Mercados

Expectativa segue positiva para ações de bancos, apesar do cenário macro

De uma forma geral, todos os setores aguardam incentivos via equipe econômica do ministro Paulo Guedes

Bolsa de valores: mercado financeiro está menos pessimista sobre o desempenho do Ibovespa na semana que vem (iStock/Abril Branded Content)

Bolsa de valores: mercado financeiro está menos pessimista sobre o desempenho do Ibovespa na semana que vem (iStock/Abril Branded Content)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 25 de maio de 2019 às 11h41.

São Paulo - A fraqueza recente da economia não deve afetar o desempenho das ações dos bancos na Bolsa. A previsão é de que as instituições devem seguir apresentando taxas de crescimento e inadimplência sob controle. Segundo profissionais consultados, o problema deve ser secundário para as ações, que tendem a reagir positivamente às reformas, em especial à Previdência.

Para o estrategista de pessoa física da Santander Corretora, Ricardo Peretti, a visão continua positiva para o setor. No geral, a combinação de despesas abaixo da inflação, spreads estáveis e inadimplência sob controle permitirão uma expansão média de 17% ao ano do lucro por ação dos bancos brasileiros em 2019. "Quanto à recente desaceleração da economia doméstica, acreditamos que o guidance (meta) dos bancos para este ano já contemplava um cenário mais conservador para 2019, o que mantém as nossas expectativas otimistas ainda válidas para o restante do ano", afirma.

O economista-chefe do Modalmais, Alvaro Bandeira, avalia que os maiores bancos privados estão bem adaptados ao cenário econômico. E caso a reforma da Previdência saia com maior celeridade e profundidade, acrescenta, pode-se projetar aceleração no último trimestre de 2019 e para o próximo ano. "Situamos o setor bancário privado como boa alternativa conservadora de aplicação", diz.

Felipe Silveira, da Coinvalores, também destaca a importância das reformas. O profissional vê a questão do crescimento mais fraco no curto prazo como secundária para os papéis dos bancos em relação à importância da aprovação das reformas. "Se a proposta caminhar como esperado, os bancos devem responder positivamente por conta do impacto disso no crescimento de médio e longo prazo da economia", explica.

De uma forma geral, todos os setores aguardam incentivos via equipe econômica do ministro Paulo Guedes e também que o Banco Central utilize instrumentos para melhorar a percepção de risco e incentivar a tomada de crédito. "Alguns caminhos possíveis estão na mesa como o caso da possibilidade de redução na Selic e o BC cortando compulsório bancário na ordem de R$ 8 bilhões com a ideia central em estimular a atividade interna", destaca o analista de investimentos da Terra, Régis Chinchila.

O analista André Ferreira da MyCAP diz que mesmo com a indefinição política e econômica, o setor mantém o viés positivo para médio e longo prazo. "Dada a expectativa de menor crescimento do crédito, os bancos buscam nesse momento o redimensionamento e melhor gerenciamento de risco para suportar o investimento no cenário atual", lembra.

O analista Victor Luiz de Figueiredo Martins da Planner avalia que os resultados do primeiro trimestre vieram acima ou dentro do esperado, o que gera uma base de comparação forte. Ele cita que os quatro maiores bancos com ações na B3 (Itaú, Bradesco, BB e Santander) o lucro consolidado cresceu 20% em relação a igual trimestre do ano passado.

Pedro Galdi, da Mirae Asset, acredita que a economia deva ser destravada ao longo do segundo semestre oferecendo grande oportunidade de crescimento de carteiras de crédito.

"Seguimos otimistas e destacamos a capacidade do setor em se ajustar de forma rápida às mudanças da conjuntura econômica do País", afirma.

Termômetro

Após melhora expressiva nas expectativas para a aprovação da reforma da Previdência nos últimos dias, o mercado financeiro está menos pessimista sobre o desempenho do Ibovespa na semana que vem, mostra o Termômetro Broadcast Bolsa.

A pesquisa tem por objetivo captar o sentimento de operadores, analistas e gestores para o comportamento do índice na semana seguinte.

Entre 31 participantes, os que esperam que a próxima semana será de ganhos representam 48,39% do total e os que esperam queda, 19,35%. No último Termômetro, as expectativas para o índice nesta semana eram de alta para 40,63% e de baixa para 43,75%. Na atual pesquisa, a previsão é de estabilidade para 32,26%, ante 15,63% na semana passada. A Bolsa acumulou avanço de 4% nesta semana.

Na agenda doméstica, o destaque é a divulgação do PIB do primeiro trimestre, para o qual a expectativa do mercado é de um número negativo a partir da sinalização ruim vinda dos dados da indústria, serviços e do mercado de trabalho.

No exterior, não haverá negócios nos Estados Unidos na segunda-feira em função do feriado do Memorial Day. Na quinta-feira, será divulgada a segunda leitura do PIB norte-americano do primeiro trimestre e, na sexta-feira, a agenda traz o índice de preços dos gastos com consumos (PCE, na sigla em inglês), medida preferida de inflação do Federal Reserve (banco central americano), referente a abril. Na China, será conhecido o índice dos gerentes de compra (PMI, na sigla em inglês) de maio.

Na Europa, o resultado das eleições ao Parlamento Europeu, que terminam hoje, deve ser conhecido já na segunda. E, do mesmo modo, o Reino Unido está no foco. "Com o anúncio de renúncia de Theresa May em junho, as atenções se voltam para a indicação do novo primeiro-ministro e as consequências para o Brexit", afirma o Bradesco.

Acompanhe tudo sobre:Bancosbolsas-de-valoresReforma da Previdência

Mais de Mercados

BTG vê "ventos favoráveis" e volta recomendar compra da Klabin; ações sobem

Ibovespa fecha em queda e dólar bate R$ 5,81 após cancelamento de reunião sobre pacote fiscal

Donald Trump Jr. aposta na economia conservadora com novo fundo de investimento

Unilever desiste de vender divisão de sorvetes para fundos e aposta em spin-off