Fibria supera Suzano na renda fixa com chance de upgrade
Com a superação, a empresa está convencendo o mercado de que merece uma classificação de risco inferior a da concorrente
Da Redação
Publicado em 12 de maio de 2011 às 18h58.
Nova York - A Fibria Celulose SA, que busca recuperar nota de crédito em grau de investimento, está convencendo o mercado de renda fixa de que merece uma classificação de risco melhor.
Segundo dados compilados pela Bloomberg, os títulos em dólar com vencimento em 2020 emitidos pela maior produtora mundial de celulose rendem 5,95 por cento, ou seis pontos-base a menos do que as notas de prazo similar da Suzano Papel & Celulose SA, que tem classificação de risco melhor. A Fibria tem nota Ba1, um nível abaixo do grau de investimento na escala da Moody’s Investors Service.
A dívida com prazo semelhante de empresas brasileiras com nota de crédito um nível superior, ou Baa3, rende em média 5,8 por cento. A Fibria está vendendo ativos e conseguindo financiamento na tentativa de recuperar o grau de investimento, depois de ter elevado sua dívida com a aquisição da Aracruz Celulose SA em 2009, o que levou a cortes na nota da empresa. A companhia obteve uma linha de crédito de US$ 800 milhões para fortalecer sua capacidade de enfrentar oscilações nos mercados financeiros e recebeu várias propostas por duas propriedades, disse o diretor financeiro, João Adalberto Elek, durante uma conferência com investidores ontem em Nova York.
“Esta é uma mensagem muito forte para as agências de classificação”, disse Elek. “Para uma companhia que tenta recuperar o grau de investimento, achamos que este é um passo importante.”
Os títulos da Fibria rendem 195 pontos-base, ou 1,95 ponto percentual, a mais do que a dívida de prazo similar do governo brasileiro. A diferença chegou a cair para 171 pontos-base no mês passado, a menor em registro, de acordo com dados compilados pela Bloomberg. A dívida soberana do Brasil tem nota Baa3 pela Moody’s. Títulos de empresas do setor mundial de papel com classificação abaixo do grau de investimento rendem 8,29 por cento, segundo dados do Bank of America Merrill Lynch.
Venda de ativos
A companhia foi formada em 2009, quando a Votorantim Celulose & Papel SA comprou a rival Aracruz Celulose, que havia perdido US$ 2,13 bilhões apostas erradas no mercado de derivativos cambiais. A dívida da Fibria disparou para quase R$ 15 bilhões com a aquisição, levando a Moody’s a cortar a nota de crédito da empresa em um nível, de Baa3 para Ba1 em abril de 2009.
A Fitch Ratings melhorou a classificação da Fibria em um nível para BB+ em março, após a empresa vender sua fatia de 50 por cento na Consórcio Paulista de Papel e Celulose para a Suzano por R$ 1,5 bilhão. A Fibria usou os recursos da operação -- que incluiu ativos de distribuição de papel -- para pagar dívidas.
Marcelo Castelli, que assume a presidência da Fibria em 1º de julho, disse ontem que a empresa recebeu ofertas sem compromisso pela fábrica de papel de Piracicaba e pelo projeto florestal Losango, dois dos últimos ativos que a companhia pretende vender. Elek disse que a Fibria planeja usar o dinheiro das vendas para reduzir a relação entre o endividamento líquido e o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização de 2,9 para até 2 vezes.
Apoio de investidores
“Os títulos já são negociados como muito próximos do grau de investimento, então isso mostra que há muito apoio dos investidores e que o mercado já espera que isso aconteça”, disse Jansen Moura, analista de títulos corporativos da BCP Securities no Rio de Janeiro, em entrevista por telefone.
Elek disse que a Fibria não tem planos de usar a linha de crédito obtida junto a 11 bancos, incluindo JPMorgan, Banco Santander SA e Deutsche Bank AG.
“Se a economia não for bem e os clientes adiarem pagamentos, as agências de classificação vão levar em conta essa linha rotativa”, disse Elek.
Reginaldo Takara, analista da Standard & Poor’s em São Paulo, disse que o novo crédito ficou “em linha” com as expectativas e que não deve levar a uma mudança na nota da Fibria. A companhia tem classificação BB pela S&P, dois níveis abaixo do grau de investimento.
“A Fibria é uma empresa que melhorou seu perfil financeiro muito rapidamente, mas hoje ainda tem alguns parâmetros de crédito agressivos”, disse Takara em entrevista por telefone. “Ainda estamos monitorando.”
A Fibria disse em 2 de maio que o lucro líquido trimestral subiu para R$ 387 milhões, contra R$ 8 milhões um ano antes. Uma pesquisa da Bloomberg com três analistas projetava lucro de R$ 177,7 milhões, excluindo alguns itens. A dívida bruta é de R$ 10,2 bilhões.
O rendimento dos títulos da Fibria recuou 85 pontos-base este ano, comparado a uma queda de 14 para os papéis da Suzano, de acordo com dados compilados pela Bloomberg.
