A maioria dos analistas espera que o ativismo dos acionistas seja tão frenético, se não mais, no ano que vem (Alkis Konstantinidis/Reuters)
Repórter colaborador
Publicado em 17 de dezembro de 2024 às 09h32.
A paixão dos investidores ativistas pelo Japão atingiu níveis recordes. Para deixar claro: investidores ativistas são aqueles que, individual ou coletivamente, compram ações de empresas com a intenção de influenciar suas políticas e decisões. E, claro, para que isso valorize o ativo.
Os fundos geridos por esse tipo de investidor compraram pelo menos ¥ 1 trilhão (US$ 6,6 bilhões) em ações japonesas neste ano, de acordo com dados compilados pela Bloomberg Intelligence. Mesmo depois de levar em conta os negócios que eles saíram, eles ainda devem ter negócios valendo mais de ¥ 500 bilhões (US$ 3,3 bilhões), de acordo com a análise dos dados da Bloomberg. Isso os torna os maiores compradores de ações do país depois das empresas que fazem recompras de ações.
Liderados por fundos estrangeiros, incluindo Elliott Investment Management e Oasis Management, bem como investidores específicos do Japão, como Yoshiaki Murakami, os ativistas adquiriram participações em pelo menos 146 empresas. Eles exigiram com sucesso a alienação de imóveis, mudanças na estratégia e recompras de ações. Por outro lado, credores, seguradoras, bancos fiduciários e investidores "normais" mais venderam do que compraram papéis em 2024.
A Oasis, sediada em Hong Kong, teve um recorde de 12 novos investimentos ao longo do ano. Outro grupo ativista local, Strategic Capital, também fez cinco novos investimentos.
Estima-se que investidores ativistas agora detenham pelo menos ¥ 4,8 trilhões (US$ 31,2 bilhões) em ações japonesas, cerca de 0,5% do valor total de mercado de cerca de ¥ 980 trilhões (US$ 6,37 trilhões), de acordo com dados compilados pela Bloomberg Intelligence.
O maior investidor ativista individual é a Effissimo Capital Management, que tem grandes participações na empresa de transporte Kawasaki Kisen Kaisha, na seguradora Dai-ichi Life Holdings e na fabricante de fotocopiadoras Ricoh.
A Silchester, sediada no Reino Unido, detém participações em mais de 30 empresas japonesas, incluindo a construtora Taisei e a fabricante de máquinas Sumitomo Heavy Industries.
A maioria dos analistas espera que o ativismo dos acionistas seja tão frenético, se não mais, no ano que vem. Isso se deve em parte à pressão da Agência de Serviços Financeiros do Japão para que as empresas acabem com as chamadas participações cruzadas, uma prática de décadas que forneceu suporte confiável para afastar investidores externos.