(Germano Lüders/Exame)
Bloomberg
Publicado em 5 de outubro de 2020 às 20h08.
Última atualização em 5 de outubro de 2020 às 20h10.
A Havan, rede de lojas de departamentos do empresário Luciano Hang, está sendo aconselhada pelos assessores financeiros a adiar sua oferta pública inicial de ações dada a recente turbulência do mercado, de acordo com pessoas familiarizadas com as conversas.
A empresa sediada em Brusque, Santa Catarina, havia entrado no final de agosto com documentos preliminares para um IPO, mas os bancos envolvidos na transação estão dizendo à empresa para adiá-la, disseram as fontes. A Havan não precisa de dinheiro imediatamente e pode esperar até que as condições de mercados melhorem, de acordo com as mesmas pessoas.
Procurada, a Havan não quis comentar.
A transação, uma das mais esperadas na safra recente de IPOs do Brasil, está sendo conduzida por Itaú BBA, XP Investimentos, BTG Pactual, Morgan Stanley, Bank of America, Bradesco BBI, Banco Safra e Banco Santander Brasil. Quando deu entrada para a oferta, a rede varejista esperava ser avaliada entre 70 bilhões e 100 bilhões de reais.
A Havan tem cerca de 150 lojas em 112 municípios e registrou uma receita líquida ajustada de cerca de R$ 756 milhões em 2019, segundo dados do prospecto preliminar enviado à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e de seu site. A companhia é conhecida também por colocar réplicas da Estátua da Liberdade na frente de suas lojas.
Hang emergiu como um dos mais ferrenhos defensores do presidente Jair Bolsonaro na eleição de 2018.
O ano mais movimentado desde 2007 para ofertas públicas iniciais do Brasil perdeu fôlego nas últimas semanas, à medida que os mercados do país azedaram e os investidores estrangeiros se mantiveram afastados da bolsa. O real perdeu quase um terço de seu valor neste ano e o Ibovespa em dólar tem o pior desempenho entre os 93 principais índices mundiais.
A Caixa Econômica Federal interrompeu mais uma vez a estreia pública de sua unidade de seguros Caixa Seguridade no final de setembro, uma oferta que podia arrecadar mais de R$ 10 bilhões. A gigante do açúcar Cosan também cancelou o IPO de sua subsidiária Compass Gás e Energia, negócio que poderia ter levantado até R$ 5 bilhões. Outras ofertas menores de incorporadoras também foram canceladas.
O varejista Grupo Mateus ainda programa a definição de preço de seu IPOs para esta semana.