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Juros futuros sobem com IPCA-15 salgado e dólar alto

Inflação em alta, melhora da situação externa e câmbio influenciaram o mercado de juros futuros

A valorização do dólar frente ao real também influenciou os juros futuros (David Siqueira/Stock.xchng)

A valorização do dólar frente ao real também influenciou os juros futuros (David Siqueira/Stock.xchng)

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Da Redação

Publicado em 20 de setembro de 2011 às 17h57.

São Paulo - O mercado de juros futuros voltou a incorporar prêmios ao longo de toda a curva a termo de juros futuros. Apesar da quase certeza dos agentes em relação aos próximos passos do Banco Central, que deve entregar a taxa Selic em 11% no fim do ano, a forte aceleração do IPCA-15 de setembro, a continuidade do avanço do dólar ante o real e a melhora externa foram os motes para o movimento de alta, visto que o quadro internacional, ao menos até agora, não se mostra suficientemente nebuloso para fazer a inflação convergir à meta, como acredita e aposta a autoridade monetária. A perspectiva de liberação de recursos para a Grécia e as expectativas pela reunião do Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos), que termina amanhã, favoreceram o encarecimento dos ativos externos.

Assim, ao término da sessão normal na BM&F, o DI janeiro de 2012 (213.350 contratos) marcava 11,34%, de 11,33% no ajuste. O DI janeiro de 2013, com giro de 319.855 contratos, subia de 10,64% para 10,69%. Entre os longos, o janeiro de 2017 (64.625 contratos) apontava 11,62%, de 11,52% na véspera, enquanto o DI janeiro de 2021 (9.385 contratos) avançava para 11,63%, ante 11,55% no ajuste.

O IPCA-15, que passou de 0,27% em agosto para 0,53% em setembro, reforçou o movimento de alta dos vencimentos longos, uma vez que, na visão dos investidores e analistas, fica cada vez mais difícil que a inflação corrente recue 2 pontos porcentuais até abril de 2012, conforme o projetado pelo BC. O grupo Alimentação e Bebidas registrou alta de 0,72% em setembro, de 0,21% em agosto e teve um impacto de 0,17 ponto porcentual no IPCA-15.

Para piorar o quadro em relação ao comportamento dos preços, o dólar segue sua escalada rumo ao patamar de R$ 1,80, o que mitiga eventuais recuos das commodities no âmbito internacional. Ontem, por exemplo, quando o CRB (Commodity Research Bureau, índice que é referência global para as commodities) recuou, sua cotação em reais subiu, ancorada na valorização do dólar em relação à moeda local. "O câmbio vinha tendo uma importante atuação desinflacionária nos últimos anos. Até se esperava que essa ajuda acabasse, com a taxa de câmbio encontrando um piso ou uma faixa de oscilação, mas ninguém contava que ela fosse jogar contra de forma tão rápida", avaliou um operador.

Lá fora, as expectativas, mais do que as notícias, sustentaram durante boa parte do dia o otimismo dos investidores. A esperança de que a troica libere, em breve, a próxima parcela de recursos para a Grécia ajudou a sustentar os negócios desde cedo. Nos Estados Unidos, a perspectiva positiva gira em torno do fim da reunião do Fed. O presidente da instituição, Ben Bernanke, já havia dito que a instituição discutiria ferramentas para estimular a economia em sua reunião. Agora, o mercado espera que a autoridade monetária dos EUA abandone as palavras e parta para a ação, anunciando alguma medida ao término do encontro, amanhã.

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