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IPCA, pacote fiscal, China, repercussão do Fomc e de Petrobras: o que move o mercado

De olho na temporada de balanços, hoje o mercado conhece os resultados de Embraer

Radar: mercado ainda aguarda pacote de corte de gastos (Hollie Adams/Getty Images)

Radar: mercado ainda aguarda pacote de corte de gastos (Hollie Adams/Getty Images)

Rebecca Crepaldi
Rebecca Crepaldi

Repórter de finanças

Publicado em 8 de novembro de 2024 às 08h14.

Última atualização em 8 de novembro de 2024 às 08h28.

Os mercados internacionais operam em queda na manhã desta sexta-feira, 8. Após uma semana agitada, em que o mercado operou volátil com as eleições dos Estados Unidos e as reuniões do Comitê de Política Monetária (Copom) e do Comitê de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês), hoje as bolsas devolvem parte dos ganhos.

Na Europa, os mercados operam em queda, com o Euro Stoxx 50 recuando mais de 1%. Em Nova York, após recordes históricos, os índices futuros caem. Na Ásia, as bolsas fecharam sem direção definida com o mercado reagindo ao corte de juros nos EUA.

Repercussão do Fomc

Um dia após a vitória de Donald Trump nas eleições dos Estados Unidos, o Federal Reserve (Fed, o banco central americano) decidiu, de forma unânime, reduzir os juros americanos em 25 pontos-base (p.b.), no que foi a penúltima reunião do ano do Comitê de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês).

Com o corte, a taxa de referência dos EUA saiu da faixa de 4,75% a 5% para 4,50% a 4,75%.

Para Luis Cezário, economista-chefe da Asset 1, tanto o comunicado do Fed como o discurso do presidente Jerome Powell foram neutros.

"O comunicado teve pouco alterações e veio em linha com o esperado. Mantiveram avaliação de que o mercado de trabalho está esfriando e que os riscos para as metas de inflação e pleno emprego estão balanceados."

No comunicado, o Fed não se comprometeu com o tamanho do ciclo de cortes de juros e manteve uma postura já adotada há bastante tempo, de dependência de dados futuros.

Já na conferência de imprensa, Powell reforçou que o cenário base do Fed continua o mesmo: levar a taxa de juros para um patamar mais neutro ao longo do tempo e, para isso, a estratégia do Fed permanece a de analisar os dados e tomar as decisões a cada reunião.

Um momento esperado por todos os investidores era se Powell comentaria a vitória de Trump - e comentou. O executivo esclareceu que o resultado das eleições não afetará as decisões do Fomc no curto prazo.

"Ele deixou claro que é preciso tempo para que o novo governo apresente suas políticas econômicas para que o Fed possa incorporá-las em seus modelos e quantificar qual seria o impacto líquido dessas medidas na perseguição das metas de inflação e de pleno emprego", diz Cezário,

Com isso, na prática, o mercado prevê que a eleição de Trump não deve afetar a decisão do Fomc em dezembro, já que os dirigentes irão focar nos dados de inflação, de mercado de trabalho e de atividade.

Contudo, à medida que as decisões de política econômica sejam anunciadas e implementadas, e afetem o cenário prospectivo da inflação e as perspectivas econômicas, o Fed deverá reagir e redefinir seu plano de vôo.

Avaliamos que caso as mudanças esperadas nas tarifas comerciais e na política imigratória e fiscal resultem em um choque inflacionário, o FED será forçado a pausar o processo de corte de juros para manter a política monetária restritiva por um período mais longo.

Pacote fiscal

O mercado ainda aguarda o anúncio do pacote fiscal. Ontem, a reunião no Planalto entre ministros e Lula foi encerrada sem nenhuma decisão.

Segundo a Secretaria de Comunicação da Presidência da República, nesta sexta-feira, 8, as discussões serão retomadas às 14h, também no Palácio do Planalto. Com isso, o Ministério da Fazenda informou que o ministro Fernando Haddad permanecerá em Brasília para participar do debate.

A previsão inicial era de que Haddad embarcasse para São Paulo ainda na noite de quinta-feira, onde despacharia na sexta-feira.

Como mostrou a EXAME, segundo fontes do governo, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva já definiu que não haverá alterações nos reajustes do salário mínimo e nos gastos com educação na Proposta de Emenda à Constituição (PEC).

