Mercados

HRT: ação lidera ganhos no setor e divide opiniões

Analistas questionam o aumento da exposição da empresa à Namíbia

O BB Investimentos reduziu a recomendação às ações da empresa após aquisição na Namíbia (Joe Raedle/Getty Images)

O BB Investimentos reduziu a recomendação às ações da empresa após aquisição na Namíbia (Joe Raedle/Getty Images)

DR

Da Redação

Publicado em 1 de março de 2011 às 17h11.

São Paulo – A aquisição da canadense UNX Energy pela HRT Participações (HRTP3) anunciada na última semana melhora as perspectivas para o desempenho da petroleira. Esta é a avaliação da Ágora Corretora, que reiterou a compra das ações ordinárias da companhia e elevou o preço-alvo (dez/11), de 1.950 para 2.380 reais, um potencial de valorização de 26,9%.

Para o analista Luiz Otávio Broad, a aquisição representa um múltiplo de 0,4 dólar por boe (barril de óleo equivalente). “Considerando nossa metodologia de avaliação, na qual atribuímos o valor de 1 dólar/boe, a compra da UNX Energy foi realizada a um preço interessante”.

Após o anúncio da aquisição os papéis da HRT fecharam aquela sessão com desvalorização de 2,2%. De acordo com Broad, o mercado viu com certo ceticismo o negócio. “Acreditamos que a HRT apresenta-se como uma opção para o setor de óleo e gás, com potencial de ganhos ao acionista. Os ativos oriundos da UNX se tornam um fonte significativa de recursos, representando uma adição líquida de 430 reais por ação”, explica.

O valor da transação pode chegar a 1,3 bilhão de reais. Pelo acordo, a HRT pretende comprar até 100% das ações da UNX, que é listada na bolsa de valores de Toronto (Toronto Stock Exchange). O objetivo é expandir as áreas de exploração de petróleo e gás na costa oeste da África, mar da Namíbia, onde acredita que existe potencial para formações similares às do pré-sal do Brasil, com possibilidades de descobertas de campos gigantes.

Contraponto

“A presente aquisição acarreta um importante aumento no risco de investimento na HRT, tendo em vista que todos os recursos prospectivos riscados da UNX estão localizados na Namíbia, aumentando portanto a exposição da HRT àquele país”, analisa Nelson Rodrigues de Matos, do BB Investimentos. Ele lembra que ainda não existem reservas de óleo provadas no país, sendo que a única descoberta é o campo de gás de Kudu, anunciado pela Chevron em 1973. O reservatório não foi desenvolvido. O BB alterou a recomendação de compra para manutenção, com um preço potencial para o final do ano em 2.000 reais.

O Itaú iniciou na semana passada a cobertura das ações com recomendação underperform (performance abaixo da média do mercado) e um preço-alvo de 2.050 reais por papel para o final de 2011. “Aos níveis atuais da ação, acreditamos que o mercado está pagando o valor completo da Bacia dos Solimões mais 62% do nosso valor justo riscado para a Namíbia, o que acreditamos ser muito dado ao estágio atual de desenvolvimento dos ativos da HRT, especialmente os da Namíbia”, destacam. Para Diego Mendes e Paula Kovarsky, entretanto, o potencial adicional para as ações só será destravado com o anúncio das novas descobertas.

Balanço

A HRT Participações apresentou prejuízo líquido de 29,8 milhões de reais no terceiro trimestre de 2010. O valor é 55% maior quando comparado às perdas de 19,2 milhões de reais no trimestre imediatamente anterior. Já os resultados referentes ao último trimestre de 2010 serão divulgados no dia 7 de março, antes da antes da abertura do mercado. Em 2011, as ações da HRT Participações apresentam valorização de 16%, contra uma queda de 3,4% do Ibovespa. O desempenho supera o de seus pares mais representativos listados na bolsa brasileira, como da Petrobras (PETR4), com valorização de 4,2%, e da OGX Petróleo (OGXP3), que amarga queda 1,9%.

Acompanhe tudo sobre:AçõesAnálises fundamentalistasEmpresasGás e combustíveisHRTIndústriaIndústria do petróleoIndústrias em geralMercado financeiroPetróleo

Mais de Mercados

Por que a China não deveria estimular a economia, segundo Gavekal

Petrobras ganha R$ 24,2 bilhões em valor de mercado e lidera alta na B3

Raízen conversa com Petrobras sobre JV de etanol, diz Reuters; ação sobe 6%

Petrobras anuncia volta ao setor de etanol