Ibovespa sobe com declaração de Haddad enquanto Petrobras afunda 10%
Defesa de nova âncora fiscal e foco em PPPs devolvem ganhos ao mercado mesmo com incertezas
Guilherme Guilherme
Publicado em 14 de dezembro de 2022 às 10h33.
Última atualização em 15 de dezembro de 2022 às 11h27.
Em pregão volátil, o Ibovespa virou para alta e conseguiu se segurar em terreno positivo nesta quarta-feira, 14, deixando de lado a pressão com a forte queda da Petrobras. O principal índice da bolsa reagiu positivamente a novas falas do futuro ministro da Economia, Fernando Haddad.
- Ibovespa : + 0,20% 103.745 pontos
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Em entrevista à GloboNews, Haddad defendeu a criação de uma nova âncora fiscal no início do próximo ano, feita via lei complementar. O novo ministro disse ainda que quer "destravar" as Parcerias Público-Privadas (PPPs) para aumentar investimentos.
As falas ajudaram a recuperar o índice, que mais cedo caiu mais de 1% arrastado pela Petrobras. As ações da petroleira desabaram quase 10% na bolsa, com investidores reagindo negativamente à mudança da Lei das Estatais.
A alteração, aprovada na última noite pela Câmara dos Deputados, reduz de 36 meses para 30 dias o período de quarentena para dirigentes de campanha assumirem cargos do alto escalão em estatais.
A mudança viabiliza a escolha de Aloizio Mercadante para a presidência do BNDES do próximo governo. Mas também aumenta as incertezas do mercado sobre o futuro das estatais listadas.
Com menor confiança sobre os próximos passos da Petrobras, investidores trocam as posições na estatal por petrolíferas privadas. Prio é negociada em alta nesta quarta.
A mudança da Lei das Estatais também gera incertezas sobre o Banco do Brasil, que lidera as perdas entre os grandes bancos, caindo mais de 2%.
- Banco do Brasil (BBAS3): - 2,48%
"Vemos a Lei das Estatais como uma das camadas de proteção contra uma possível intervenção na Petrobras. Além disso, destacamos que esse projeto foi aprovado por ampla maioria na Câmara, mostrando que o novo governo poderia ter capital político suficiente para obter apoio do Congresso e fazer novos ajustes na lei", avaliaram analistas do Goldman Sachs em relatório.
O temor causado pela mudança na Lei das Estatais também atingiu o dólar, que chegou a subir a R$ 5,37 na máxima. Porém, o real ganhou terreno após a fala de Haddad, e a moeda americana acabou encerrando a sessão em queda.
- Dólar comercial : - 0,27%, a R$ 5,301
Volatilidade em Wall Street
Nas bolsas americanas, o dia é marcado pela volatilidade. Mais cedo os índices subiam à espera da decisão do Federal Reserve (Fed, o banco central americano) – a última do ano. Logo após a divulgação de alta de 0,5 ponto percentual na taxa, as bolsas viraram para queda.
Isso porque, mesmo sendo amplamente esperada pelo mercado, a alta de hoje veio acompanhada de uma mudança nas perspectivas para 2023. O Fed revisou suas projeções medianas, elevando o juro de 2023 de 4,6% para 5,1% e o juro de 2024 de 3,9% para 4,1%.
As projeções de juros para 2023 ficaram 0,8 p.p. acima da precificação de mercado, de 4,3%, o que levou as bolsas para o negativo.
O discurso de Jerome Powell, presidente do Fed, trouxe alívio momentâneo. Powell sinalizou que o ritmo de alta de juros deve diminuir a partir de fevereiro, o que acalmou os mercados. Como a alta de hoje foi de 0,5 p.p., abre-se a possibilidade para uma elevada ainda menor, de 0,25 p.p., na próxima reunião.
“O discurso de Powell foi duro, porém sinalizou que o comitê tem vontade de diminuir o ritmo de alta de juros cada vez mais. A possibilidade de alta de 0,25p.p. na próxima reunião e não mais 0,5 p.p. trouxe alívio para as bolsas americanas, mas, o tom duro ainda impera”, avaliou Fabio Fares, especialista em análise macro da Quantzed.
A fala de Powell, no entanto, não conseguiu segurar o clima negativo em Wall Sreet.
- Dow Jones (EUA): - 0,42%
- S&P 500 (EUA): - 0,61%
- Nasdaq (EUA): - 0,76%
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