Lupatech desperdiça ’boom’ petrolífero e dívida é castigada
Segundo analista, a empresa apostou na expansão da produção enquanto a Petrobras se concentrava em exploração e desenvolvimento
Da Redação
Publicado em 27 de abril de 2011 às 10h25.
Nova York e Rio de Janeiro - A Lupatech SA está pagando mais do que qualquer outra empresa brasileira no mercado de dívida em dólares. A maior fornecedora de serviços e equipamentos para o setor petrolífero enfrenta aumento no endividamento e dificuldades em aproveitar a disparada do investimento na área.
O rendimento dos títulos perpétuos da Lupatech com cupom de 9,875 por cento da Lupatech subiu para 11,01 por cento ontem, maior nível em 11 meses. Não tem taxa mais alta entre as emissões brasileiras, segundo dados compilados pela Bloomberg. O rendimento subiu 84 pontos-base desde 3 de março, quando a empresa divulgou prejuízo no trimestre. No mesmo período, a taxa dos títulos de empresas industriais latino-americanas recuou 5 pontos, segundo dados do Credit Suisse Group AG.
A Lupatech fez 17 aquisições nos últimos quatro anos para aproveitar oportunidades criadas com as descobertas da Petróleo Brasileiro SA, sua maior cliente. As operações elevaram a razão entre a dívida líquida da Lupatech e lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações, ou Ebitda, de 11,2 por cento no quarto trimestre de 2009 para 14,9 por cento um ano depois, segundo o Barclays Plc.
Para Artur Delorme, analista da Ativa Corretora, a Lupatech apostou na expansão da produção de petróleo num momento em que a Petrobras se concentrava em exploração e desenvolvimento.
“O grande foco da Petrobras tem sido em exploração, e não no aumento da produção e contratação de serviço, que é o que realmente alimenta as finanças da Lupatech”, disse Juan Cruz, analista de dívida corporativa de mercados emergentes do Barclays em Nova York, em entrevista por telefone. “Tem algo errado se todo esse dinheiro vai para o setor e não dá resultado” para a empresa, disse.
Descobertas da Petrobras
A taxa média que investidores exigem para comprar títulos da dívida externa brasileira caiu 5 pontos-base ontem para 5,39 por cento, segundo o JPMorgan Chase & Co.
Os bônus perpétuos da Lupatech são “um instrumento extremamente eficiente por não trazerem riscos de refinanciamento, e os custos são absolutamente apropriados em comparação com outros papéis”, disse a empresa em e-mail respondendo a perguntas da Bloomberg.
A Petrobras respondeu por 42 por cento do faturamento da Lupatech em 2010, segundo comunicado da Lupatech. Em 2007, a estatal descobriu petróleo no segundo maior campo do Brasil, Lula, e fez sete descobertas na área nos últimos 12 meses, disse em 8 de abril a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis.
O campo de Lula, anteriormente denominado Tupi, está na região do pré-sal e tem 6,5 bilhões de barris em reservas recuperáveis.
Grande parte dos investimentos da Petrobras nos últimos anos foi em poços de exploração, e este não é um segmento em que a Lupatech opera, disse Delorme, da Ativa, em entrevista por telefone do Rio de Janeiro. A Lupatech depende basicamente da Petrobras, disse o analista.
Prejuízos
A Lupatech teve prejuízo em três dos últimos quatro anos. Em 2010, o Ebitda caiu 11,5 por cento e o prejuízo chegou a R$ 73,2 milhões. O prejuízo de R$ 43,1 milhões no quarto trimestre foi o maior em dois anos, segundo dados da Bloomberg.
Em dezembro, a Moody’s Investors Service rebaixou a classificação de risco das notas perpétuas da Lupatech de B3 para Caa2, oito níveis abaixo de grau de investimento. A agência citou o “perfil de liquidez e uma estrutura de capital que podem não ser sustentáveis no longo prazo” para justificar o corte da nota, segundo relatório de 23 de dezembro.
Filippe Goossens, o analista da Moody’s que escreveu o relatório, não retornou imediatamente telefonemas e e-mails solicitando comentário. O caixa e o faturamento esperado da Lupatech são suficientes para cobrir todas as necessidades deste ano e a empresa não tem planos de emitir dívida em 2011, afirmou ontem o porta-voz da companhia.
Petros, BNDES
Ruth Mazzoni, analista do Standard Bank em Nova York, disse que investidores preocupados com um possível calote não estão levando em consideração as participações que o fundo de pensão dos funcionários da Petrobras, o Petros, e que o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social têm na Lupatech. Juntos, os dois controlam 26,4 por cento da Lupatech, de acordo com dados da Bloomberg.
