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Fed corta juros em 25 pontos-base um dia após as eleições dos EUA

Ritmo menor de redução já era esperado pelo mercado devido a dados robustos de setembro que mostram um mercado de trabalho ainda aquecido

Fed: na penúltima reunião do ano, Fomc corta juros em 25 pontos-base (Kevin Lamarque/Reuters)

Fed: na penúltima reunião do ano, Fomc corta juros em 25 pontos-base (Kevin Lamarque/Reuters)

Rebecca Crepaldi
Rebecca Crepaldi

Repórter de finanças

Publicado em 7 de novembro de 2024 às 16h03.

Última atualização em 7 de novembro de 2024 às 16h26.

Um dia após a vitória de Donald Trump nas eleições dos Estados Unidos, o Federal Reserve (Fed, o banco central americano) decidiu, de forma unânime, reduzir os juros americanos em 25 pontos-base (p.b.), no que foi a penúltima reunião do ano do Comitê de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês).

Com o corte, a taxa de referência dos EUA saiu da faixa de 4,75% a 5% para 4,50% a 4,75%.

O corte foi o segundo consecutivo e já estava precificado no mercado há tempos. Por enquanto, as eleições americanas não alteraram o rumo da política monetária. Mas isso não quer dizer que a nova organização política não afetará as decisões do Fed: 2025 ainda é um grande mar de incertezas.

Na atual reunião, o que pesou foram os dados. Apesar da inflação estar convergindo para a meta de 2%, com o Índice de Preço de Consumo Pessoal (PCE, na sigla em inglês) de setembro em 2,1%, dois fatores ainda preocupam o Fed: inflação de serviços alta e mercado de trabalho aquecido.

Em comunicado, o Fed afirma que os recentes dados sugerem que a atividade econômica continua a expandir-se em um ritmo sólido, apesar de reconhecer que as condições do mercado de trabalho se aliviaram desde o início do ano. Porém, enfatiza que a taxa de desemprego ainda permanece baixa e a inflação está um pouco elevada - apesar de ter se aproximado da meta.

A autoridade avalia que os riscos para alcançar suas metas de emprego e inflação estão razoavelmente equilibrados. Entretanto, aponta que "a perspectiva econômica é incerta, e o Comitê está atento aos riscos em ambos os lados de seu duplo mandato."

Dados mais robustos referentes a setembro, como o payroll, relatório ADP e Jolts, colaboram com a tese que a economia americana desacelera de forma mais lenta do que o previsto, o que não abre espaço para um corte maior por parte do Fed igual ao de setembro em 50 pontos-base.

Para Luis Cezário, economista-chefe da Asset 1, o comunicado do Fed foi neutro, com poucas alterações. "Em linha com o esperado. Mantiveram avaliação de que o mercado de trabalho está esfriando e que os riscos para as metas de inflação e pleno emprego estão balanceados."

Apesar de não citar a vitória de Donald Trump, Marcos Moreira, sócio da WMS Capital, acredita que o cenário descrito no comunicado com uma certa preocupação também leva em consideração um aumento na expectativa inflacionária com o republicano.

"Essa pressão inflacionária vem na esteira de um dos principais pontos levantados por Trump na corrida eleitoral: o discurso de corte de impostos. No curto prazo, isso pode aquecer mais ainda a economia, com uma queda de arrecadação e, consequentemente, um aumento do deficit público, que ja esta em níveis historicamente elevados."

No comunicado, o Fed também não se comprometeu com o tamanho do ciclo de cortes de juros e manteve uma postura ja adotada há bastante tempo, de dependência de dados futuros.

*Matéria em atualização

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