Mercados

Efeito OGX faz bolsa mudar Ibovespa após 45 anos

Mudanças buscam tornar o principal índice acionário brasileiro menos suscetível à oscilações bruscas e mais representativo do conjunto da economia do país


	Telão da Bovespa: índice da bolsa terá nova metodologia em 2014
 (Alexandre Battibugli/EXAME)

Telão da Bovespa: índice da bolsa terá nova metodologia em 2014 (Alexandre Battibugli/EXAME)

DR

Da Redação

Publicado em 11 de setembro de 2013 às 22h28.

São Paulo - A BM&FBovespa anunciou nesta quarta-feira a primeira mudança na metodologia do Ibovespa em 45 anos, num esforço para tornar o principal índice acionário brasileiro menos suscetível à oscilações bruscas e mais representativo do conjunto da economia do país.

As mudanças, que entram em vigor no começo de 2014, vieram a reboque de uma inédita torrente de críticas contra os critérios de inclusão no índice, após a derrocada de ações do grupo EBX de Eike Batista, especialmente da petroleira OGX, que caíram 90 por cento só este ano, e ainda assim aumentou seu peso na última revisão da carteira teórica, na virada do mês.

A alteração será feita em duas etapas, a primeira em janeiro, com uma combinação da metodologia vigente com a nova, que será adotada integralmente na segunda fase, em maio.

O novo critério considera além da liquidez o valor de mercado das companhias em circulação no mercado para inclusão no índice. O cálculo do índice de negociabilidade considerará um terço da participação no número de negócios e dois terços do volume financeiro da bolsa.

O papel também não poderá ter valor inferior a 1 real cada, caso contrário será excluído, a não ser que a companhia realize um grupamento de ações. Neste caso, haverá um recálculo.

Com isso, o regulamento passa a evitar situações como a da ação da OGX que, embora tenha fechado esta quarta-feira valendo 38 centavos, ocupa o posto de quarta mais importante do índice criado em 1968, que tem com um dos principais critérios de inclusão na carteira a liquidez.

"O foco apenas na negociabilidade insere um elemento especulativo no índice, que é uma grande armadilha, porque você pode ter uma situação como a OGX, que está tendo um colapso enquanto ao mesmo tempo ganha peso no índice ", disse o analista -chefe da Gradual Investimentos, Paulo Esteves.

Para o especialista, as mudanças vão ajudar a recuperar a confiança dos investidores na qualidade do Ibovespa. "Com certeza isso vai deixar o índice menos distorcido. Com as mudanças, o índice ganha credibilidade, especialmente entre os investidores estrangeiros", disse.

A bolsa paulista apresentará os detalhes da decisão na quinta-feira, em entrevista coletiva à imprensa.

OGX

A outrora promissora petroleira, que chegou à Bovespa em 2008 com uma oferta de ações até então recorde, caiu em desgraça entre os investidores, após fracassar em seguidos projetos exploratórios, acumulando prejuízos e dívidas.

Na terça-feira a agência de classificação de risco Fitch cortou os ratings de dívida da companhia para "C", a um passo do calote, após Eike contestar a validade do exercício de uma opção de venda ("put") de 1 bilhão de dólares em favor da empresa.

Atualizado às 22h27min.

Acompanhe tudo sobre:AçõesB3bolsas-de-valoresEmpresasEmpresas abertasIbovespaMercado financeiroservicos-financeiros

Mais de Mercados

Ação da Nvidia pode se valorizar até 27% nos próximos 90 dias, prevê Citi

BRF compra planta de processados na China por R$ 460 milhões para expandir atuação na Ásia

A estratégia do C6 Bank para crescer com IA generativa

JP Morgan diz que pacote fiscal 'não recuperou credibilidade' e projeta Selic a 14,25%