XP: gestor da empresa, João Braga disse que não há lógica em fazer apostas neste momento (Germano Lüders/Exame)
Graziella Valenti
Publicado em 6 de abril de 2020 às 11h16.
Última atualização em 6 de abril de 2020 às 13h21.
João Braga, sócio gestor da XP Asset Management, em sua primeira fala desde que vendeu parte relevante de suas posições mais convictas e conhecidas, Qualicorp e Via Varejo, deu uma medida do quanto desconcentrou sua carteira. “No lugar de ter de 12 a 15 papéis, hoje eu tenho 23”, afirmou em ‘live’ promovida pela casa nesta manhã, apenas para clientes.
Na semana passada, Braga anunciou a abertura de captação de novos recursos para fundos de longo prazo, a exemplo de diversas gestoras conhecidas. Quando surpreendeu o mercado com a venda de suas maiores “eleitas”, ele justificou que não há lógica em ficar em poucas apostas no atual cenário de preços, que julga descontados. “Eu ficaria muito exposto a riscos específicos e, nesse nível de preço, isso não faz sentido.” Explicou ainda que estará atento e propenso a fazer mais “trocas de posições”, com a volatilidade do mercado.
Braga, pupilo de Luis Stuhlberger, gestor do renomado fundo Verde, afirmou aos investidores que montou uma estratégia que permite a ele uma boa noite de sono. E que não tentará acertar o piso de preços da bolsa, nem o grande ativo que fará a carteira brilhar. “Não tem bala de prata. É back to basics mesmo.”
Na explicação, ele dividiu a carteira em três núcleos de estratégia:
*25% são as “atacantes”: Banco do Brasil, a própria Via Varejo e Lojas Renner, entre outras. São empresas escolhidas a dedo, que estão no centro dos problemas gerados pela pandemia, na visão do mercado, mas que têm condições de se recuperar bem.
*35% são as “anti-frágeis”: Vale e Suzano estão nessa lista, que inclui companhias dolarizadas e ligadas a commodities. Nesse grupo também estão Marfrig e JBS, pois o gestor acredita que haverá, após a pandemia, uma mudança estrutural com aumento do custo de produção de proteína animal na China, em decorrência de possíveis controles sanitários maiores pelo governo.
*40% são as “defensivas”: Copel, Sanepar, Eletrobras, Cesp, por exemplo. As empresas de energia e saneamento estariam, nessa crise, mais protegidas dos reflexos econômicos pelo caráter de necessidade básica.