Lupatech despenca na renda fixa com financiamento mais escasso
Opções de financiamento da Lupatech estão diminuindo em meio aos esforços para se recuperar de uma queda nas vendas e recompor seu caixa após 17 aquisições em três anos
Da Redação
Publicado em 21 de outubro de 2011 às 10h17.
São Paulo/Rio de Janeiro - Os títulos em dólar da Lupatech SA estão despencando com o receio que a companhia que obtém mais de 70 por cento de sua receita com a Petróleo Brasileiro SA possa ter dificuldades para cumprir seus compromissos de dívida.
A taxa dos títulos perpétuos da fornecedora de serviços e equipamentos para o setor petrolífero disparou 61 pontos-base, ou 0,61 ponto percentual, para 13,76 por cento ontem. A Moody’s Investors Service Inc. rebaixou, em 19 de outubro, a nota de crédito da empresa em um nível, para Caa2, oito níveis abaixo do grau de investimento. A taxa média dos títulos com classificação similar de empresas da América Latina subiu seis pontos-base, para 12,5 por cento, segundo o Credit Suisse Group AG.
As opções de financiamento da Lupatech estão diminuindo em meio a seus esforços para se recuperar de uma queda nas vendas e recompor seu caixa após 17 aquisições entre 2007 e 2010, feitas com vistas nas oportunidades de negócios relacionadas às maiores descobertas de petróleo no Ocidente em cerca de três décadas. A desaceleração econômica e a volatilidade dos mercados de capitais globais estão alimentando receios de que a Lupatech possa se tornar a primeira das companhias que tentam aproveitar as descobertas do pré-sal para reestruturar sua dívida.
“Todas essas coisas se tornaram ainda mais difíceis por causa da rápida e significativa mudança na perspectiva econômica global e pelo fato que os mercados de capital estão ou mais voláteis ou pouco flexíveis”, disse Filippe Goossens, analista da Moody’s em entrevista por telefone de São Paulo. “Enfrentamos um aumento na incerteza relacionada à capacidade da companhia em conseguir a liquidez que precisa para atravessar esse período de dificuldade”.
Probabilidade de calote
O novo rating Caa2 da Lupatech, que sugere 29 por cento de probabilidade de calote no prazo de um ano, está nove níveis abaixo do governo brasileiro. A taxa dos títulos do governo em dólares com vencimento em 2021 subiu seis pontos-base ontem, para 3,77 por cento, segundo dados compilados pela Bloomberg. Os papéis da Petrobras de mesmo prazo oferecem rendimento de 5,18 por cento.
A companhia tinha R$ 61 milhões em caixa no fim do segundo trimestre e despesa anual com juros de R$ 150 milhões, disse a Moody’s. A Lupatech tem cerca de R$ 200 bilhões em dívidas vencendo até junho de 2012, a maior parte referente a empréstimos obtidos pelo programa da Petrobras para facilitar financiamento aos fornecedores, de acordo com a Standard & Poor’s.
A Lupatech disse em comunicado por e-mail que conta com “apoio total” do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social e de outros acionistas para a implementação de ações que visam à recuperação operacional e financeira da empresa.
Venda de ativos
O BNDES detém 11 por cento da Lupatech. O fundo de pensão dos funcionários da Petrobras, o Petros, possui uma participação de 15 por cento.
A empresa disse que os empréstimos atuais não são afetados pelo rebaixamento da Moody’s. A Lupatech pretende levantar até R$ 200 milhões por meio da venda de ativos antes do fim do ano, de acordo com o comunicado.
A Lupatech disse em comunicado ao mercado na semana passada que pode vender a unidade Steelinject Injeção de Aços Ltda. para a Forjas Taurus SA por R$ 14 milhões.
Representantes da Petrobras e do BNDES que pediram para não ser identificados negaram-se a fazer comentários.
A Lupatech não se beneficiou do investimento recorde da Petrobras de R$ 76,4 bilhões em 2010 porque a estatal se concentrou na conclusão de projetos de exploração que não necessitavam de produtos da Lupatech. A Lupatech fabrica cordas de ancoragem para segurar as plataformas sobre os campos de produção e também válvulas empregadas na produção de petróleo e gás natural.
Pré-sal
Auro Rozenbaum, analista do Banco Bradesco SA, disse que é pouco provável a Lupatech deixar de pagar suas dívidas já que a companhia faz parte dos esforços do governo de mais do que dobrar a produção de petróleo do Brasil na próxima década por meio do desenvolvimento dos campos do pré-sal.
“Esta é uma empresa que está totalmente alinhada com os interesses e políticas do governo brasileiro para a indústria petrolífera”, disse Rozenbaum. “Não acho que vão deixar uma empresa dessas quebrar.”
