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Fim da seca? Presidente da CVM vê demanda represada para IPOs

João Pedro Nascimento defende que a autarquia vem pavimentando o caminho para a retomada de ofertas públicas iniciais

João Pedro Nascimento, presidente da CVM (Ismar Ingber/Divulgação)

João Pedro Nascimento, presidente da CVM (Ismar Ingber/Divulgação)

Beatriz Quesada
Beatriz Quesada

Repórter de Invest

Publicado em 20 de agosto de 2024 às 15h27.

Última atualização em 20 de agosto de 2024 às 16h18.

O mercado de capitais brasileiro enfrenta uma seca nas ofertas públicas iniciais de ações (IPOs, na sigla em inglês) que já dura quase três anos. Existe, no entanto, espaço para que a bolsa volte a ser atrativa. É o que defende João Pedro Nascimento, presidente da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), a “xerife” do mercado de capitais.

“Existe uma demanda represada para a temática dos IPOs e a maximização das ofertas subsequentes”, afirmou Nascimento em painel do Macro Day, evento realizado nesta terça-feira, 20, pelo BTG Pactual (do mesmo grupo de controle da EXAME).

A demanda, segundo o CEO, viria das empresas que já são abertas mas ainda não estão listadas na B3 para negociação de ações. Atualmente são 697 companhias registradas na CVM, mas apenas 415 negociam papéis na bolsa. “Se não houvesse interesse pelas ofertas não seria justificável que as companhias mantivessem o registro, com o ônus e o encargo de ser uma companhia aberta no Brasil.”

O mercado de IPOs passou por um boom em 2021, com 46 companhias abrindo o capital e movimentando R$ 65,67 bilhões – um recorde. No ano seguinte, o cenário macroeconômico sofreu uma tempestade perfeita: alta da inflação e dos juros, que tiraram a atratividade do mercado de capitais. 

De lá para cá a CVM vem reformando a casa para “pavimentar o caminho” para a retomada dos IPOs. Entre as principais mudanças do período, Nascimento destaca o combo aprovado em 2022 nas resoluções 160, 161 e 162, que simplificou e flexibilizou as regras para as ofertas públicas. Outra reforma aguardada pelo mercado foi a reformulação completa da indústria de fundos com a Resolução nº 175, que entrou em vigor em outubro do ano passado, com foco na autonomia do pequeno investidor.

Nenhuma delas, no entanto, é capaz de mudar o cenário econômico que segue desafiador para as empresas, com a Selic na casa dos dois dígitos, a 10,5% ao ano. Ainda assim, existe uma expectativa de mudança na avaliação de Fabio Nazari, sócio líder do BTG Pactual para mercado de capitais em renda variável. “Estamos vendo uma retomada lenta do mercado de ações. Com o arcabouço fiscal montado e uma taxa de juro mais adequada aqui [no Brasil] e lá fora, há chance de vermos um novo ciclo de pujança.”

Para além do cenário macro, Marcos Pinto, secretário de Reformas Econômicas do Ministério da Fazenda, destacou a importância das reformas microeconômicas para impulsionar a produtividade da economia, reduzindo o spread bancário e estimulando o crescimento do crédito em ambientes de taxas mais atrativas, como é o caso do mercado de capitais.

“Queremos trazer cada vez mais companhias para o mercado de capitais, para que elas se beneficiem do menor spread praticado. Queremos reduzir especialmente os custos para que as médias empresas acessem esse mercado”, afirmou.

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