No quarto trimestre de 2022, a companhia aérea Gol (GOLL4) conseguiu a maior margem operacional desde o início da pandemia, puxada pela recuperação da demanda por viagens. No período, o lucro líquido somou R$ 231 milhões, revertendo o prejuízo de R$ 2,81 bilhões registrado um ano antes.

Considerando o resultado recorrente, a empresa teve prejuízo líquido de R$ 381,6 milhões, contra R$ 721,7 milhões de um ano antes.

Os números do exercício fiscal de 2022 ainda não estão auditados e só serão apresentados com análise da auditoria em 28 de março, explicou a empresa.

Como foi o desempenho operacional da Gol no 4º tri?

A receita líquida da Gol chegou a R$ 4,73 bilhões, 62% maior do que um ano antes e um recorde histórico. A receita com transporte de passageiros cresceu 56% enquanto a de transporte de cargas e outros triplicou (+200%), já representando 7,2% da receita total.

A demanda por voos domésticos, aqueles dentro do Brasil, cresceu. O número de passageiros transportados foi 22%4 maior, chegando a 7,4 milhões de pessoas. No mercado internacional, 348 mil passageiros foram transportados, em recuperação de uma operação que ficou praticamente parada em 2021 por causa da pandemia. A taxa de ocupação total da Gol foi de 80,1%.

A capacidade da Gol ainda não está 100% ao do pré-pandemia, mas cresceu. No quarto trimestre, chegou a 86% do que se tinha no fim de 2019. A companhia também tem buscado maior eficiência. O custo por assento-quilômetro ofertado (CASK) recorrente ficou 2% maior, em 35,35 centavos de reais. Houve um avanço de mais de 40% no custo do querosene de aviação. Se excluído o impacto de combustível, há queda de 17,04%, para 19,09 centavos de reais.

O lucro antes de juros e impostos (Ebit), que é o lucro operacional passou de um prejuízo de R$ 1,75 bilhão no quarto trimestre de 2021 para um lucro de R$ 631 milhões. O Ebitda recorrente da empresa foi de R$ 1,2 bilhão, com margem de 24,7%. No mesmo período do ano anterior, o indicador somou R$ 248,8 milhões e teve margem de 8,5%.

Como foi o resultado financeiro da Gol?

A despesa financeira da Gol diminuiu, apesar da maior pressão na linha de despesas com juros. A despesa financeira caiu 65%, para um resultado negativo de R$ 381 milhões. Os juros sobre empréstimos e financiamentos cresceu 52%, para R$ 731 milhões.

No último dia 3, a companhia emitiu US$ 1,4 bilhão de dólar em dívida com vencimento em 2028, numa colocação privada para o grupo Abra, seu controlador. Com isso, sua dívida foi reduzida em mais de US$ 100 milhões e aprojeção é de uma economia anual de US$ 30 milhões em pagamento de juros.

O que a Gol espera para 2023?

As projeções da Gol sinalizam que a empresa vai colocar o pé no freio nos investimentos, que vão passar de R$ 700 milhões para R$ 600 milhões. A empresa prevê gastar R$ 800 milhões em aquisições de aeronaves, e não mais R$ 1 bilhão. A expectativa é de receber 15 novas aeronaves em 2023, elevando para 53 aviões a sua frota de Boeing 737-Max 8.

Nesse cenário, a companhia passou a prever uma variação menor na oferta, passando de 20% a 25% para 15% a 20%. Com isso, a projeção de receita líquida diminuiu de R$ 20 bilhões para R$ 19,5 bilhões, mas a taxa de ocupação aumentou um ponto percentual para 81%. As margens Ebitda e Ebit mantiveram-se em 24% e 14%, respectivamente.