O status da companhia no mercado doméstico vai ajudá-la a conseguir negócios, considerando a exigência de que a Petrobras e outras petrolíferas comprem até 70 por cento dos equipamentos de fornecedores nacionais, disse Rozenbaum.
São Paulo/Rio de Janeiro - Os títulos em dólar da Lupatech SA estão despencando com o receio que a companhia que obtém mais de 70 por cento de sua receita com a Petróleo Brasileiro SA possa ter dificuldades para cumprir seus compromissos de dívida.
A taxa dos títulos perpétuos da fornecedora de serviços e equipamentos para o setor petrolífero disparou 61 pontos-base, ou 0,61 ponto percentual, para 13,76 por cento ontem. A Moody’s Investors Service Inc. rebaixou, em 19 de outubro, a nota de crédito da empresa em um nível, para Caa2, oito níveis abaixo do grau de investimento. A taxa média dos títulos com classificação similar de empresas da América Latina subiu seis pontos-base, para 12,5 por cento, segundo o Credit Suisse Group AG.
As opções de financiamento da Lupatech estão diminuindo em meio a seus esforços para se recuperar de uma queda nas vendas e recompor seu caixa após 17 aquisições entre 2007 e 2010, feitas com vistas nas oportunidades de negócios relacionadas às maiores descobertas de petróleo no Ocidente em cerca de três décadas. A desaceleração econômica e a volatilidade dos mercados de capitais globais estão alimentando receios de que a Lupatech possa se tornar a primeira das companhias que tentam aproveitar as descobertas do pré-sal para reestruturar sua dívida.
“Todas essas coisas se tornaram ainda mais difíceis por causa da rápida e significativa mudança na perspectiva econômica global e pelo fato que os mercados de capital estão ou mais voláteis ou pouco flexíveis”, disse Filippe Goossens, analista da Moody’s em entrevista por telefone de São Paulo. “Enfrentamos um aumento na incerteza relacionada à capacidade da companhia em conseguir a liquidez que precisa para atravessar esse período de dificuldade”.
Probabilidade de calote
O novo rating Caa2 da Lupatech, que sugere 29 por cento de probabilidade de calote no prazo de um ano, está nove níveis abaixo do governo brasileiro. A taxa dos títulos do governo em dólares com vencimento em 2021 subiu seis pontos-base ontem, para 3,77 por cento, segundo dados compilados pela Bloomberg. Os papéis da Petrobras de mesmo prazo oferecem rendimento de 5,18 por cento.
A companhia tinha R$ 61 milhões em caixa no fim do segundo trimestre e despesa anual com juros de R$ 150 milhões, disse a Moody’s. A Lupatech tem cerca de R$ 200 bilhões em dívidas vencendo até junho de 2012, a maior parte referente a empréstimos obtidos pelo programa da Petrobras para facilitar financiamento aos fornecedores, de acordo com a Standard & Poor’s.
A Lupatech disse em comunicado por e-mail que conta com “apoio total” do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social e de outros acionistas para a implementação de ações que visam à recuperação operacional e financeira da empresa.
Venda de ativos
O BNDES detém 11 por cento da Lupatech. O fundo de pensão dos funcionários da Petrobras, o Petros, possui uma participação de 15 por cento.
A empresa disse que os empréstimos atuais não são afetados pelo rebaixamento da Moody’s. A Lupatech pretende levantar até R$ 200 milhões por meio da venda de ativos antes do fim do ano, de acordo com o comunicado.
A Lupatech disse em comunicado ao mercado na semana passada que pode vender a unidade Steelinject Injeção de Aços Ltda. para a Forjas Taurus SA por R$ 14 milhões.
Representantes da Petrobras e do BNDES que pediram para não ser identificados negaram-se a fazer comentários.
A Lupatech não se beneficiou do investimento recorde da Petrobras de R$ 76,4 bilhões em 2010 porque a estatal se concentrou na conclusão de projetos de exploração que não necessitavam de produtos da Lupatech. A Lupatech fabrica cordas de ancoragem para segurar as plataformas sobre os campos de produção e também válvulas empregadas na produção de petróleo e gás natural.
Pré-sal
Auro Rozenbaum, analista do Banco Bradesco SA, disse que é pouco provável a Lupatech deixar de pagar suas dívidas já que a companhia faz parte dos esforços do governo de mais do que dobrar a produção de petróleo do Brasil na próxima década por meio do desenvolvimento dos campos do pré-sal.
“Esta é uma empresa que está totalmente alinhada com os interesses e políticas do governo brasileiro para a indústria petrolífera”, disse Rozenbaum. “Não acho que vão deixar uma empresa dessas quebrar.”
O status da companhia no mercado doméstico vai ajudá-la a conseguir negócios, considerando a exigência de que a Petrobras e outras petrolíferas comprem até 70 por cento dos equipamentos de fornecedores nacionais, disse Rozenbaum.