Bovespaa: a taxa do juro para julho deste ano encerrou a sessão a 7,20%, ante 7,21% no ajuste (Divulgação/Facebook/BM&FBovespa)
Da Redação
Publicado em 4 de março de 2013 às 17h54.
São Paulo - Apesar das leves altas verificadas pela manhã, as taxas dos contratos futuros de juros fecharam nesta segunda-feira muito próximas da estabilidade, em uma reação - relativamente tardia - ao cenário externo.
Profissionais ouvidos pela reportagem afirmaram que as notícias ruins vindas da China, que trouxeram certo pessimismo para os negócios no exterior, ficaram em segundo plano pela manhã, com os investidores se apoiando em projeções do relatório Focus para elevar as taxas na curva a termo. Na segunda metade dos negócios, o ambiente externo pesou e os juros desaceleraram.
No fim da sessão regular, a taxa do contrato futuro de juros para julho de 2013 (153.765 contratos negociados) estava em 7,20%, ante 7,21% do ajuste de sexta-feira. O DI para janeiro de 2014 (240.885 contratos) marcava 7,64%, ante 7,62% do ajuste anterior, enquanto o DI para janeiro de 2015 (152.370 contratos) tinha taxa de 8,33%, ante 8,30%. Entre os vencimentos mais longos, o DI para janeiro de 2017 (105.445 contratos) marcava 9,03%, ante 9,04%, e o contrato para janeiro de 2021 (43.185 contratos) tinha taxa de 9,55%, ante 9,56%.
"A alta das taxas pela manhã surpreendeu um pouco, porque olhando os indicadores - o IPCA da Fipe e os dados da China, que também restringiu crédito -, eu esperava o (juro do) DI para baixo hoje", comentou Paulo Petrassi, gerente de renda fixa da Leme Investimentos.
Pela manhã, a Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe) anunciou uma taxa de 0,22% para o Índice de Preços ao Consumidor (IPC), o que representa uma desaceleração ante a inflação de 1,15% de janeiro. O resultado ficou, inclusive, abaixo da mediana projetada pelo mercado, de 0,33%.
A China anunciou, na sexta-feira, a elevação da parcela de entrada e as tarifas dos empréstimos de hipoteca para compradores de um segundo imóvel em cidades onde os preços subiram muito rápido. Nesta segunda, o país revelou que o índice dos gerentes de compras (PMI, na sigla em inglês) do setor de serviços caiu para 54,5 em fevereiro, de 56,2 em janeiro.
Na prática, as notícias vindas da Ásia lançaram dúvidas sobre o ritmo de crescimento da China, o que se refletiu nos mercados de commodities e nas Bolsas durante boa parte do dia. No Brasil, a reação esperada nos juros dos DIs, de baixa, deu lugar a leves ganhos pela manhã, ancorados no relatório Focus. O documento mostrou que a mediana prevista para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) neste ano subiu de 5,69% para 5,70%, refletindo a revisão para cima na estimativa para o IPCA em fevereiro, de 0,43% para 0,45%. A expectativa para o índice 12 meses à frente avançou de 5,49% para 5,62%, enquanto a mediana das projeções para o IPCA em 2014 seguiu em 5,50%.
No Top 5, grupo das instituições que mais acertam projeções, a mediana das estimativas para o IPCA 2013 no médio prazo subiu de 5,56% para 5,57% e, para 2014, caiu de 6,5% para 6,2%. A previsão para o crescimento do PIB neste ano, por sua vez, recuou, de 3,10% para 3,09%. Para o ano que vem, o crescimento previsto passou de 3,60% para 3,65%. As projeções para a Selic permaneceram em 7,25% ao ano e 8,25% ao ano em 2013 e 2014, respectivamente.
"Até surpreendeu o movimento de alta dos DIs pela manhã", confirmou Luciano Rostagno, estrategista-chefe do Banco WestLB do Brasil. "Isso pode ter ocorrido em virtude da inflação nos próximos 12 meses, mas com a China atuando para conter os preços dos imóveis, a pressão deveria ser baixista."
Isso se materializou à tarde, com as taxas se reaproximando dos ajustes de sexta-feira. Segundo um profissional, nesta semana de reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), os investidores seguem firmes na aposta de que não haverá alteração da Selic neste mês. Para o encontro de abril, porém, permanecem as dúvidas. As apostas de que o Banco Central poderá elevar a Selic no mês que vem diminuíram bastante no fim da semana passada - um cenário que permaneceu nesta segunda-feira. De acordo com o profissional, se forem consideradas apenas duas possibilidades - manutenção e alta de 0,25 ponto porcentual em abril -, há 40% de chances de que a Selic suba e 60% de probabilidade de que continue em 7,25% ao ano.