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Impacto de fim do estímulo do Fed sobre AL deve ser breve

Um corte de liquidez do Fed pode levar investidores a vender alguns ativos de mercados emergentes o que provavelmente golpeará ações, bônus e divisas da região


	Países de grau de investimento, como Brasil, México, Chile e Colômbia lidarão melhor com o fim do estímulo, disse o analista da Standard & Poor's Joydeep Mukherji
 (Yasuyoshi Chiba/AFP)

Países de grau de investimento, como Brasil, México, Chile e Colômbia lidarão melhor com o fim do estímulo, disse o analista da Standard & Poor's Joydeep Mukherji (Yasuyoshi Chiba/AFP)

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Da Redação

Publicado em 24 de maio de 2013 às 21h10.

São Paulo - Mercados financeiros latino-americanos devem sofrer apenas um choque curto e forte quando o Federal Reserve, banco central norte-americano, começar a apertar sua política monetária ultra-frouxa, uma vez que investidores são atraídos pelos ativos de grandes rendimentos da região e continuam convencidos de que as perspectivas econômicas são sólidas.

Investidores estão começando a abraçar a ideia de que quando o Fed começar a reduzir o ritmo de suas impressoras de dinheiro e a comprar menos bônus, será porque a medida foi bem-sucedida em levar a economia norte-americana a crescer de maneira sustentável. Essa expansão deve promover a demanda global e ajudar as vendas de importantes exportações latino-americanas.

A América Latina absorveu fluxos de 400 bilhões de dólares ao longo dos últimos cinco anos na medida em que investidores de economias desenvolvidas de baixo crescimento como os EUA buscavam retornos maiores em regiões de maior expansão.

Um corte de liquidez do Fed, não importa quão gradual, pode levar investidores a vender alguns ativos de mercados emergentes, o que provavelmente golpeará ações, bônus e divisas da região. Mas investidores e analistas disseram ao Reuters Latin American Investment Summit nesta semana que qualquer fraqueza provavelmente terá duração breve.

"Eu não acho que a onda de vendas iniciais mostre muita força na maior parte dos mercados", disse William Landers, que administra mais de 6 bilhões de dólares em ações latino-americanas para o gigante de gestão de ativos BlackRock.

A sugestão de que o programa de estímulo pode estar caminhando para a redução pelo chairman do Fed, Ben Bernanke, na quarta-feira derrubou fortemente as bolsas de valores globais e impulsionou os yields (rendimentos) dos Treasuries, títulos de dívida soberana norte-americana, para acima de 2 por cento. No entanto, os yields na América Latina continuaram mais elevados.

"Eu não espero ver saída maciça de recursos se vir aumentos graduais nos juros nos EUA em função da melhora na perspectiva econômica, isso é algo positivo de maneira geral", disse a gestora de portfólio Denise Simon, do Lazard Asset Management.

Ativos e ângulos

Quando o Fed começar a reduzir o ritmo de compras, o que deve acontecer até o fim do ano, investidores em todas as classes de ativos enfrentarão escolhas árduas. Para alguns, como hedge funds, a volatilidade motivada pelo evento será benvinda, enquanto outros estão tentando identificar setores que serão menos afetados.

No segmento de renda fixa, onde boa parte da exposição está localizada em bônus soberanos de longo prazo, há riscos mais altos, disse o co-vice-presidente de investimentos dos especialistas em dívida emergentes Greylock Capital Management, Diego Ferro.

"O fim da 'QE' vai promover algum tipo de zeragem de posições ... Claramente, em ativos de duração longa e qualidade alta há mais exposição", acrescentou.

Landers, do BlackRock, defende que o Brasil, apesar do fraco crescimento recente que pressionou o ânimo de investidores, ainda representa uma boa opção de compra em função de sua crescente classe média, que promove o consumo doméstico.

Ele disse gostar do setor de consumo, especialmente varejistas, de bancos brasileiros e de alimentos, como a BRF. No entanto, ele está pessimista em relação a matérias-primas e energia.

Países de grau de investimento, como Brasil, México, Chile e Colômbia lidarão melhor com o fim do estímulo, disse o analista da Standard & Poor's Joydeep Mukherji.

"Os países a que atribuímos classificações mais baixas --como Equador, Venezuela e Argentina --, por estar piores classificados, têm menos proteção, então até sob um cenário benigno serão alvo de pressão e começarão a perder receita com exportação", diss Mukherji.

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