Mercados

Mago da matemática faz fortuna de US$700 mi sem traders humanos

XTX um enorme poder computacional para analisar dados e ganha dinheiro com formação de mercado

Sistema possui 42 petabytes de armazenamento utilizável e 850 terabytes de memória de acesso aleatório, o que ajuda a empresa a administrar mais de US$ 150 bilhões em volume diário de negociação de ações, moedas, renda fixa e commodities (Matt Anderson/Getty Images)

Sistema possui 42 petabytes de armazenamento utilizável e 850 terabytes de memória de acesso aleatório, o que ajuda a empresa a administrar mais de US$ 150 bilhões em volume diário de negociação de ações, moedas, renda fixa e commodities (Matt Anderson/Getty Images)

GG

Guilherme Guilherme

Publicado em 7 de dezembro de 2019 às 08h40.

Última atualização em 7 de dezembro de 2019 às 09h40.

Quando os ex-alunos da New Economic School se reuniram em Londres em setembro para seu primeiro encontro informal fora da Rússia, o programa de dois dias incluía palestras com antigos formandos, convidados como o bilionário Petr Aven, presidente do conselho do Alfa-Bank, e bebidas em pubs locais.

Eles também tiveram direito a um uma visita ao escritório londrino da XTX Markets, fundada por Alex Gerko, um ex-aluno da prestigiada escola, onde os convidados puderam ver a réplica da cápsula da Apollo 11 da empresa, máquinas de fliperama e um corredor iluminado com mais de 30 mil LEDs gerando simulações do ciclo de vida das células.

Embora esses floreios se encaixem perfeitamente em uma típica startup de tecnologia, a XTX ganha dinheiro de uma maneira mais antiquada: formação de mercado.

A XTX, que está crescendo fora da Europa e ganhando presença nos Estados Unidos, registrou lucro de 117 milhões de libras (US$ 153,4 milhões) em 2018, mais do que o dobro do ano anterior.

O sucesso da empresa proporcionou a Gerko uma fortuna condizente com um empreendedor de tecnologia. Seu patrimônio líquido é de US$ 700 milhões, segundo cálculos do Índice de Bilionários Bloomberg.

Gerko não quis comentar seu patrimônio por meio de um porta-voz.

A XTX - o nome faz referência a uma fórmula matemática usada em seus algoritmos de negociação - depende da análise de dados e de enorme poder computacional. O site da empresa se orgulha de seus 42 petabytes de armazenamento utilizável e 850 terabytes de memória de acesso aleatório, o que ajuda a empresa a administrar mais de US$ 150 bilhões em volume diário de negociação de ações, moedas, renda fixa e commodities.

Dados do LinkedIn mostram que a empresa possui uma força de trabalho que se sentiria mais à vontade no Vale do Silício do que na City of London, pois os funcionários especializados em ciência da computação superam em muito os profissionais com diplomas em finanças e economia. A XTX, em uma medida que lembra uma antiga estratégia do Google, iniciou um concurso on-line este ano com um prêmio de US$ 100 mil para ajudar na busca por cientistas de dados. Os eventos da equipe incluem competições de xadrez, e Gerko e sua empresa patrocinaram a Olimpíada Internacional de Matemática, Palestras Públicas de Matemática de Oxford e a King’s Maths School, em Londres.

Embora outras empresas, como a concorrente Citadel Securities, também contrataram profissionais do Vale do Silício, o compromisso da XTX com as habilidades tecnológicas se destaca - a empresa não tem traders humanos e conta com apenas um único vendedor.

“Como o negócio se eletronizou, tudo o que realmente precisam fazer é se conectar às várias plataformas e formar mercados”, disse Larry Tabb, fundador da empresa de pesquisa Tabb Group.

Gerko fez doutorado da Universidade Estadual de Moscou e, posteriormente, estudou na New Economic School. O executivo iniciou sua carreira financeira negociando ações no Deutsche Bank em 2004, antes de ser transferido para o câmbio. Em 2009, Gerko foi para o hedge fund GSA Capital, onde administrava a formação de mercado.

Então, em 2015, fundou a XTX, que depois contratou Zar Amrolia, que divide as funções de CEO com Gerko. Amrolia também tem doutorado em matemática e anteriormente foi cochefe de renda fixa, moedas e commodities no Deutsche Bank. Sua mudança para a XTX, na época minúscula comparada ao gigante financeiro global que deixou para trás, parecia presciente menos de um ano depois, quando a XTX superou o Deutsche Bank no ranking do Euromoney Institutional Investor entre as maiores tradings de câmbio à vista do mundo.

A XTX continuou a se expandir, abrindo escritórios em Singapura, Nova York e, mais recentemente, em Paris. A empresa está introduzindo novos produtos, incluindo ações e títulos do Tesouro dos EUA.

Acompanhe tudo sobre:Alta frequênciaempresas-de-tecnologiaMercado financeiro

Mais de Mercados

Dólar fecha em queda de 0,84% a R$ 6,0721 com atuação do BC e pacote fiscal

Entenda como funcionam os leilões do Banco Central no mercado de câmbio

Novo Nordisk cai 20% após resultado decepcionante em teste de medicamento contra obesidade

Após vender US$ 3 bilhões, segundo leilão do Banco Central é cancelado