Os bancos aumentaram sua exposição vendida líquida em derivativos cambiais em 7,10%, para US$ 8,602 bilhões, no último dia 23 em relação à exposição registrada no dia 16 (Joe Raedle/Getty Images)
Da Redação
Publicado em 26 de novembro de 2012 às 13h12.
São Paulo - O salto do dólar do patamar de R$ 2,080 no dia 16 para até uma máxima intraday de R$ 2,117 no mercado à vista de balcão na última sexta-feira (23) foi sustentado por ajustes de posições em derivativos cambiais.
Ao analisar separadamente os números de cada derivativo cambial disponíveis no site da BM&FBovespa é possível notar ainda que a mudança líquida de exposições foi provocada, principalmente, por alterações nas apostas no mercado de dólar futuro.
Ao analisar o dado global, é possível afirmar que, para atender à demanda dos demais agentes do mercado, os bancos aumentaram sua exposição vendida líquida em derivativos cambiais (cupom cambial-DDI e dólar futuro) em 7,10%, para US$ 8,602 bilhões, no último dia 23 em relação à exposição registrada no dia 16.
De outro lado, os fundos de investimento elevaram em 3,54% sua exposição comprada líquida nesses contratos de derivativos cambiais, para US$ 12,409 bilhões, na mesma base de comparação, enquanto os players estrangeiros reduziram sua posição vendida líquida em 8,62%, para US$ 4,199 bilhões.
Essa movimentação revela ainda que a maior mudança de apostas ocorreu no dólar futuro. Na sexta-feira passada, a posição vendida líquida dos bancos em dólar futuro aumentou 52,75%, para US$ 4,296 bilhões (85.936 contratos), em relação a exposição do dia 16.
No caso dos fundos de investimento, houve aumento de 34,69% na exposição comprada líquida em dólar futuro, para US$ 5,280 bilhões (105.616 contratos), no mesmo período de comparação. Já os investidores não-residentes reduziram em 22,32% sua exposição vendida neste derivativo, para US$ 1,295 bilhão (25.900 contratos).
Entre as razões apontadas, além das incertezas no exterior com a Grécia e com um possível "abismo fiscal" nos Estados Unidos no começo de 2013, os agentes do mercado destacaram o interesse em testar a tolerância do Banco Central em relação à desvalorização do real.
O mercado forçou a alta do dólar a fim de obter uma sinalização do Banco Central sobre qual patamar de preço poderia ser aceito como um eventual novo teto informal da moeda, sem riscos para o controle da inflação. "Aparentemente, esse limite seria os R$ 2,12", apostou o vice-presidente de Tesouraria do banco WestLB, Ures Folchini, referindo-se à cotação máxima registrada pelo dólar para dezembro de 2012 na sexta-feira passada e que levou o Banco Central a fazer um leilão de swap cambial - equivalente à venda de dólar no mercado futuro.
Após essa intervenção, o dólar passou a cair e encerrou na sexta-feira passada em R$ 2,0830 no mercado à vista e a R$ 2,0840 no contrato para dezembro de 2012.