(Pilar Olivares/Reuters)
Marcelo Sakate
Publicado em 3 de novembro de 2020 às 19h42.
Última atualização em 9 de novembro de 2020 às 10h05.
O Itaú Unibanco, maior banco do país, acaba de anunciar ao mercado por meio de fato relevante que estuda deixar de ser o maior acionista direto da XP Inc. É uma fatia atualmente de 46,05% do capital da empresa de investimentos.
"A companhia informa que está em estágio avançado de análise e discussão de estudos acerca da possibilidade de segregar essa linha de negócio do conglomerado Itaú Unibanco em uma nova sociedade (“Newco”), mediante cisão de empresas do referido conglomerado com a versão de parte do seu patrimônio, representada por ações representativas de 41,05% do capital da XP, para a Newco", diz o comunicado.
Na prática, os atuais acionistas do Itaú se tornariam também acionistas da Newco (nome fantasia da nova companhia), que por sua vez assumiria a expressiva fatia no capital da XP. Vale destacar que, embora seja o maior acionista da holding de investimentos, o Itaú não faz parte do bloco de controle, posição que cabe ao CEO Guilherme Benchimol e a outros sócios-fundadores. Uma vez de posse das ações da Newco, caberia a cada acionista decidir manter ou se desfazer dessa posição -- e portanto indiretamente da XP.
No caso dos acionistas controladores do Itaú, as ações da Newco passariam para a holding do banco, a Itaúsa.
Embora esteja em "estágio avançado de análise", o negócio não seria realizado neste ano, de acordo com o Itaú.
Os demais 5% do capital da XP nas mãos do Itaú podem ser colocados à venda, ainda de acordo com o fato relevante. O objetivo nesse caso seria "monetizar parte de seu investimento na referida companhia", reforçando o capital do Itaú. É uma fatia avaliada em 1,17 bilhão de dólares, pelo fechamento de bolsa nesta terça-feira, 3. Seria equivalente a 6,7 bilhões de reais pela cotação do dia.
É um valor superior aos 5,7 bilhões de reais que o Itaú desembolsou para comprar 49,9% do capital da XP em 2017. A fatia foi diluída com a oferta pública inicial (IPO, na sigla em inglês) da XP na Nasdaq no fim do ano passado.
"Referida venda, se concretizada, e a depender das condições aplicáveis de mercado, poderá ser realizada por meio de uma ou mais ofertas públicas realizadas na Nasdaq ou em qualquer outra bolsa de valores na qual a XP tenha suas ações ou certificados de suas ações listados", afirmou o banco no comunicado.
A decisão do Itaú de divulgar o estudo para sair da XP é um novo capítulo na disputa entre as duas instituições financeiras. No meio deste ano, o banco atacou o modelo de remuneração da corretora com agentes autônomos, citando um suposto conflito de interesses, uma vez que eles recebem comissão pelos produtos vendidos aos clientes. A XP retrucou criticando o modelo de gerentes do Itaú, que estariam interessados em empurrar produtos com baixa rentabilidade.