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Itaú é destaque entre os pares. Mas, para ação brilhar, falta aumento na distribuição de lucros

Banco teve lucro recorde de R$ 8,7 bilhões no segundo trimestre e mantém inadimplência sob controle

Itaú (Itaú/Wikimedia Commons)

Itaú (Itaú/Wikimedia Commons)

Beatriz Quesada
Beatriz Quesada

Repórter de Invest

Publicado em 8 de agosto de 2023 às 14h59.

Última atualização em 8 de agosto de 2023 às 15h41.

O Itaú deixou os concorrentes, mais uma vez, comendo poeira. O maior banco privado do Brasil teve um lucro recorde em valores nominais de R$ 8,7 bilhões no segundo trimestre, maior que os resultados de Bradesco e Santander somados. 

Outros números também se destacam, especialmente na porcentagem de clientes que estão conseguindo pagar suas contas. Enquanto os pares ainda sofrem para controlar a inadimplência, o Itaú apresentou um indicador estável em 3 pontos percentuais. O trunfo vem, em parte, do histórico do negócio, que tem como uma de suas principais operações a alta renda, um segmento menos volátil em períodos de crise.  

Segundo o presidente do Itaú Milton Maluhy Filho, houve também uma boa leitura de cenário, que permitiu ao banco se preparar para a turbulência que vem chacoalhando o setor desde o ano passado.

“Se tivéssemos mantido a carteira com o mesmo formato de 2021 até hoje, teríamos indicadores de atraso [na inadimplência] 1,8 ponto percentual pior do que o observado agora. Foi fundamental fazer ajuste de apetite”, disse o CEO em teleconferência com jornalistas para comentar os resultados na manhã desta terça-feira, 8.

O resultado de dar inveja na concorrência, no entanto, causou uma reação neutra entre os analistas. A avaliação é que, apesar de positivo, o balanço não trouxe nenhum gatilho que pudesse levar as ações além do preço premium que já é pago por elas. 

O Itaú é negociado a R$ 27,7 por volta das 15h desta terça-feira. O preço-alvo médio recomendado para a ação é de R$ 34 segundo o Trademap, que compilou 15 recomendações para o papel -- todas sugerem compra da ação. Os papéis do banco operam em alta de 0,4% na tarde de hoje, e acumulam alta de quase 14% no ano.

Novo gatilho para o Itaú: distribuição de lucros

Existe, porém, um fator que pode destravar ainda mais valor para as ações do Itaú: o aumento na distribuição de lucros. Entra aqui um aspecto técnico, com a mudança de regra do Banco Central para o cálculo da parcela dos ativos ponderados pelo risco (RWA). Implementada em julho, a alteração fez os bancos ficarem com um índice de capital maior. E isso, por sua vez, abre caminho para um incremento na remuneração aos acionistas.

No caso do Itaú, o índice de capital subiu de 13,6% em junho para 14,7% em julho com a nova regra. O banco ainda não apresentou uma proposta de mudança na distribuição, mas o presidente reforçou que a intenção da companhia “é não reter excesso de capital”.

“Há espaço para aumento do payout [pagamento de proventos] do banco”, afirmou. “Embora tenhamos tido um benefício da nova norma de risco de crédito, por outro lado estamos aguardando a norma de risco operacional Basileia que deve sair no segundo semestre. Esperamos uma revisão do payout conforme tenhamos maiores informações”.

O Itaú distribuiu R$ 8,4 bilhões em pagamento de proventos no ano passado. O saldo é maior que o registrado nos anos de pandemia, mas ainda não retornou ao patamar na casa dos dois dígitos registrado entre 2016 e 2019.

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