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Ibovespa fecha em alta puxado pelas ações da Petrobras

Reabertura da economia americana endossa otimismo no mercado

Bolsa: Ibovespa sobe 0,7% e encerra em 81.319,45 pontos (Cris Faga/NurPhoto/Getty Images)

Bolsa: Ibovespa sobe 0,7% e encerra em 81.319,45 pontos (Cris Faga/NurPhoto/Getty Images)

GG

Guilherme Guilherme

Publicado em 20 de maio de 2020 às 17h34.

Última atualização em 20 de maio de 2020 às 18h01.

O Ibovespa, principal índice de ações da bolsa brasileira, fechou em alta de 0,71%, nesta quarta-feira, 20, puxado pelas ações da Petrobras, que subiram mais de 3% na sessão. O índice encerrou em 81.319,45 pontos. O movimento ficou em linha com as bolsas americanas, que tiveram seu quinto dia consecutivo de alta. No mercado, parte do bom humor entre os investidores se deve aos processos de reabertura nos Estados Unidos, o país mais atingido pelo coronavírus covid-19 em números de mortes e infectados.

De acordo com levantamento do NYT, somente quatro dos 50 estados americanos ainda permanecem em isolamento social mais rígido, 10 promoveram reaberturas regionais e o restante já está com os processos de reabertura a pleno vapor. Segundo conselheiros econômicos da Casa Branca, a velocidade do retorno às atividades ocorre de forma mais rápido do que vinha sendo esperado.

“Fiquei realmente impressionado com a rapidez com que as coisas estão mudando”, disse, na véspera, Kevin Hassett, economista da Casa Branca

Alvaro Bandeira, economista-chefe do banco digital modalmais, também está animado com a velocidade em a economia americana está reabrindo. “Se não tiver uma segunda onda de contaminação, vai ficar bom”, comentou.

No radar dos investidores, também esteve os esforços para aquecer a economia mundial, como a possibilidade de a taxa de juros do Reino Unido cair para abaixo de 0%. Hoje, a Debt Management Office, agência do governo responsável pela gestão da dívida do país, anunciou que vendeu títulos com vencimento de três anos com taxa negativa de 0,003%.

À tarde, teve a divulgação da ata da reunião do Fomc. Mas, não teve grandes novidades que mexessem com o preço dos ativos. “Em suma, temos um comitê que está satisfeito com os efeitos das medidas implementadas até o momento, mas que vê o cenário com um grau razoavelmente grande de cautela e incerteza, colocando-se pronto para atuar novamente caso necessário”, afirmou, em nota, Felipe Sichel, estrategista-chefe do modalmais.

No Brasil, o mercado segue atento à possibilidade de o vídeo da reunião ministerial do presidente Jair Bolsonaro vir a público e confirmar que ele agiu com o intuito de proteger seus filhos de possíveis investigações. "Aqui a situação ainda está muito complicada com o covid-19 e com o pessimismo político. Mas os mercados lá fora estão dando suporte", disse Bandeira.

Destaques

Entre as ações com maior peso no Ibovespa, as da Petrobras tiveram grande contribuição com o movimento positivo. Nesta sessão, os papéis ordinários da companhia avançaram 3,01% e os preferenciais, 3,32%. A alta teve como pano de fundo a valorização do barril de petróleo brent, que serve de referência para a política de preço da estatal e também subiu mais de 3%. A commodity, que já acumula alta de 85% no mês, tem sido beneficiada pelas reaberturas das economias e pela queda do volume de estoque dos Estados Unidos, que voltou a surpreender positivamente nesta quarta.

Mas, quem liderou as maiores valorizações do Ibovespa foi o setor aéreo, um dos setores mais afetados pela crise do coronavírus. Na ponta do índice, as ações da Azul subiram 12,31%. Na semana, o ativo acumula alta de 38,36%. Sua concorrente, a Gol subiu 8,84%. "Todas as sinalizações parecem apontar para a flexibilização de alguns voos, então elas acabam recuperando os preços", disse Daniel Herrera, analista da Todo Investimentos. Segundo ele, esses papéis vem apresentando altíssima volatilidade. "Quando caem, são as piores quedas. Quando sobem, são as mais fortes." 

Já as empresas com parte significativa de suas receitas dolarizada, como frigoríficos e as do setor de papel e celulose, figuraram entre as maiores quedas, tendo em vista a desvalorização da moeda americana hoje. "Os frigoríficos ainda tem mais um agravante, que é o contágio [por coronavírus] dentro de suas instalações. Não está muito claro como vão lidar com isso", comentou Herrera.

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