Daniel Cunha e Luiz Rizo, fundadores da BDR Asset: fundo Avarga redeu 330% em 24 meses (BDR Asset/Divulgação)
Repórter
Publicado em 12 de janeiro de 2024 às 11h26.
Última atualização em 12 de janeiro de 2024 às 13h28.
Uma gestora relativamente jovem tem chamado a atenção pela rentabilidade explosiva que tem alcançado: a BDR Asset. Criada em 2020 pelos egressos do banco Fator Luiz Rizo e Daniel Cunha, a gestora acumula um retorno de 330% nos últimos 24 meses em seu principal fundo multimercado, o Avarga.
A BDR Asset gere R$ 730 milhões espalhados em 24 fundos. O maior volume está na frente de wealth management. No entanto, é em seu fundo multimercados onde aglomera a maior quantidade de investidores. São pouco mais de 4 mil cotistas, cerca de oito vezes a quantidade do no início do ano passado.
A acessibilidade, com 0,2% de taxa de administração e 40% de performance sobre o que excede o CDI, coloca o fundo entre os mais baratos da indústria. Uma estratégia para atrair investidores sem um histórico longevo e a fama dos maiores gestores da indústria. "Esse é um mercado competitivo e ter um produto barato aumenta a probabilidade de sucesso na operação", afirma Luiz Rizo em entrevista à Exame Invest. Sua aplicação mínima é de apenas R$ 1 e liquidez é de seis dias úteis a partir do pedido de resgate.
Mas o principal marketing da BDR para atrair novos investidores é a rentabilidade. O grande aumento do número de cotistas começou no fim de 2022, ano em que o fundo fechou com retorno de 136,6%. Em quatro dos doze meses, a rentabilidade foi superior a 10% e só em um mês fechou no vermelho, com perda de míseros 0,16%. "Ficamos impressionados com a nossa própria capacidade de gerar valor naquele ano. A partir daí, tivemos que manter a cadência e o pragmatismo diário na hora de tomar decisões, o que nem sempre é fácil quando está ganhando", recorda Rizo. Manter a cabeça fria deu certo. Em 2023, com a confirmação do bom momento, o número de cotistas disparou de vez, com uma entrada mensal média de mais de 300 investidores. Isso tudo mesmo com os resgates bilionários da indústria de multimercados.
"A entrada está muito atrelada à rentabilidade. Em agosto, quando tivemos um mês negativo, essa quantidade chegou a cair e vieram questionamentos sobre se estaríamos entrando em um ciclo negativo", conta Rizzo. Ruim para quem saiu do fundo. Após três meses de perdas, o Avarga teve seu melhor desempenho do ano em novembro, com retorno de 36%. Em 2023, o fundo rendeu 82%.
As estratégias para tal rentabilidade foram em grande parte beneficiadas pela aposta de que o prêmio de risco fiscal no início de 2023 estava alto demais. "Estávamos com uma visão bastante construtiva e também vimos algumas assimetrias no shape da curva de juros, que foram posições bem técnicas." Na segunda metade do ano, o que mais contribuiu para o retorno foram as posições favoráveis a uma maior probabilidade de aceleração no ritmo de corte de juros no Brasil e de que o mercado passaria a precificar cortes mais cedo na taxa de juros americana.
"Atuamos apenas nos mercados de juros e moedas do Brasil e Estados Unidos. Em juros, operamos bastante a parte de inflação e em derivativos das políticas monetárias e, em moedas, atuamos mais em cupom cambial do que em apostas direcionais", explica Rizo.
A decisão de quais posições tomar é respaldada pela experiência dos gestores e por modelos de análise quantitativa. Essa ferramenta, formada por uma extensa base de dados, auxilia na previsão dos próximos passos dos bancos centrais, a decifrar as variações da inflação e a identificar oportunidades baseadas em fluxos de investimentos.
Embora a estratégia venha dando resultados nos últimos anos, nem sempre foi assim. Em 2021, seu primeiro ano, o fundo Avarga perdeu 60% de seu patrimônio. "Seria hipocrisia dizer que não foi um período difícil. Muita gente dizia para fecharmos o fundo e abrirmos outro. Mas sabíamos o que estávamos fazendo. O processo de tomada de decisão não mudou", afirma. Rizo relembra que, em certo momento, cerca de 80% do patrimônio do Avarga eram dos sócios e de amigos e familiares. Hoje, esse percentual corresponde a cerca de 40% dos R$ 12 milhões geridos pelo fundo. "Ainda é cedo para falar que demos certo. Há um longo caminho a ser trilhado. Mas já podemos dizer que não demos errado."
A volatilidade, explica Rizo, é uma marca do fundo, tanto para tornar as taxas mais baratas quanto para gerar grandes retornos em momentos de oportunidade. "Nossa volatilidade é perto de dez vezes maior que a média da indústria. Buscamos uma volatilidade anual perto de 40%, mas pode variar de acordo com o nosso nível de convicção." Nesse momento, por exemplo, o fundo está com uma volatilidade relativamente baixa, menor que 10% por, segundo Rizzo, as assimetrias estarem desfavoráveis no mercado.
Do lado brasileiro, afirma, reduziram as probabilidades de o Banco Central aumentar o ritmo da queda de juros para 0,75 ponto percentual. No americano, a BDR mantém a visão mais favorável a quedas de juros mais agressivas. Mas, dado que o mercado já está precificando uma chance alta de isso acontecer, o risco/retorno já não está tão atrativo. "Fatores que estavam pressionando uma postura mais expansionista do Federal Reserve já não estão tão claros. Então não vemos uma boa assimetria para esse jogo."