As captações da Suzano são para investimentos em projetos e expansão, segundo a assessoria de imprensa da companhia.
Nova York - A Fibria Celulose SA, que busca recuperar nota de crédito em grau de investimento, está convencendo o mercado de renda fixa de que merece uma classificação de risco melhor.
Segundo dados compilados pela Bloomberg, os títulos em dólar com vencimento em 2020 emitidos pela maior produtora mundial de celulose rendem 5,95 por cento, ou seis pontos-base a menos do que as notas de prazo similar da Suzano Papel & Celulose SA, que tem classificação de risco melhor. A Fibria tem nota Ba1, um nível abaixo do grau de investimento na escala da Moody’s Investors Service.
A dívida com prazo semelhante de empresas brasileiras com nota de crédito um nível superior, ou Baa3, rende em média 5,8 por cento. A Fibria está vendendo ativos e conseguindo financiamento na tentativa de recuperar o grau de investimento, depois de ter elevado sua dívida com a aquisição da Aracruz Celulose SA em 2009, o que levou a cortes na nota da empresa. A companhia obteve uma linha de crédito de US$ 800 milhões para fortalecer sua capacidade de enfrentar oscilações nos mercados financeiros e recebeu várias propostas por duas propriedades, disse o diretor financeiro, João Adalberto Elek, durante uma conferência com investidores ontem em Nova York.
“Esta é uma mensagem muito forte para as agências de classificação”, disse Elek. “Para uma companhia que tenta recuperar o grau de investimento, achamos que este é um passo importante.”
Os títulos da Fibria rendem 195 pontos-base, ou 1,95 ponto percentual, a mais do que a dívida de prazo similar do governo brasileiro. A diferença chegou a cair para 171 pontos-base no mês passado, a menor em registro, de acordo com dados compilados pela Bloomberg. A dívida soberana do Brasil tem nota Baa3 pela Moody’s. Títulos de empresas do setor mundial de papel com classificação abaixo do grau de investimento rendem 8,29 por cento, segundo dados do Bank of America Merrill Lynch.
Venda de ativos
A companhia foi formada em 2009, quando a Votorantim Celulose & Papel SA comprou a rival Aracruz Celulose, que havia perdido US$ 2,13 bilhões apostas erradas no mercado de derivativos cambiais. A dívida da Fibria disparou para quase R$ 15 bilhões com a aquisição, levando a Moody’s a cortar a nota de crédito da empresa em um nível, de Baa3 para Ba1 em abril de 2009.
A Fitch Ratings melhorou a classificação da Fibria em um nível para BB+ em março, após a empresa vender sua fatia de 50 por cento na Consórcio Paulista de Papel e Celulose para a Suzano por R$ 1,5 bilhão. A Fibria usou os recursos da operação -- que incluiu ativos de distribuição de papel -- para pagar dívidas.
Marcelo Castelli, que assume a presidência da Fibria em 1º de julho, disse ontem que a empresa recebeu ofertas sem compromisso pela fábrica de papel de Piracicaba e pelo projeto florestal Losango, dois dos últimos ativos que a companhia pretende vender. Elek disse que a Fibria planeja usar o dinheiro das vendas para reduzir a relação entre o endividamento líquido e o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização de 2,9 para até 2 vezes.
Apoio de investidores
“Os títulos já são negociados como muito próximos do grau de investimento, então isso mostra que há muito apoio dos investidores e que o mercado já espera que isso aconteça”, disse Jansen Moura, analista de títulos corporativos da BCP Securities no Rio de Janeiro, em entrevista por telefone.
Elek disse que a Fibria não tem planos de usar a linha de crédito obtida junto a 11 bancos, incluindo JPMorgan, Banco Santander SA e Deutsche Bank AG.
“Se a economia não for bem e os clientes adiarem pagamentos, as agências de classificação vão levar em conta essa linha rotativa”, disse Elek.
Reginaldo Takara, analista da Standard & Poor’s em São Paulo, disse que o novo crédito ficou “em linha” com as expectativas e que não deve levar a uma mudança na nota da Fibria. A companhia tem classificação BB pela S&P, dois níveis abaixo do grau de investimento.
“A Fibria é uma empresa que melhorou seu perfil financeiro muito rapidamente, mas hoje ainda tem alguns parâmetros de crédito agressivos”, disse Takara em entrevista por telefone. “Ainda estamos monitorando.”
A Fibria disse em 2 de maio que o lucro líquido trimestral subiu para R$ 387 milhões, contra R$ 8 milhões um ano antes. Uma pesquisa da Bloomberg com três analistas projetava lucro de R$ 177,7 milhões, excluindo alguns itens. A dívida bruta é de R$ 10,2 bilhões.
O rendimento dos títulos da Fibria recuou 85 pontos-base este ano, comparado a uma queda de 14 para os papéis da Suzano, de acordo com dados compilados pela Bloomberg.
As captações da Suzano são para investimentos em projetos e expansão, segundo a assessoria de imprensa da companhia.