IRB Brasil despenca mais de 35% após Buffett negar compra de ações
As ações da IRB acumularam ganhos na semana passada com a notícia da compra de participação do megainvestidor
Da Redação
Publicado em 4 de março de 2020 às 11h08.
Última atualização em 4 de março de 2020 às 14h56.
São Paulo - As ações da resseguradora IRB Brasil chegaram a cair 37,68% nesta quarta-feira (4), após a Berkshire Hathaway negar a compra dos papéis da companhia. O papel era o mais negociado da sessão, superando até mesmo os da Vale e Petrobras, conhecidos por sua alta liquidez. Uma reportagem publicada pelo jornal O Estado de São Paulo dizia que, entre os dias 6 e 18 de fevereiro, a Berkshire Hathaway aproveitou a baixa das ações da resseguradora para triplicar participação, já que as ações da IRB acumulavam queda de mais de 30% na bolsa.
O recuo dos papéis se deu depois que a gestora fluminense Squadra publicou duas cartas aos acionistas em que questionava os lucros recorrentes da IRB Brasil e afirmava que estava operando short [vendido] na IRB, visando obter lucro com a desvalorização do ativo.
Após a notícia ser publicada, os papéis da resseguradora fecharam em alta de 6,66%, sendo uma das únicas a terminar a semana passada no azul. Nesta semana, porém, o ativo acumula desvalorização de 47,5%, considerando a cotação mínima desta sessão. Somente entre segunda (2) e terça-feira (3), os papéis da IRB acumularam queda de 15,79%. A baixa havia sido impulsionada pela renúncia de Ivan Monteiro da presidência do conselho administrativo. A CVM abriu um processo administrativo para apurar a saída do executivo.
De acordo com analistas da Guide Investimentos, o fato de Buffett ter negado a informação de que aumentou a posição na empresa e sequer ser acionista da IRB "elevou o nível de incerteza sobre o ativo".
Antes de ter anunciado a saída de Monteiro em fato relevante, a IRB Brasil havia negado a renúncia de Monteiro, assim como diz não serem verídicos os questionamentos da Squadra.
Para Bruce Barbosa, analista e fundador da Nord Research, "a história está muito mal contada". "É bem dificil pegar inconsistências contábeis. Em geral, as auditorias nunca pegam. Mas o mercado sempre desconfiou da capacidade de crescimento da IRB, que vinha apresentando resultados consistentes a cada trimestre”, comentou.
Em comunicado enviado ao mercado, a IRB Brasil afirmou que seu Conselho de Administração se reuniu e determinou à Diretoria Estatutária que promova uma análise criteriosa a partir das notícias divulgadas na data de ontem relativas à sua base acionária. A companhia informará ao mercado sobre os desdobramentos desta análise.
Procurada, a IRB Brasil informou que, no momento, não vai se pronunciar.