Para o presidente, os dois temas são especialmente sensíveis e representam bandeiras históricas de sua gestão. Assim, blindá-los de mudanças seria uma forma de minimizar os impactos negativos sobre sua popularidade.

Entre as propostas apresentadas ao presidente pelo ministro da Fazenda e pela ministra do Planejamento, Simone Tebet, está a desindexação do reajuste do piso salarial do valor das aposentadorias, dos demais benefícios previdenciários, trabalhistas e assistenciais.

China

A China aprovou um projeto de lei que eleva o teto das dívidas de governos locais em 6 trilhões de yuans, o equivalente a US$ 840 bilhões, segundo a agência de notícias estatal chinesa Xinhua.

Além disso, a China anunciou um pacote fiscal US$ 1,4 trilhão para ajudar no crescimento de sua economia, cuja meta é de um avanço em 5% para o Produto Interno Bruto (PIB).

Havia já essa expectativa de que Pequim anunciasse novas medidas de estímulos ao fim de uma reunião de cinco dias do Comitê Permanente do Congresso Nacional do Povo da China.

As autoridades de Pequim também já estão se preparando para um possível aumento de tensões comerciais com a volta de Donald Trump à Casa Branca.

O Comitê Permanente do Congresso Nacional do Povo, de onde saiu a nova resolução, autorizou os governos locais altamente endividados a emitir novos títulos ao longo de três anos e realocar outros em títulos previamente planejados ao longo de cinco anos para reestruturar suas finanças.

Agenda

Entre as agendas de indicadores, destaque para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) referente a outubro. De olho na temporada de balanços, hoje o mercado conhece os resultados de Embraer.

Investidores também repercutem o resultado de Petrobras, que reportou um lucro líquido de R$ 32,6 bilhões no terceiro trimestre deste ano, marcando um aumento de 22,3% em comparação com o mesmo período de 2022. O valor superou as projeções da Bloomberg, que esperava um lucro de R$ 18,602 bilhões.

Com este desempenho, a Petrobras reverteu o prejuízo de R$ 2,605 bilhões registrado no segundo trimestre, quando os resultados foram impactados pela variação cambial e por um acordo tributário firmado com a União em junho. A disputa envolvia tributos, como Cide e PIS/Cofins, que, segundo o governo, deveriam ter sido pagos entre 2008 e 2013.

Neste trimestre, a Petrobras informou que não houve impacto de itens não recorrentes em seu balanço. A empresa também destacou que obteve "resultados financeiros consistentes em um contexto de queda nos preços do Brent, compensada por maiores volumes de vendas de derivados."

A receita de vendas da estatal alcançou R$ 129,58 bilhões no trimestre, uma alta de 3,8% em relação aos R$ 124,83 bilhões do mesmo período de 2023.

O Ebitda ajustado, principal indicador de geração de caixa operacional, somou R$ 63,66 bilhões, apresentando uma queda anual de 3,8%, mas com aumento de 28% em relação ao trimestre anterior.

A dívida líquida da companhia subiu para US$ 44,25 bilhões, um crescimento de 1,2% em comparação ao segundo trimestre de 2023.

  • Pré-mercado: Balanços/Brasil [Embraer]
  • 8h: FGV/Brasil - IPC-S 1ª quadrissemana de novembro
  • 9h: IBGE/Brasil - IPCA de outubro (Mensal)
  • 9h: IBGE/Brasil - IPCA de outubro (Anual)
  • 11h: University of Michigan/EUA - Expectativas de Inflação de novembro (preliminar)
  • 11h: University of Michigan/EUA - Confiança do Consumidor de novembro (preliminar)
  • 12h: University of Michigan/EUA - Índice de sentimento do consumidor de novembro (preliminar)
  • 13h: Evento/EUA - Discurso de Michelle Bowman (Fed) na Universidade do Mississipi
  • 14h: Baker Hughes/EUA - Poços de petróleo em operação
  • 14h: Evento/Brasil - Lula se reúne com ministros para definir pacote de corte de gastos
  • 15h: Evento/Brasil - Tesouro dá entrevista sobre relatório da dívida pública de setembro
  • 16h30: Evento/EUA - Alberto Musalem (Fed St. Louis) fala em evento
  • 22h30: NBS/China - CPI e PPI de outubro
Acompanhe tudo sobre:bolsas-de-valores

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