que o maior peso (23,9%) está no setor financeiro. Na sequência, o segmento de consumo discricionário aparece com participação de 17,6%, e o industrial, com 13,2%. Entre as 10 ações com maior relevância no índice estão Natura, Itaú, Bradesco, Cemig, Telefônica, Tim e Klabin.

Fábio Alperowitch, sócio e gestor do fundo FAMA, que segue as diretrizes de investimento ESG desde a década de 1990, vê a criação do índice como uma notícia positiva e destaca a maior quantidade de ações em relação aos anteriores. “Índices inclusivos são desenvolvedores de sustentabilidade. Empresas médias que nunca conseguiram entrar no Ibovespa podem decidir ser sustentáveis para entrar no índice. Nesse sentido é maravilhoso”, afirma.

Para sua formação, o índice leva em consideração os pontos de ESG de cada empresa no ranking S&P DJI e exclui ações dependendo da pontuação no Pacto Global, da ONU (Organizações das Nações Unidas). Também ficam de fora empresas de extração e uso de carvão térmico, tabaco e fabricantes de “armas controversas”, como biológicas químicas e atômicas.

“A Petrobras não está [no S&P/B3 Brasil ESG], mas pode voltar. O índice usa notas de ESG das empresas. Entendo a [necessidade de ter] quantificação de critérios, mas não é possível dar nota de ESG. Espero que um dia o setor de combustível fóssil seja excluído de uma vez por todas”, afirma Alperowitch.

Para o gestor, há necessidade de exclusão do setor dos índices de ESG mesmo que a Petrobras se torne carbono zero, ou seja, que compense o CO2 emitido por meio de compra de crédito de carbono. “Por mais que o setor de extração de minério seja ruim para o meio ambiente, não tem alternativa, já que a gente não consegue ter um mundo sem aço ou ter aço sem o minério. Já o combustível fóssil é cada vez mais substituível por energias renováveis.”

O lançamento do novo índice da B3 ocorre em meio à crescente demanda por investimentos que sigam os padrões ESG. De acordo relatório recente do Morning Star, a indústria de fundos ESG bateu 1 trilhão de dólares pela primeira vez no segundo trimestre deste ano. Embora o levantamento não tenha levado em conta os números brasileiros, no país, esse tipo de fundo vem ganhando espaço nos últimos dois anos.

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