“Temos sido relativamente construtivos em relação à Lupatech basicamente porque Petros e BNDES têm participações tão significativas na companhia”, disse Mazzoni em entrevista por telefone. “Não vemos grande probabilidade de um evento de liquidez, e o rendimento é muito bom.”
Nova York e Rio de Janeiro - A Lupatech SA está pagando mais do que qualquer outra empresa brasileira no mercado de dívida em dólares. A maior fornecedora de serviços e equipamentos para o setor petrolífero enfrenta aumento no endividamento e dificuldades em aproveitar a disparada do investimento na área.
O rendimento dos títulos perpétuos da Lupatech com cupom de 9,875 por cento da Lupatech subiu para 11,01 por cento ontem, maior nível em 11 meses. Não tem taxa mais alta entre as emissões brasileiras, segundo dados compilados pela Bloomberg. O rendimento subiu 84 pontos-base desde 3 de março, quando a empresa divulgou prejuízo no trimestre. No mesmo período, a taxa dos títulos de empresas industriais latino-americanas recuou 5 pontos, segundo dados do Credit Suisse Group AG.
A Lupatech fez 17 aquisições nos últimos quatro anos para aproveitar oportunidades criadas com as descobertas da Petróleo Brasileiro SA, sua maior cliente. As operações elevaram a razão entre a dívida líquida da Lupatech e lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações, ou Ebitda, de 11,2 por cento no quarto trimestre de 2009 para 14,9 por cento um ano depois, segundo o Barclays Plc.
Para Artur Delorme, analista da Ativa Corretora, a Lupatech apostou na expansão da produção de petróleo num momento em que a Petrobras se concentrava em exploração e desenvolvimento.
“O grande foco da Petrobras tem sido em exploração, e não no aumento da produção e contratação de serviço, que é o que realmente alimenta as finanças da Lupatech”, disse Juan Cruz, analista de dívida corporativa de mercados emergentes do Barclays em Nova York, em entrevista por telefone. “Tem algo errado se todo esse dinheiro vai para o setor e não dá resultado” para a empresa, disse.
Descobertas da Petrobras
A taxa média que investidores exigem para comprar títulos da dívida externa brasileira caiu 5 pontos-base ontem para 5,39 por cento, segundo o JPMorgan Chase & Co.
Os bônus perpétuos da Lupatech são “um instrumento extremamente eficiente por não trazerem riscos de refinanciamento, e os custos são absolutamente apropriados em comparação com outros papéis”, disse a empresa em e-mail respondendo a perguntas da Bloomberg.
A Petrobras respondeu por 42 por cento do faturamento da Lupatech em 2010, segundo comunicado da Lupatech. Em 2007, a estatal descobriu petróleo no segundo maior campo do Brasil, Lula, e fez sete descobertas na área nos últimos 12 meses, disse em 8 de abril a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis.
O campo de Lula, anteriormente denominado Tupi, está na região do pré-sal e tem 6,5 bilhões de barris em reservas recuperáveis.
Grande parte dos investimentos da Petrobras nos últimos anos foi em poços de exploração, e este não é um segmento em que a Lupatech opera, disse Delorme, da Ativa, em entrevista por telefone do Rio de Janeiro. A Lupatech depende basicamente da Petrobras, disse o analista.
Prejuízos
A Lupatech teve prejuízo em três dos últimos quatro anos. Em 2010, o Ebitda caiu 11,5 por cento e o prejuízo chegou a R$ 73,2 milhões. O prejuízo de R$ 43,1 milhões no quarto trimestre foi o maior em dois anos, segundo dados da Bloomberg.
Em dezembro, a Moody’s Investors Service rebaixou a classificação de risco das notas perpétuas da Lupatech de B3 para Caa2, oito níveis abaixo de grau de investimento. A agência citou o “perfil de liquidez e uma estrutura de capital que podem não ser sustentáveis no longo prazo” para justificar o corte da nota, segundo relatório de 23 de dezembro.
Filippe Goossens, o analista da Moody’s que escreveu o relatório, não retornou imediatamente telefonemas e e-mails solicitando comentário. O caixa e o faturamento esperado da Lupatech são suficientes para cobrir todas as necessidades deste ano e a empresa não tem planos de emitir dívida em 2011, afirmou ontem o porta-voz da companhia.
Petros, BNDES
Ruth Mazzoni, analista do Standard Bank em Nova York, disse que investidores preocupados com um possível calote não estão levando em consideração as participações que o fundo de pensão dos funcionários da Petrobras, o Petros, e que o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social têm na Lupatech. Juntos, os dois controlam 26,4 por cento da Lupatech, de acordo com dados da Bloomberg.
“Temos sido relativamente construtivos em relação à Lupatech basicamente porque Petros e BNDES têm participações tão significativas na companhia”, disse Mazzoni em entrevista por telefone. “Não vemos grande probabilidade de um evento de liquidez, e o rendimento é muito bom.”