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Bolsa e dólar: entre ruídos na política e alívio no exterior

Caso Moro não foi suficiente para azedar o humor do mercado, que acordou em clima de festa pelo acordo entre EUA e México.

bolsa de valores ações ibovespa (Busakorn Pongparnit/Getty Images)

bolsa de valores ações ibovespa (Busakorn Pongparnit/Getty Images)

TL

Tais Laporta

Publicado em 10 de junho de 2019 às 17h35.

Última atualização em 10 de junho de 2019 às 18h09.

Assunto que dominou esta segunda-feira (10), o vazamento de conversas envolvendo o ministro da Justiça, Sergio Moro, gerou barulho, mas não foi suficiente para azedar de vez o humor dos investidores. O tom positivo com o fim da tensão entre o governo Trump e o México, no final de semana, ajudou a amenizar a tensão no cenário local. 

O principal índice de ações da bolsa, o Ibovespa, fechou em leve queda de 0,36% nesta segunda, aos 97.466 pontos. Já o dólar fechou em leve alta frente ao real de 0,18%. A moeda terminou negociada a R$ 3,8846, em dia de baixo volume de negócios.

No exterior, Wall Street operou seus principais índices no azul, com o impacto positivo da decisão dos Estados Unidos de abandonar os planos de adotar tarifas sobre produtos mexicanos. A notícia também favoreceu os mercados no Brasil, ajudando a amenizar os efeitos negativos do caso Moro.

Mercado atento a desdobramentos do caso Moro

No domingo, o site “Intercept Brasil” publicou reportagens mostrando suposta colaboração entre Moro, então juiz federal, e o coordenador da operação Lava Jato no Ministério Público Federal, Deltan Dallagnol, em torno de estratégias de investigação para implicar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em atos criminosos.

O jornalista responsável pelo Intercept, Glen Greenwald, afirmou ter recebido o material de fonte anônima e que tem ainda áudios, vídeos, fotos e documentos não divulgados. O Ministério Público Federal divulgou nota afirmando ter sido vítima de um ataque hacker.

Segundo a consultoria independente de investimentos Levante, os possíveis desdobramentos do caso vão ditar o humor dos mercados nos próximos dias. "Não há clareza das consequências do vazamentos de conversas do ministro Moro", escreveu o estrategista-chefe Rafael Bevilacqua em relatório.

A equipe da XP Investimentos não descarta que o caso tenha repercussões adicionais, bem como coloca em xeque o ministro mais popular do governo do presidente Jair Bolsonaro. Para a equipe da Coinvalores é mais uma crise para o governo contornar em pleno avanço da reforma da Previdência.

Nesse sentido, notícias na mídia afirmavam nesta segunda-feira que o relator da reforma da Previdência na Câmara dos Deputados, Samuel Moreira (PSDB-SP), vai apresentar seu parecer na quinta-feira, uma vez que deve fazer alterações.

Para a equipe da Brasil Plural, o cenário político se tornou mais favorável à aprovação da reforma da Previdência nas últimas semanas, conforme nota a clientes.

"Bolsonaro cessou as críticas à 'velha política' e tem acenado com diálogo construtivo com os demais Poderes, ao mesmo tempo em que o Congresso exerce cada vez mais seu protagonismo em relação à agenda do país ao reforçar suas prerrogativas e reafirmar seu compromisso com as reformas."

Destaques do Ibovespa

O pregão foi negativo para as ações do setor financeiro. Os bancos BRADESCO e  ITAÚ UNIBANCO recuaram mais de 1%, entre as maiores pressões de baixa no Ibovespa, após acumularem três semanas seguidas de valorização.

As ações da estatal PETROBRAS também fecharam em baixa, após o anúncio de que fará uma oferta secundária de 241,34 milhões de ações detidas pela Caixa Econômica Federal. Também foi dia de falta de tendência clara dos preços do petróleo.

A Companhia Energética de Minas Gerais (CEMIG) cedeu mais de 2%. Segundo o jornal “O Estado de Minas”, deputados à frente dos blocos que detêm a maioria na Assembleia Legislativa de Minas Gerais criticam a imposição feita pelo Tesouro Nacional de privatizar a Cemig e o congelamento de salários.

A empresa de serviços de pagamentos CIELO recuou 1,94%, após analistas do Goldman Sachs adotarem recomendação 'neutra' para os papéis, com preço-alvo de R$ 7, conforme veem o ambiente de competição mais intenso no setor de pagamentos ainda afetando os resultados da empresa em 2019 e 2020, mas avaliam que a maior parte do fraco desempenho operacional já está no preço.

Maior alta do dia, a processadora de alimentos BRF avançou 3,98%, tendo de pano de fundo que as exportações de carne suína do Brasil para a China cresceram 51% em maio. No setor, entre as ações listadas no Ibovespa, JBS valorizou 1,71% e Marfrig ganhou 0,15%.

As ações da siderúrgica CSN subiram quase 4%, entre as maiores altas. Investidores monitoram potencial acordo para assinatura de contrato de streaming de minério de ferro da companhia, além das negociações de venda da usina da CSN na Alemanha, SWT.

Fora do Ibovespa, a operadora de planos de saúde HAPVIDA avançou mais de 3%, após anunciar acordo para a aquisição do rival Grupo América por R$ 426 milhões, em uma agressiva estratégia de aquisição para crescer e expandir geograficamente.

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