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Gustavo Franco: taxação de derivativos foi medida infeliz

Ex-presidente do Banco Central defende a 'privatização das reservas internacionais'


	Em seminário em Campos de Jordão, Gustavo Franco comenta sobre a taxação de derivativos cambiais
 (Raul Junior/VOCÊ S/A)

Em seminário em Campos de Jordão, Gustavo Franco comenta sobre a taxação de derivativos cambiais (Raul Junior/VOCÊ S/A)

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Da Redação

Publicado em 8 de novembro de 2013 às 15h25.

São Paulo- A taxação de derivativos cambiais foi uma medida “infeliz” disse Gustavo Franco, sócio da Rio Bravo Investimentos e ex-presidente do Banco Central, em evento ontem em Campos do Jordão, interior de São Paulo.

“Eu acho legítimo usar medidas como o IOF, eu mesmo usei”, disse. “Mas querer aplicar IOF sobre aumento de posição vendida em derivativos é uma medida infeliz” disse. Segundo ele, o “populismo cambial” do ministro da Fazenda, Guido Mantega, prejudica as empresas exportadoras. Franco sugeriu “privatizar as reservas internacionais”.

Os exportadores mantêm hoje cerca de US$ 50 bilhões no exterior, disse ele. Ele defende que fundos brasileiros possam investir lá fora, assim como pessoas físicas, aumentando a saída de recursos.

O real se valorizou 44 por cento de 31 de dezembro 2008 até hoje, na maior alta entre 25 moedas de mercados emergentes acompanhadas pela Bloomberg. Ontem, o dólar caiu 0,4 por cento contra o real para R$ 1,6033.

O superávit fiscal primário, que exclui o pagamento de juros da dívida governamental, do setor público deveria ser o dobro ou o triplo da meta atual, de 4 por cento do Produto Interno Bruto, disse Franco.

O governo atual mostra um discurso mais preocupado com o assunto fiscal, disse ele, ontem, em seminário em Campos de Jordão.

‘Propaganda eleitoral’

“Pelo menos o governo parou com seu discurso equivocado de política anticíclica e isso tem de ser celebrado”, disse. De acordo com Franco, o discurso do secretário de Política econômica, Márcio Holland, “falando como se o superávit fiscal de 4% do PIB fosse grande coisa é somente propaganda eleitoral”.


Mantega anunciou no início do ano corte de R$ 50 bilhões nos gastos correntes do governo federal este ano. Hoje, Tesouro Nacional disse que o superávit primário do governo central, que exclui o pagamento de juros da dívida pública, foi de R$ 11,2 bilhões em julho. Foi o melhor já registrado para meses de julho, segundo o secretário do Tesouro, Arno Augustin.

O ministro da Fazenda disse em 23 de agosto no Senado que o governo está fazendo um esforço fiscal para abrir espaço à redução de juros, a partir do controle da inflação, para deixar a política monetária mais flexível no futuro. Disse também que criar condições para baixar a taxa básica de juros é prioridade.

A taxa básica de juros está atualmente em 12,50 por cento, após o Banco Central ter realizado cinco elevações este ano.

‘Hard way’

Franco disse hoje que o governo só terá uma janela para baixar os juros se for no “hard way”, com mais aperto fiscal. Pois, do jeito que as contas públicas estão hoje, os juros de equilíbrio de longo prazo são de 10%.

Para ele, a queda nos precos dos commodities puxou o declínio nos índices de inflação na crise de 2008, mas desta vez é diferente.

“O governo não vai ter ajuda externa, não vai ter ajuda dos commodities nem do câmbio”, disse Franco. “A sazonalidade agora esta favorável, quando ficar desfavorável e que poderemos ver melhor os dados.”

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