Mercados

Ibovespa tem maior alta em dois dias desde 2008 e fecha próximo dos 75 mil

Estímulo trilionário para atenuar impactos econômicos do coronavírus reduz pessimismo sobre impactos econômicos do coronavírus

Bolsa: Ibovespa sobe na abertura desta quarta-feira (25) (NurPhoto/Getty Images)

Bolsa: Ibovespa sobe na abertura desta quarta-feira (25) (NurPhoto/Getty Images)

DR

Da Redação

Publicado em 25 de março de 2020 às 10h24.

Última atualização em 25 de março de 2020 às 18h04.

São Paulo - O Ibovespa teve mais um dia de alta acentuada nesta quarta-feira (25), tendo no radar a possibilidade de o pacote de estímulos de mais de 2 trilhões de dólares ser aprovado ainda hoje no Senado americano. A medida é uma das mais esperadas pelo mercado financeiro. Na sessão o principal índice da bolsa brasileira avançou 7,50% e encerrou em 74.955,57 pontos. Desde terça-feira, o índice acumula alta de 17,91% - a maior já registrada em dois dias desde outubro de 2008.

O projeto americano deve atender diversos setores da sociedade, como pequenas e grandes empresas e governos estaduais e municipais, além de prever um ajuda de custo para famílias de baixa e média renda de 1.200 dólares por adulto e 500 dólares por criança. 

“Junto da atuação recente dos principais bancos centrais do mundo e da melhora verificada no quadro técnico dos mercados, o novo pacote de gastos ajudou a reviver o apetite de investidores por ativos de risco”, escreveram analistas da Guide Investimentos em relatório a clientes.

Na segunda-feira (23), o Federal Reserve, banco central dos Estados Unidos, havia anunciado outro pacote que previa empréstimos aos grandes empregados equivalentes a até 4 anos de financiamento e linhas de créditos especiais para famílias. A medida, somada à expectativa de que o projeto trilionário do governo americano fosse aprovado levaram o índice Dow Jones a registrar, na véspera, a maior alta desde 1993, subindo 11,37%. Nesta quarta, o índice subiu 2,39%.

Apesar do tom positivo nos mercados, Jason Vieira, economista-chefe da Infinity Asset, acredita que esses incentivos possam ser insuficientes para aguentar os impactos do coronavírus (Covid-2019). "Passamos uma década sustentando crescimentos pífios em diversos lugares, queimando o que se tinha de cartuchos de política monetária. E o fiscal europeu, com exceção de Alemanha de meia mão de países, está em frangalhos", afirmou.

Na última semana, o banco americano JPMorgan alertou que a pandemia deve resultar em drásticas recessões em países emergentes, podendo chegar a 12% na América Latina. Na Turquia, o tamanho da recessão deve ser de 17,2%, segundo o banco.

"Estávamos lutando com todas as armas, para evitar o que seria uma recessão média, agora vamos com tudo para uma de dimensões globais em países fragilizados", disse Vieira. Para o economista, uma quarentena muito prolongada poderia levar a uma depressão econômica que impactaria o crescimento de uma década. "Há uma divisão no mercado quanto à perspectiva de shutdown. Os cálculos econômicos são fatalistas conforme aumenta o tempo de reclusão geral."

Entre os investidores brasileiros, também repercutiu as últimas falas do presidente Jair Bolsonaro em rede nacional. “[Ele] conseguiu ser criticado por todos, pelos ataques contra a imprensa, governadores e especialistas em saúde. A sensação geral é que também falta a figura de um administrador da crise no governo”, afirmou Alvaro Bandeira, economista-chefe do banco digital Modalmais, em análise matinal.

No início do pregão, temia-se que a instabilidade política causada pelos comentários do presidente tivesse efeito negativo no mercado, mas a reação foi outra. "Foi meio que o contrário. O mercado entendeu que o governo federal vai fazer de tudo para não deixar a economia parar", disse Henrique Esteter, analista da Guide Investimentos.

Ponto de inflexão?
Por meio de análises gráficas, Alvaro Bandeira viu como fundamental para a recuperação do mercado o Ibovespa ter ultrapassado os 73 mil pontos neste pregão. "Nessa faixa tinha certa concentração e era preciso passar para ficar um pouco mais leve. Agora teria que buscar uma faixa em torno dos 82 mil pontos. Existem alguns pontos de concentração que precisam ser rompidos na recuperação do mercado."

Acompanhe tudo sobre:IbovespaMercado financeiro

Mais de Mercados

"Não faz sentido correr risco com esse nível de juros", diz maior fundo de pensão do Nordeste

Ações da Usiminas (USIM5) caem 16% após balanço; entenda

"Se tentar prever a direção do mercado, vai errar mais do que acertar", diz Bahia Asset

"O dólar é o grande quebra-cabeça das políticas de Trump", diz Luis Otavio Leal, da G5 Partners

Mais na Exame